quinta-feira, dezembro 29, 2005

Vamos Deixar a Saudade Apertar

Aqueles dias já se foram
Mas 'inda tenho teu gosto na boca
As tardes de abraços
O vento no rosto
Sorrisos gostosos
A mão no pescoço
O cheiro
Que lembro ao passar por aí
Encontrando alguém que me lembra de ti
Fazendo da vida um retrato passado
No estanque das brigas
As mágoas passadas
Mas te desejo
Como sempre foi, aqui dentro do peito

Deixa a saudade apertar
Porque na superfície o mar é bravio
Mas lá no fundo as águas são calmas
Vamos deixar o tempo passar
Pra que te encontre mais tarde
E quando apertar a saudade
Não vai haver bobagem pra nos separar

Deixa a saudade apertar
Que lá na frente o sorriso virá
E no telefone a tua voz, chamando meu nome, dirá:

Venha cá, meu amor
Porque não suporto mais o calor
Do desejo de mim por você
Venha já que meu corpo é só pressa
Venha logo que a angústia não espera
Que meu suor quer lavar tuas mãos
Que hoje eu quero ser tudo
Ser teto, ser chão
Hoje eu quero acabar com a minha tristeza
Essa dor só tu podes curar

Vamos deixar a saudade apertar



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sexta-feira, dezembro 23, 2005

Planos e Revisões

Parabéns, mãe! (hoje é aniversário dela)

Ahan... Começando...
No início desse ano eu decidi voltar a estudar música, dessa vez muito seriamente. Queria até o final do ano ter o meu home studio completo, pra produzir algumas canções e me divertir um pouco. Esse foi o objetivo principal de 2006. Ao final do ano, aí vai o setup que montei:

- Aproximadamente 20 livros sobre música, entre songbooks, história e teoria musical
- Contrabaixo Fender Jazz Bass 73 Japonês
- Amplificador Hartke 140W para Contrabaixo
- Pandeiro Contemporânea de couro Série Ouro
- Bongô duplo Bauer
- Violão Yamaha C70
- Teclado Midi PCR M80 Edirol
- Placa de som MAudio Audiophile Firewire
- Caixas digitais monitoras de studio Roland DM-20
- Fone digital AKG K240S

Na prática, eu ainda não sei mexer muito bem no teclado nem na placa de som. Mas as férias estão aí pra isso. O programa escolhido foi o Cubase, com o qual já tenho um contato - tímido ainda, mas tenho.

Meu set de músicas por enquanto incluem apenas violão e contrabaixo. Têm aproximadamente 15 clássicos da música brasileira, entre Tom Jobim, Vinícius de Moraes e Chico Buarque. Escutei muita música eletrônica - fusion, acid jazz, chillout, lounge... Tudo pra tentar entender como o computador se encaixa no som.

Fora isso, também queria melhorar minha qualidade de vida. Com a oportunidade de trabalhar num dos laboratórios da minha faculdade, tive a chance de estar em um projeto comercial com um ambiente de produção semi-acadêmico. Temos tempo para desenvolver software de qualidade e estudar novas tecnologias. Até agora, foi 1 ano trabalhando em uma área totalmente nova pra mim, como consultor.

Em Dezembro, me mudei pra Gávea. Morando em uma república novamente eu não preciso cuidar dos pormenores de um apartamento, e ainda há mais gente por lá. Estarei aqui 24hrs por dia, o que otimiza totalmente meu tempo. Uma bicicleta foi tudo o que precisei pra cuidar do meu tempo e do meu corpo. E por falar em corpo, entrei em um grupo de Capoeira, onde posso exercitar meu senso de ritmo, condicionar minha voz, ter contato com diversas pessoas e cuidar muito mais da minha forma. Em 2006, quero ficar "saradããão" e fazer muitas cambalhotas!

Abri minha própria empresa no início do ano. Isto significa que eu posso contratar pessoas e criar empreendimentos na área de Informática. Desenvolvi algumas idéias e projetos que serão implantados em 2006. Apresentei alguns dos trabalhos em eventos da faculdade. Encontrei alguns possíveis parceiros, e até firmei três sociedades promissoras para o próximo ano. A primeira começa de fato em Janeiro.

O coração, no entanto, tirou um tempo pra descansar, depois de algumas tempestades no ano anterior. Agora, eu tou pronto pra outra. ;D

No ano passado eu fui recusado para uma bolsa de intercâmbio na Espanha, por ter um currículo pouco acadêmico e mais mercadológico. Quando soube, eu disse que o plano B (ficar no Brasil) teria que ser melhor do que o plano A. Não tenho dúvidas de que isso aconteceu realmente. Por ironia do destino, estou com uma proposta de emprego mais do que certa pra trabalhar na Espanha. Mas dessa vez, isso vai ter que esperar. Tenho mais ou menos até Março ou Abril pra decidir. Se 2006 começar bem com meus planos atuais, será perfeito, e irei pra Espanha só pra passear. Do contrário, eu vou ter que fazer meu 2006 lá na Europa mesmo.

A propósito, 2006 é o ano da minha formatura! Aleluia!

Concluo que seja bem possível planejar e executar. As coisas não andam muito bem nos trilhos, mas se você tiver rédeas firmes, vai conseguir chegar em momentos áureos. Tem gente que se orgulha de dizer que as coisas estão difíceis, e que vai vencendo as dificuldades como pode. Mas eu sou um sem-vergonha mesmo: minha vida tá muito boa, e daqui eu só quero que melhore. Se puder continuar, beleza. Do contrário, vamos ter que executar o plano B, não é?? rs...

Graças a Deus, e boas festas a todos!

terça-feira, dezembro 20, 2005

2006, Ano do Risco

Em 2006, vocês talvez ouçam falar de algumas coisas como Sportmetrics, Teiaviva, Podoclínica ou outras mais confidenciais...

É começar, é começar...

terça-feira, dezembro 13, 2005

Seguros

Você paga seguros? O que acha que acontece quando todos pagam seguros? Os riscos ocorreriam mais ou menos?

Não seria prudente para um corrupto que, se fosse dono de uma seguradora, conseguisse que os riscos acontecessem com freqüência razoável, para que sua empresa conseguisse mais clientes?

Por exemplo: seria conveniente que quadrilhas de roubos de carros estivessem associadas com seguradoras de automóveis? Será que isso já não acontece?

O seguro de um carro, anualmente, nas melhores condições, é de 1/3 do valor do automóvel. Em um ano, para um número de, digamos, 100 clientes, suponhamos que haja o roubo de 10 automóveis. 30 clientes pagam os 10 carros roubados, os outros 70 dão lucro bruto. Seria possível até pagar para uma quadrilha roubar carros que não fossem de sua seguradora, para conseguir peças sobressalentes, e para garantir que mais pessoas contratassem seguros.

É claro que os resultados financeiros são, na verdade, muito melhores do que estes. Great business!

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Teiaviva

Durante minha apresentação, suas palavras foram:
"Nossa, ele fala tão bem sobre seu projeto... Parece que sai mesmo de dentro dele!"

Pois é. Saiu mesmo. Resta as pessoas captarem a idéia. Gostaria que um dia isso transformasse o mundo. Mas por enquanto é só pretensão.

O poder da computação é formidável. Mas as pessoas ainda não se ligaram em como pode ser formidável de verdade. Não se trata de fazer o Windows, ou o Linux. Trata-se de fazer o que as pessoas precisam para melhorar suas vidas de forma realmente significativa. Trata-se de criar algo que faça todos dizerem: "como eu vivi sem isso até hoje?".

Computação para o bem.

sexta-feira, dezembro 02, 2005

Um Bom Bocado

Senhoras e senhores, com vocês:
The Anonimous Blogger.

Leiam, e deleitem-se.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Acontecimentos

Há as coisas que queremos que aconteçam,
Há aquelas que, se acontecerem, legal
Há aquelas que você nem quer, mas acabam acontecendo
E umas outras que infelizmente acontecem

Então, diga: qual dos acontecimentos
Lhe foram acometidos ultimamente?
E com que freqüência as surpresas lhe ocorrem?

sexta-feira, novembro 25, 2005

O Problema da Soma Zero

A gente tem o costume de achar que, no mundo, se um ganha, tem outro perdendo. Então, pra alguém ganhar muito dinheiro, outra pessoa tem que perder muito dinheiro. Ou, várias outras perdem dinheiro. Menos, mas perdem.

Então, leia este artigo. Achei interessante. Ele justifica um pensamento que tenho tido esses dias. Acho que o mundo vai entrar numa maré de produtividade muito grande, mas isso é assunto pra depois.

Ontem de manhã aconteceu uma historinha que ilustra um pouco esse artigo:

Fui a duas lojas de artigos esportivos, no shopping. Queria comprar uma calça de taktel para começar minhas aulas de capoeira - agora vocês entenderam porque choveu ontém, não é?? Pois bem. Nas duas lojinhas, que não deviam medir mais do que trinta metros quadrados, fui recebido com a frase "senhor, temos apenas esta calça da Adidas, que custa R$130,00". Experimentei exatamente a mesma calça nas duas lojas, com o mesmo preço abusivo. Cento e trinta Reais! Que isso?! Taktel de ouro?! Ainda saí com a certeza de que a Adidas não se preocupa comigo, já que as calças não serviram. Dane-se, não ia gastar essa grana mesmo, nem que na calça viesse escrito "Rodrigo, o gostosão".

Sabe pra onde fui depois? Pra Leader! Me senti num palácio! Todas aquelas roupas, e um monte de beldades andando pra lá e pra cá (mulheres de meia idade acompanhadas de seus filhos, diga-se de passagem). Lá, atrás de um painel cheio de carrinhos Hot Wheels, havia uma seção de roupas esportivas, escondida. Saí de lá com todo o kit "saradão de academia": duas calças de taktel e três blusas dry fit, tudo por felizes R$88,00! Eu praticamente refiz meu guarda-roupa por muito menos! Não sei mais onde guardar tanta roupa pra capoeira!

Uma calça como a da Adidas deve mesmo custar cento e trinta, né? Afinal, tem que justificar as campanhas milionárias de marketing. E pra cortar custos, barateia-se a fabricação das peças, que acabam virando produtos de péssima qualidade.

O consumidor inteligente acaba indo pra uma loja "povão" e compra quantas peças quiser, de excelente qualidade. Essas roupas da Leader têm a habilidade de não te deixar gastar mais do que cem Reais, não importa quantas peças você compre.

Se eu fosse a Adidas, forneceria as mesmas calças pra Leader também. Baixava o preço das peças e mudava a cor, só pra disfarçar... Não sei não, mas tenho a impressão de que ganhariam mais, hein?

Tou pensando até agora: será que a calça custava cento e trinta por causa do zíper na bainha? Aquele zíper de tornozelo era muito útil mesmo...

segunda-feira, novembro 21, 2005

Desperdício e Saturação

Às onze e meia da manhã de Segunda Feira, eu podia ver de onde estava, em um ponto de ônibus, o total de 30 táxis contados, na esquina da Praia de Botafogo com a Rua São Clemente. Estavam lá, na minha frente, lotando a rua, todos ao mesmo tempo, com o trânsito engarrafado - de táxis.

Preciso dizer que a maioria deles estava vazia??

Fácil entender porque as pessoas dizem "os dias estão difíceis": todo mundo quer fazer a mesma coisa, sempre.

segunda-feira, novembro 14, 2005

Sugestão de Leitura - Erradicando a Pobreza

Só uma sugestão de leitura para os interessados: Riqueza na Base da Pirâmide, de C.K. Prahalad. O livro explora o assunto através de estudos de caso, citando empresas do mundo inteiro, como a Cemex e as Casas Bahia.

Erradicando a pobreza com o lucro. Isso é capitalismo humano. Pra quem acha que é exploração das camadas mais baixas, faça o favor de ler o livro.

Quando entro no metrô Segunda de manhã e percebo que estou indo na direção contrária à da massa de gente, tenho a sensação de estar imerso em um mar de oportunidades ignoradas pela maioria.


sexta-feira, novembro 11, 2005

Micareta

As pessoas, cada vez mais feridas
Caem na folia
Beijam todos aqueles que detestam
E tornam-se um deles
Dançando todo o inferno que repudiam


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quinta-feira, novembro 10, 2005

Pena




Não sou muito mais bruto do que costumava ser
Só não perco mais meu tempo com afetos desentendidos
Mas se me abrir a janela, vou ofuscar meus olhos
Vendo aquela antiga luz entrar

Procuro entender tudo diferente dos outros
Tudo pra me ajustar, feito um esquizofrênico
Vejo a realidade que me sara da maneira que me convém

Não me diga que estou errado
Porque há muitas outras coisas boas
Que advém deste meu novo modo
Apenas perceba que não há outra maneira
Pois a praxis me tornou esta nova pessoa que conhece

O mundo vai se dar, girar e girar, e eu sempre serei puxado
Para dentro deste ralo
Somente por isso, preciso nadar.


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Carinhoso (Pixinguinha e João de Barro)

Meu coração
Não sei porque
Bate feliz, quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim, foges de mim

Ah! Se tu soubesses
Como sou tão carinhoso
E muito e muito que te quero
E como é sincero o meu amor
Eu sei que tu não fugirias mais de mim

Vem, vem, vem, vem
Vem sentir o calor
Dos lábios meus
À procura dos teus
Vem matar esta paixão
Que me devora o coração
E só assim então
Serei feliz, bem feliz


Dessa eu gosto ;)

quarta-feira, outubro 26, 2005

Fala do Futuro (Poesia Argumentativa)

O futuro da propriedade é o aluguel.
Só haverá dois papéis: o dos locatários e o dos administradores.

Ser chamado "dono" talvez se torne até ofensa.
Quando os capitalistas se tocarem, ficarão perplexos ao pensar que o significado estava lá o tempo todo: "Ativo".

O futuro do governo é a transparência.
O dia em que houver gente com peito pra colocar um mural pro mundo ver as contas de seus líderes, essa pessoa verá seu país crescer despido.
Será tão vergonhoso lembrar da corrupção de hoje como nos é vergonhoso lembrar que sarna já foi mal comum entre os nobres de outrora.

O futuro da compra é a gratuidade.
Os custos estão cada vez mais baixos, e a produtividade, cada vez mais alta.
A concorrência, cada vez maior.
Isso é trabalho redundante.
Trabalho redundante em excesso é ineficiência.
Por isso, perdas.
Por isso, desempregos.
Por isso, recessão.
Se você acha que isso contradiz a primeira estrofe, é porque provavelmente partiu do bom e velho princípio: "Dinheiro".

O futuro da família são pais descasados, dividindo um teto e criando filhos como amigos, recebendo a visita de seus namorados.

O futuro do amor é a extinção do egoísmo.
Tanto daquele advindo do medo de se dar, quanto daquele advindo da vontade de se ter.

O futuro da desconfiança é a libertação.
Não é natural andar por aí achando que os outros não prestam, quando só você não percebe:

Quem não presta está no espelho.

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sábado, outubro 22, 2005

Com Mil Perdões Ao Termo, Mas...

Foda-se o seu conto de fadas.

-- Só assim mesmo pra tratar alguns assuntos.

quinta-feira, outubro 20, 2005

Domingo Tem Referendo

Sobre o Referendo, quero comentar isso:
1 - Estou surpreso de terem perguntado pro Brasil inteiro. Pra outras coisas muito mais importantes o Governo nem dá notícia...
2 - Voto "não", simplesmente porque é a idiotice máxima me dizerem que isso resolve parte substancial da violência no país. É, jogo lenha na fogueira mesmo.
3 - Se ganhar o "não", mais pessoas vão querer saber como fazem pra ter uma arma. Seria melhor nem ter perguntado. Bom, live and let die.
4 - Dane-se a mídia com sua mania de mostrar os últimos casos de civis armados. Por que não mostra os últimos casos de solidariedade? Talvez as pessoas se motivem a praticá-la também.

Quero saber três coisas sobre isso:
1 - Quem é que ganha se o "sim" ganhar? E quanto ganha?
2 - Quem é que ganha se o "não" ganhar? E quanto ganha?
3 - Que dois grupos são esses, que conseguem combater um ao outro a ponto de levantar um país de 160 milhões de habitantes pra votar sobre o livre comércio de armas?

Quem responder certo ganha uma bala!

Sinto cheiro de corrupção no ar...

sexta-feira, outubro 14, 2005

Temas

Se você não tem um tema, pode esquecer o resto.

sexta-feira, outubro 07, 2005

Frases Inúteis

Frases sem muito sentido:
Se tem uma idéia para mudar o mundo, não a realize em segundo plano
O dinheiro sempre sai do bolso de quem paga a conta...
Dos pais são seus filhos.

sábado, outubro 01, 2005

Lar

Naquele lugar
Que resolvi chamar
Realidade

Somos felizes juntos
E posso abraçá-la
Sentindo-nos
Como se fôssemos um

Não há nada de mais
Além de alegria
E encanto

Naquele lugar
Que resolvi chamar
Felicidade

Há tanto sorrir e tanto
Que O realizei um dia

Naquele lugar
Que resolvi chamar
Verdade

É onde resolvi te amar
Nesse lugar, onde estou
Sempre que fecho os olhos
E te confundo
Eu não sei se você é sonho

Os verídicos fatos
Deste sonho que vivo
Não é metade do bem
Daquilo que vivemos por lá

Naquele lugar
Pra onde resolvi lhe chamar
Você veio, e assim aqui ficou

Daquele lugar
Que resolvi chamar
Meus bracos

Você não quis sair
Se negou a dizer adeus

Daquele lugar
Que resolvi chamar
Nosso Lar

Você partilha o mesmo mundo
Você me olha com os olhos de sempre
Você me vê em meus olhos
Você talvez até se veja nos meus olhos
Onde eu sempre vejo você

Se haverá vida
Depois deste sonho ruim
Quero ir pra lá, onde é céu pra mim,
Onde fizemos a escolha certa,
E, mesmo que me esqueçam por aqui,
Perdurar

Naquele lugar
Que resolvi dedicar
A você

Eu te amo


Lirismo pouco isso que trato por amor.
E agora, cadê você que não está aqui comigo?

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quarta-feira, setembro 28, 2005

Olhos Vêem

Olhos podem somente ver
O que somente olhos podem ver

A boca por impulso fala
Mas somente quem no momento certo cala
Contribui com a afável convivencia

Você e eu,
Provando o estreito laço da união
Assim, diferentes, tornamo-nos imprevisiveis
Dizendo coisas obvias às vezes

Me entrego, e quero continuar
Como preciso do ócio
Porque o ócio me precisa
Como preciso do amor
Porque o amor me precisa
Como preciso do mundo
Porque o cotidiano me precisa
Como preciso cortar a rotina:
Porque tudo isto me precisa

Como me falta o chão
Como me falta o zelo
Zelo que fala ao mundo
Para que não seja esquecido
Os olhos não vêem isto

Não vemos a intenção dos atos
Mas pressentimos pela intuição ignorada
Que algo pode não estar certo

Estamos surdos
para o que dizemos a nós mesmos
Deixando que a obsolescência nos imprima
Um mesmo quadro
Para todas as estampas do contínuo tempo



Hoje é Quarta-Feira, e minha bateria já está acabando...

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domingo, setembro 25, 2005

Nokia Trends

São 6 da manhã. Acabo de chegar do Nokia Trends, e o evento foi um barato. Cansado, tranco a porta, chego ao meu computador, me conecto à Internet. Ele devia estar 24 horas online, mas algo acontece no meu Sistema Operacional - a conexão cai depois de algum tempo. Chega desse assunto, só quero escrever um pouco. Ligo o Winamp: Chet Baker, My Ideal. Melancolicamente, inicio uma redação sobre esse momento. Faz tempo que não deixo isso aqui com cara de diário. Ouço a música suave, e depois de todas aquelas batidas eletrônicas, era realmente o que eu precisava. Uma vassoura nos pratos de ataque, um contrabaixo acústico, um vocal sussurrado e, é claro, um trompete. Conheci umas pessoas legais ontem, e encontrei com dois amigos meus já de longa data. Dancei a noite toda, mas fiz a besteira de não ter almoçado, nem jantado. Dá pra imaginar a fome que tou sentindo...

Antes de ir à festa, fui à casa de um outro amigo, que casou há pouco tempo. Reuniãozinha regada a War, Procurando Nemo e O Último Samurai. Havia também os que jogavam poker, com apostas simbólicas de no máximo, 1 Real. Como não sou chegado ao carteado - e a partida de War viria depois - resolvi assistir a um pedaço do filme.

Essa noite não teve moral alguma. Ainda não tirei uma lição de nada que vivi nela. Mas estive com pessoas muito queridas, daquelas que só eventos como festas podem reunir. Passando por Deep In a Dream of You, entre outras músicas do Chet, lembro que não levava nada pra ler durante as viagens de ônibus de um lugar ao outro. Mania pra ocupar o tempo, mas penso ser uma boa mania. Como estava sem mochila, tive que dormir durante as viagens (justamente porque fiquei sem ter o que ler).

Variei de ambiente familiar a um ambiente NADA familiar. É realmente um choque de climas. Essa crônica não teve motivo algum, era só pra escrever um pouco. 6:27 da manhã, e acabo de reparar na camisa que vesti:

"Eu não ando só, só ando em boa companhia." - Vinícius de Moraes, no poema Para Viver Um Grande Amor.

E lembro de outra frase, que já coloquei por aqui:

"Tudo isso não adianta nada
Se nessa selva escura e desvairada
Não se souber achar a grande amada
Para viver um grande amor."

E antes que alguém pergunte novamente: não, eu não estou apaixonado.

quinta-feira, setembro 22, 2005

Ela Passou

Era tão linda, mas tão linda,
Que eu levei um susto
No sentido mais divino possível.

Certamente, também no mais efêmero.



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domingo, setembro 18, 2005

Mercados BOP

Sabe o que são mercados BOP?
Significa Bottom-Of-the-Piramid. Ou seja, os mercados vigentes nas comunidades pobres. Você não sabia que isso tinha uma terminologia no mundo dos negócios? Eu também não.

Pois então. Leiam abaixo:
Crescimento da receita. Crescer é um desafio importante para qualquer empresa. Hoje, porém, é especialmente vital para as muito grandes, cujos mercados atuais em muitos casos parecem próximos da saturação. Daí mercados BOP (Bottom Of the Piramid) representarem tamanha oportunidade para multinacionais: são, basicamente, novas fontes de crescimento. E uma vez que o desenvolvimento econômico nesses mercados está nos estágios iniciais, o crescimento ali pode ser extremamente exagerado.

Este artigo é considerado um clássico. Foi publicado na Harvard Business Review originalmente em 2002, e republicado em Agosto, numa edição especial sobre Responsabilidade Social.

Também pode ser baixado este artigo correlato , no site do Programa de Desenvolvimento para as Nações Unidas.

65% das pessoas do globo fazem parte do BOP, vivendo com menos de 2000 dólares anuais. Como seria se essas pessoas pudessem comprar mais?

Já havia falado sobre isso antes, mas não sob essa terminologia. Não tenho a autoridade de economistas de formação, tampouco da voz de organizações tão relevantes. É bacana descobrir que não sou o único com essa idéia maluca...

Isso tudo soa poético demais pra você?

segunda-feira, setembro 12, 2005

Estatísticas

Sabe aqueles carros que vemos por aí com a porta mal fechada?
Você já viu alguma dessas portas abrirem?

O que deve causar mais acidentes: as portas que se abrem de vez ou as pessoas que se distraem ao tentar avisar sobre o perigo de estas portas abrirem?

quinta-feira, setembro 08, 2005

Sem Vida

As pessoas não acreditam, e por isso não dá certo
Há muita resistência, e por isso não dá certo
A maior barreira é a descrença
Seja insistente, e o mundo vai embarcar na mesma loucura

Pessoas que não aprendem a andar
Pássaros que não aprendem a voar
Peixes que não aprendem a nadar
Plantas que não sabem respirar

Amantes que não amam
Lutadores que não lutam
Reis que não reinam
Servos que não prestam

Os rebanhos de gente são atores sem papéis
Autores sem histórias
Jogados no fundo do cenário, imaginação engavetada
Produzem e elegem eles mesmos seus heróis
Ejetados da consciência coletiva
Erupcionados na acne da adolescência e rebeldia

Seguir causas sem questionar
Praticar sem entender
Lembrar e não saber por quê
Sua biografia: milhões de páginas em branco

Disso é feito o mundo:
Alguns pastores de gente nos dizem o que fazer
Com sua memória milenar e restrita
Por isso amamos
Por isso lutamos
Por isso reinamos sob a insistência dos líderes
E a persistência dos que gritam incessantemente

Condicionar, lobotomizar, censurar
Livre, o pensamento aproveita e foge das cabeças do povo
Povo, um monstro esfomeado, guloso e ganancioso,
Com milhares de olhos e a metade disso em bocas esganadas
E se não fosse ordenhável, minerável, aproveitável,
Seria perfeitamente exterminável.

Ninguém sabe o porquê
Ninguém busca o porquê
Todos roem seus ossos contentes e rangem seus dentes
E enquanto não terminam, sabe-se
Não haverá o que pensar

O anterior passou, não existe mais
O próximo, quem sabe o que será?
Eu ou você, o próximo a partir
Não nos preocupamos
Nem com a nossa imortalidade
Tampouco com a mortalidade e a mortandade
De quem vive conosco


Enquanto multidões morrem no atacado,
Veja como o mundo é inseguro:
Lutamos todos os dias pra viver
Ataques naturais, gerra, fome, frio, radicalismo
Fundamentalismo e preconceito

Alguns sobrevivem no varejo
De nota em nota, contando o pouco que há pra compartilhar
Cantando o mesmo que há pra cantar
Sem hinos, sem bandeiras, sem governo, sem voto, sem próprio,

Sem vida.

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domingo, setembro 04, 2005

sábado, agosto 27, 2005

Os Sonhos da Estrada

Estive pensando esses dias, e concluí com Turbo: Carpe-Diem é muito mais do que parece.

"Aproveite o dia." Na maior parte das vezes, é confundido no seu extremo com ter uma vida desregrada e sem vistas para o futuro.

Eu caminho todos os dias da sala de aula até o laboratório, às 9 da manhã. Chego muito cedo à faculdade, e por isso não como nada em casa. Preciso sair às 6:30, no máximo, para chegar no horário certo. Sempre gostei do campus da minha faculdade, e é uma pena como o aproveito tão pouco. Uma das minhas vontades secretas (agora nem tanto) é poder passar o dia inteiro passeando no meio daquele verde todo, muito lindo e muito bem cuidado. Bem, eu chego à PUC e vou direto pra para a classe. E ao sair, tenho um roteiro bem definido: passo no Gourmet, um restaurante do campus, e como alguma coisa, antes de ir para o trabalho.

Uma frase, "aproveite o caminho", começou a me assombrar, à medida que eu passava por ali com uma pressa ilógica. Comia rapidinho, abaixava minha cabeça e corria pro laboratório. Com toda aquela beleza passando na minha frente todas as manhãs, acabei sendo vencido. Hoje, todos os dias, ao ir para o lab, eu vou calmamente até o Gourmet, por caminhos diferentes, observando todo o verde. "Aproveite o caminho". Ao pedir minha típica vitamina de banana com aveia, aguardo do lado de fora, sentado na calçada da nova capela, tomando Sol e admirando as árvores. Em dias de céu muito azul, se você olhar pra cima em frente ao restaurante, verá um incrível contraste das copas das árvores com o céu. Parece um lago com raízes mergulhadas.

Aliás, tem algumas fotos boas tiradas no campus:
Céu Amplo
Morros
Moldura Para o Céu
Folhas Brancas
Bambus Vistos de Baixo
Flor
Ente
Nature Is Great
Bernard, Ana e Leonardo

Depois de comer nas mesas da varanda, saio tranqüilo e ando até o laboratório enquanto aprecio os jardins. Aproveito o caminho, como disse a frase na minha cabeça.

Agora, generalizando... Lembra daquele ditado: "às vezes, escalar é melhor do que ter chegado ao topo"? Temos sonhos, não temos? Eu, pelo menos, tinha o costume de tentar viver o futuro no presente. É a tal preocupação. Isso não acontece comigo há algum tempo. Continuo com meus vários planos, e realizo uma parte deles quando dá. Aí, reparei: todos os passos dados são cenários. Cenários desejáveis por uma pessoa. Todos eles são, portanto, um sonho realizado em si mesmo. Então, ao invés de aproveitar um só (no final), por que não aproveitar os sonhos que você colhe enquanto caminha?

Ouça Águas de Março, e imagina só quanta coisa a gente perde por andar pra frente sem usar o "Carpe Diem" como deveria ser. É isso.

sexta-feira, agosto 26, 2005

Onde Chegamos

I've come to the end of the line
there's too many men,
despair in their faces.

Each one of us hoping to find
a life, a home, a dream
a place to be.

End Of The Line - Camel


Frase ouvida ontem: "É impossível tomar um chope sem vir alguém te pedir uma esmola".

... O tal capitalismo é curioso mesmo. E mesmo quem não pede esmola sofre do que a letra fala.

quinta-feira, agosto 25, 2005

Um Quê de Felicidade

Passou e me arrebatou
Pelos ares do campo
Pela leve chuva da relva
Pelos cachos dourados de seus cabelos

Brilhava de leve a fada
Que me carregou
Brilhava o sorriso da paixão
E por um momento fui feliz

A pele mais suave
O rosto mais lindo
Havia em seu nome
O apelo da mais pura inocência

Havia tudo aquilo
Um momento perfeito
Onde não havia carros
Onde não havia asfalto

Apenas um leve diálogo
Um sorriso, um obrigado,
Um até logo,
E um breve sentimento desvelado

Debussiniando o amor
Foi como ouvir seu lento piano com os olhos
Em um minuto que durará toda a eternidade.



Deixando fluir um pouco da minha veia idealista e platônica, sob doses controladas e prescrição homeopática. Escrevi sob influência de um breve momento, onde a chuva mais chata não podia ter caído melhor. Um bom momento e uma boa impressão merecem uma cristalização dessas, não acham?

:-)

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segunda-feira, agosto 22, 2005

WorldChanging: Another World Is Here: Ribbons, Sheets and the Nanofuture

WorldChanging: Another World Is Here: Ribbons, Sheets and the Nanofuture

Fantástico! A Nanotecnologia é definitivamente o próximo passo :-)

Gostaram do novo visual? Ainda tem uns probleminhas que a maioria nem vai notar, mas tem... E será ajustado!

quinta-feira, agosto 18, 2005

Podia Ter Sido Eu

Kitesurfando...

Youtube. Novo serviço de vídeo da mesma galera que criou o Flickr. Animal!

Não contei que eu fiz uma aula inteira no Sábado, né? Daqui a pouco tou indo pra água! ;D

Grandes Poderes Trazem Grandes Responsabilidades

Começou a Mostra PUC. Um evento que reúne várias empresas no campo da universidade, a fim de recolher currículos para vagas de estágio e trainee. Para quem ainda não começou no mercado, é uma ótima. Também há palestras e shows ao longo do evento.

E por falar em palestras, resolvi assistir a uma ontem, sobre liderança. Não me interessava o blábláblá sobre liderança, mas interessava muito saber mais sobre a empresa palestrante, uma das grandes no mercado de Capitais. O diretor operacional era a cara mostrada (acho que é o tal CEO que todo mundo fala).

O que aprendi de bom? Vamos às partes mais importantes.

O cara começou com uma lição sobre um jovem trainee de 21 anos que derrubou um gigante conquistando U$ 10 milhões para a empresa em menos de 1 ano, e que não se contentou com seu prêmio de apenas U$ 25 mil (apenas??) frente ao seu sucesso. A base do argumento do fatídico CEO era:

As pessoas são arrogantes e imediatistas. Deve-se construir uma carreira de longo prazo, sem cobrar uma confiança incabível. Deve-se pavimentar a estrada de sua vida.

Ok. Tomei nota, já que ele chegou lá, e eu não.

O primeiro furo foi logo aos 5 minutos:
600 milhões de pessoas conectadas à Internet. O mundo está online!

Mentira. Se ele soubesse um pouquinho mais de geografia e um pouquinho menos de sensasionalismo e retórica, pensaria que só a China tem quase o dobro de habitantes. Ele considera esse número um grande mercado. Eu digo: é pouco. Convivo com 6,5 bilhões de habitantes no mundo (thanks to Google) e ele me dizendo uma frase dessas. Palhaço.

Qual é a do capitalista? Tá a fim de conseguir mais gente pra quem possa vender? Ora, ora... Não há mais mercados consumidores a serem conquistados. A próxima onda do capitalismo é o desenvolvimento dos mercados emergentes. Desse ponto de vista, é de suma importância que se veja os outros bilhões de pessoas no mundo sem acesso a Internet. Milhões de pessoas que não têm nem o que comer, mas que se pudessem comprar seria uma baita força consumidora.

Onde estão os capitalistas que pensam? Vamos criar mercados, e não depredá-los, nem mesmo desprezar os mercados potenciais. Essa história se parece muito com a do desmatamento. O desenvolvimento sustentável passa por manter a qualidade de vida das pessoas ao redor do mundo. O que faz a economia local não é o dinheiro, mas sim a transação. O importante não é a reserva, mas o ato da compra. O interessante é que todas as pessoas possam comprar. Se todas as pessoas do mundo, do nada, passassem a poder consumir, acredito que entraríamos em um ciclo enorme de escassez. Se essas pessoas pudessem ser educadas a fim de aprenderem um ofício, elas próprias seriam consumidoras e produtoras. Novos mercados, mais desenvolvimento, melhor qualidade. Isso só pode ser desenvolvido aos poucos.

Coisas culturais da sociedade dominadora... "Ah, mas ele é do mercado de capitais, não está interessado no desenvolvimento de novos mercados". Pois se não está, deveria! Quer especular? Bota mais meio milhão de pessoas jogando na bolsa. Quero ver se o preço das ações não sobe. Escassez é escassez, não importa onde.

Mas o que interessa aos capitalistas malvadões é mesmo que as outras pessoas não tenham propriedades. Quem tem dinheiro não quer que o colega o tenha, porque será muito melhor se este tiver de obedecê-lo. Curioso isso, mas acho que faz sentido. Mandar faz bem pra alguns. E eles se privam de muitas coisas boas que a igualdade traz. Ser igual, por exemplo, afasta o medo da perda, o ciúme e a vaidade. E não tira minha individualidade.

600 milhões de pessoas conectadas à Internet. O mundo está online!
Ponto negativo pra frase do CEO de araque. Pra quem ainda não sabe matemática, vou reformular a frase:
600 milhões de pessoas conectadas à Internet. Menos de um décimo do mundo está online!
Espalhem essa boa nova! Ainda tem muita gente pra quem podemos vender computadores! A maioria tem só que conseguir juntar uma graninha.

Será que os EUA não têm vergonha dessa estatística? Cadê a marra de nação poderosa que traz benefícios à humanidade? Como diria D2 (que não aprecio tanto, confesso): Essa marra que tu tem, qual é?

Continuando, ele tenta ocupar os 10 últimos minutos da palestra dizendo que é fã de homem aranha. Engraçadinho, coloca as fotos lá e todo mundo... Todo mundo não, só quem estava no auditório. Umas 60 pessoas... Ah, você entendeu: todo mundo ri. MAAAS há uma lição a ser dita na história da picada radioativa.

Ele começa. Conta cada detalhe da história inicial de Peter Parker no primeiro filme do Homem Aranha que saiu nos cinemas. Alguns flashes:

Garoto franzino, que é picado por uma aranha radioativa e de repente ganha um poder nunca antes possuído por alguém (...) Inventa uma fantasia, vai a um ringue, se prende no teto de cabeça pra baixo - em sua nova perspectiva de mundo - e derruba lá o gigantão com a maior facilidade. (...) Na hora de pegar o prêmio, chega no escritório do capitalista malvado e recebe uma quantia mínima. O homem lá ri dele e o manda embora com aquele trocado (...) De dentro do elevador, ele vê o assaltante do homem saindo do escritório com todo o dinheiro arrecadado. Ele era o homem aranha, e podia pegar o bandido, que passou na frente dele. Mas se negou a fazê-lo. Mais tarde, o assaltante mata o seu tio, e vem a grande lição: grandes poderes trazem grandes responsabilidades (...) Ele não ganhou o suficiente pelo que fez, mas não deveria ter retribuído na mesma moeda."

Fiquei me perguntando... Será que o Homem-Aranha era um jovem trainee de 21 anos que derrubou um gigante de U$10 milhões no Banco Pactual e recebeu só U$25 mil de bônus?
Que papelão. O cara começa a palestra com uma historinha e um argumento pomposo, e termina desmentindo-a. Como a vida é figurativa, não é mesmo? Não enxergamos evidências embaixo do nosso próprio nariz.

No Pactual, esse CEO era o capitalista. Na história do Homem-Aranha, ele torce pro herói.

Ou ele realmente concorda com o Peter Parker - e no fundo deu razão ao trainee que queria um bônus maior -, ou simplesmente torce pelo herói por uma mera convenção social, de que os heróis devem ser acreditados. Eu não ficaria feliz em ser liderado por alguém assim. A palestra foi um fracasso, do início ao fim.

quarta-feira, agosto 17, 2005

O Que Há de Errado Com o Prazer?

Pensei esses dias: por que algumas pessoas são tão taradas por doces?

Talvez os doces sejam o prazer mais rápido e imediato que se pode ter em qualquer momento. É barato, legalizado e vendido em qualquer lugar. Se você quiser, compre doces e coma-os. Não leva nem 5 minutos. Meia hora depois, você começa a pensar neles de novo. E aí, pode crescer o problema da gula e da obesidade.

Seja moderado.

Daí, imaginei uma maneira fácil e esquisita de não engordar com os doces: não engula-os! Ora, a língua está dentro da boca, e não do estômago! A sensação de saciedade você pode prover com água!

Falando rapidamente, porque estou no trabalho: tenha tara por vários prazeres diferentes. Não focalize sua mania ou vício. Assim, você aproveita todos os momentos da vida sem exageros, e plenamente.

Essa idéia foi recebida com aplausos por uma amiga minha, que a batizou: "Dieta do lambe-lambe"!
***

Quando for criticar o trabalho de alguém e julgá-lo errado, olhe para o seu próprio trabalho. Pense no que os outros poderiam falar de errado sobre ele. Escreva sua crítica sobre ambos, e guarde. No dia seguinte, releia tudo. Olhe para o trabalho realizado pelo outro novamente, e veja se algo mudou em sua opinião.

***

Tou meio sem tempo pra escrever, mas estou preparando algo bem interessante, juro! ;D

segunda-feira, agosto 15, 2005

Novas Fotos

Muitas novas fotos no meu Flickr. :)
Boa semana para todos!

quarta-feira, agosto 10, 2005

A Forma

Não é uma fôrma
Na verdade
(Sempre a minha verdade)
A forma é exemplo
Do que deverá melhorar

E de melhorar ;-)


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segunda-feira, agosto 08, 2005

Final de Domingo

Não deixe seu Domingo terminar com um documentário sobre vacas autistas.

Frase do Vinícius na Sexta à noite:
"Vai pra cá, ó... Que aí a gente vai chegar mais pra lá."
Ele estava no banco de trás do carro, passando instruções pro Marcelo, que dirigia, enquanto chegávamos a um cruzamento de cinco vias.

Aliás, na Sexta à noite, tocou o Black Dog no Antiquário. Banda cover muito dez. Finalizaram a noite tocando Jean Luc Ponty. Surpreendente, não??

quinta-feira, agosto 04, 2005

Você Esteve Aqui

O dia é mais dia
A respiração, mais tranquila
Um alívio me faz levitar
Dou passos em um chão mais firme

Tal grandeza de alma, se me há
Revela-me que nada há pelo acaso
Nada é vão completo,
Que há instantes grandiosos
Que ensinam e incitam a reflexão

Hoje o dia é mais dia
O chão é mais firme
Eu sou mais gente

Hoje o céu é mais azul
A brisa é mais fresca
O Sol, feito meu sangue, mais quente

Hoje a noite será mais noite
O sonho será mais sonho
O bom será melhor ainda

Hoje as canções são mais belas
Sintonizo mais natureza
O sorriso é mais fácil

Hoje as pessoas são mais especiais
Tudo pode valer a pena
E planos são possíveis

Hoje estou mais vivo
E tudo é mais claro e bonito
Ontem, por ter estado comigo,
A tristeza, se me houve, apartou-se.


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A pedidos, está aí novamente... Uma bela poesia, das que se manda pra pessoas queridas!
:-)

Vinícius... Seu poetinha d'uma figa!

Remoção

Não tenho me sentido NADA bem esses últimos dias.

Minhas duas últimas poesias foram tratadas como ofensivas, por isso eu as retiro daqui. Apesar de não ver mal algum nelas, pessoas muito queridas MESMO não gostaram da exposição. Nesse caso, fica aqui meus sinceros pedidos de desculpas, e seguem alguns versos que descrevem muito bem como me sinto agora. Não tenho noção do que posso fazer pra me redimir, e nem sei se posso me redimir algum dia. Em todo caso, o ato não foi de má fé.


Três de Outubro de 2005

No dia de hoje
Sou a personificada turbulência
Um cachorro
Com espírito de porco
Corpo de gente
Alma de fumaça
E planos de poeta

Poeta não sou
Pois magoa este meu fardo
De falhar com quem eu amo

Não há doce que amenize
O amargo arrependimento
Não há guerra que continue
Quando se prostra o perdedor

Hoje, eis o que sou:
Um cão, que não sabe ter amigos
Porque penso como falo:
Com o ímpeto que é meu fardo

Poetas recitam, eu lato
Eles declamam, eu assombro

Hoje, eu, como poeta,
Me sinto por mim mesmo
Traído.



O tempo vai passar e os ânimos vão se amenizar, mas o que fiz vai acompanhar minha memória. Sempre.

Novamente, peço desculpas a todos os que se sentiram ofendidos pela exposição dos antigos versos.

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terça-feira, julho 26, 2005

Pesadelo Futuro

Naquela manhã, acordei. Era noite, e eu sabia que não era. O céu de Nova York estava negro, e as nuvens eram como o véu de uma presença inferior. Em minha escrivaninha, um rolo de papiro muito velho. A sensação que tive era de que centenas de anos se passaram desde que aquela folha fora escrita. Abri, e encontrei um poema numa mistura de línguas contemporâneas. Sua tradução era:

"Pesadelo Futuro

Aviões de três asas
Que pousavam sobre o desperdício social
Matavam o povo de fome
Matavam a fome dos porcos
Com a carne do povo

Derramavam sobre a palma do homem
Terrível, o óleo em chamas

Os mortos dançavam
Cuspiam linhas que nos decapitavam
Multidões apavoradas a fugir

Amigos com a face distorcida
Que não se lembravam dos seus
Gente dominada pelo desejo
Gente dominada pelo poder

Amantes que se matavam
E na lembrança amargurada
Restava apenas o ciúme encalcinado

Atravessei imensas geleiras
Que um homem pode destruir com a mão
Ficavam pegadas de compaixão, naquela frieza

Era gente que havia se transformado
Gente entregue à margem
Que foram de bem, e não mais

Vi fantasmas de terno e gravata
Que apavoravam as boas almas
Pais disparando contra seus filhos
Gente querida partindo

Destruímos nossos lares
Com mentiras, desemprego
Propagandas, e enlatados cinematográficos.

Irmãos odiando irmãos
Deus será negado
Vi a confusão nos olhos dos sábios
Perplexo, acordei
E chorei, buscando a chance
De um futuro sustentável."


Três dias depois, o céu continuava negro para meus olhos, em pleno meio-dia. Na cidade, o mesmo ritmo permanecia, como se nada tivesse acontecido.

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sexta-feira, julho 22, 2005

Capítulo e Tanto (Monobloco)

Acabo de chegar do show do Monobloco, no Circo Voador.

Combinei de reencontrar uma amiga que não vejo há uns 6 anos. Tudo muito bem, tudo muito bom, nos ligamos e eu chego ao local, às 23h. Estão nos Arcos da Lapa a própria e mais 4 amigas. Cheguei só, e elas não estavam esperando ninguém. Eu e mais 5 mulheres gatíssimas, muito alegres e saltitantes. Beberam alguma coisa pra calibrar e entramos.

Tudo muito bem, tudo muito bom, a pista estava vazia, e lá vão os 6 pro picadeiro. Tocava um funk pesadíssimo, e lá fui eu dançar com as ladies. 5 aluninhas de direito da UFF. Você me pergunta: "Ué, você dançando funk?!"... E eu até agora me perguntando como eu lembro do estilo que tocava, dado que a distração estava excelente. ;)

Me lembro da frase da minha amiga:
"Elas bebem pouco. Eu tomei 4 tequilas, e pra mim tá tranqüilo, não preciso beber mais nada durante a noite. As outras são mais fracas"....

Onde estaria o tal Monobloco? Devia estar fazendo uma obturação antes de entrar no palco, e pelo visto, era esse o costume:
"...No último show que fui deles, eles só entraram às 3 da manhã...".

Primeiro sinal de que algo ia errado: minha amiga e as amigas de esbarravam e se apoiavam umas nas outras pra dançar. Ok, fingi que não vi o estado alcoólico. 1 hora de 'show' e só dava funk. O picadeiro encheu de palhaços pra participar daquele tribalismo, que infelizmente tenho que celebrar como cultura nacional. Eu, com uma camisa escrita "Atitude Carioca - Bossa Nova", começava a me sentir um alienado diante daquela atitude carioquíssima e contemporânea.

"...Vou levar a Josefina no banheiro, ela não tá bem. Avise às outras meninas."
Revi mentalmente o que poderia ter levado Josefina a se sentir mal. 500ml de caipirinha? Não, não... Ela tomou algumas outras coisas antes de entrar com aquele copo enorme e cheio na mão.

Começaram a subir no palco MC Fulaninho, MC Sei-lá-o-quê, MC Malandrão-de-boné-pra-trás e outros decadentes que sobrevivem dividindo o que ganham com a nostalgia dos funks antigos (menos pior do que os atuais). Devia ter mais gente pra subir no palco do que pagantes do show (show do Monobloco!). O cheiro de maconha aumentou. Os DJs eram risíveis, e não tinham a mínima noção de ritmo. Como podiam ser pagos por aquilo? Naquela altura do campeonato, ninguém mais tinha senso crítico, então até o Genival Lacerda ou o Tiririca podiam subir que não ia fazer diferença.

Cansei. Me afastei um pouco da galera e comecei a me perguntar o que estava fazendo ali, olhando em volta e reparando em tudo o que pudesse. Dançando só pra dizer que dançava, mas com a cabeça longe. Me perguntei: "Cadê o Monobloco"? Tive meu primeiro acesso de gargalhadas sem sentido.

1 hora da manhã as amigas da minha amiga começam a ficar preocupadas. E eu, com sede (já fazendo idéia do que estava acontecendo: elas estavam na enfermaria). Fui com Gurmecinda comprar água e procurar as outras duas. Me deram a bolsa da Josefina, e a partir daí, comecem a contar enquanto a história continua. Fiquei mais 1 hora com a linda bolsa feminina no ombro, andando pra lá e pra cá. Nesse momento, outros dois caras se juntam ao grupo, e é claro, ficaram tomando conta das duas que ainda estavam dançando.

A partir de agora, a história fica trash.

Procura pra lá e pra cá, telefonemas não respondidos e nada da minha amiga Herundina com a Josefina. Guilhermina chegou até nós acompanhada de seu consorte, e eu comecei a me preocupar: o Monobloco...

Guilhermina ligou e Herundina atendeu. Descobriu-se a América: Herundina e Josefina estavam... Na enfermaria. Pensei: "ah, é..."

Essas histórias de bebedeiras são sempre assim: todo mundo tenta explicar pra todo mundo como se deve beber. E aí, brotaram vários phds em alcoolismo de todos os lugares. Do bar até a enfermaria foram uns 10, tentando me ensinar como se "beber direito".

As duas estavam num estado lastimável. Olhei pra minha amiga, que estava sentada e com aquela cara-de-bunda-básica-da-bebedeira-pós-vômito (com o chão sujo aos seus pés como prova), e disse: "Dina, você está linda!" (Dina é diminutivo pra Herundina). A Josefina não respondia. Tava viajando demais das idéias, deitada na maca. Tive meu segundo acesso de gargalhadas sem sentido.

A logística foi excelente. Depois de vomitarem o suficiente pra sujar todo o chão da enfermaria, foram levadas pra fora. Começou o tão aclamado Monobloco (que deve estar rolando até agora, enquanto escrevo). Pronto; agora eu já OUVI o Monobloco. As amigas que não foram até a enfermaria pra vomitar começaram a beijar e dançar forró com seus respectivos ficantes. Um dos ficantes reagiu mal ao convite do segurança para que se retirassem daquela área, que não era nenhum ficadouro, nem tampouco um ficódromo, apesar de ter paredes convidativas e espaçosas. "Agora o Circo Voador tem dois ambientes", pensei. Somado aos dois seguranças, todos aqueles sujeitos que tinham subido no palco nos expulsaram gentilmente da área da enfermaria. Os funkeiros introdutores do Monobloco eram seguranças nas horas vagas, e quase desceram o cacete em todo mundo.

Saindo da *#(%*$*%#$* do show, as minhas duas amigas trêbadas (a que não via há 6 anos era uma delas, só pra recapitular) saíram com a minha ajuda e da Gurmecinda (e aí, leitor? Tá acompanhando os nomes direitinho?). Fiquei com saudade de ouvir Flora Purim, no disco Light as a Feather do Chick Corea. Na saída, acabei me distanciando de Gurmecinda e Josefina. Virando a esquina, estava a Josefina sentada num carro qualquer e... (arregalando os olhos) Gurmecinda de amasso com um sujeito-mal-encarado-com-barba-por-fazer no muro do Circo. Praticamente um novo número, no meio da rua.

Pensamento instantâneo: "get a room"...

Fui apoiar Josefina. Pronto: eu tomando conta de duas trêbadas reclamando de frio, assistindo um casal que se formou naquele instante porque... Porque a Terra é redonda. Tive meu terceiro acesso de gargalhadas sem sentido.

Aguardados 5 minutos (pronto, já não estou com a bolsa feminina no ombro), fomos pro carro de Josefina, que se dizia bem pra dirigir atravessando a Rio-Niterói. Meu quarto acesso de gargalhadas. Agora com sentido. Besteira pouca, ela estava bem mesmo era pra jogar o carro naágua e beber toda a Baía de Guanabara!

Um grupo de uns 6 homenzinhos-de-vinte-e-quatro-anos-que-zoam-todos-na-noite abordou a todos nós, jogando verde pras trêbadas. Nesse ínterim, fiquei sabendo que Raimundo, o sujeito-mal-encarado-com-barba-por-fazer, é ex-namorado de Gurmecinda (ufa!). Pronto. Um dos idiotinhas se declara para Josefina, dizendo que "sério, tava a fim de te conhecer" blablabla...

Josefina começou a cantar uma paródia difamatória pro nosso querido presidente dos Mensalões. Descobri então que era ativista política.

Saca o diálogo:
[Josefina] - Qual é seu partido?
[homenzinho] - PDT.
[Josefina] - Sai daqui. Não beijo homens de direita.
[homenzinho] - Mas eu sou esquerda... Falando sério.
[Josefina] - Então sai daqui. Não beijo idiotas. PDT é direita.
[homenzinho] - Mas não tou falando de beijar... Queria mesmo só te conhecer, conversar contigo... - Ele me comoveu.
[Josefina] - Vem - abaixando o banco do carona - Senta aqui, pra gente beijar.

Um sujeito fino trato, que chegara altamente delicado, de repente entra no carro com uma cara de cachorro de rua esfomeado e beija a vomitada Josefina. Aquele beijo bem dado, que me provocou minha quinta crise de gargalhadas. E a enésima dos outros homenzinhos.

Resumo da ópera: saí ileso do local. Minha amiga foi levada pra sua casa, em Nikity, na companhia de todos aqueles casais formados. Ah, minto. Josefina, depois que beijou o homenzinho-orgulho-do-papai, sumariamente expulsou o coitado do carro. E ainda me inquiriu, perguntando por que eu a tinha deixado fazer aquilo! :s

Tive minha sexta crise de gargalhadas.

Impressionante era ouvir de todas elas assim: "eu nunca tinha feito isso antes"... Será que acredito?

Sóbrio, sobrando etc etc... Mas feliz de ter reencontrado uma amiga minha de muito tempo atrás, de ter conhecido várias pessoas novas, e de ter uma história punk na cabeça pra escrever. Não aumentei uma palavra, essa história acabou de acontecer, eu acabei de chegar em casa, e você deve estar embasbacado com a furada em que me meti. É óbvio que estou usando pseudônimos, com exceção de um dos personagens... Consegue adivinhar qual?

Salvos os cegos, eu fui o único que já presenciou, mas nunca viu o Monobloco.

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sábado, julho 16, 2005

Anjo, Voa

Rasa pelas terras
Que separam nossas vistas
Que apartam os abraços
Da amizade querida

Sorria, que haverá o dia
Em que estaremos juntos
Para nos conhecermos de novo

Venha ao céu do meu peito
Traga-me a mão carinhosa à face
Anjo, voa até meu leito
Traz-me sonhos de condão

Felicita-te após a mágoa da vida, Anjo,
Que hemos de encontrar o imensurável
Um jeito de se levar algo daqui

Que seja amor, que seja paz
Sejam as boas lembranças infinitas
Na imensidão do paraíso

Estrada da memorável existência
Mar da infinita dor que nos amansa
Vida, traga o Anjo até meu Rio
Pois quero adocicar minha imanência
Com o deleite de sua presença harmoniosa



Esse foi de presente pra uma amiga muitcho legal! :)


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sábado, julho 09, 2005

Dungeons & Bares

Hoje sonhei com o Calhau. Pasmem!

Estávamos num subterrâneo, onde haviam vários bares. Um deles parecia muito com o bar da Bunker, na pista principal. Eram cavernas com tetos extremamente altos e muito amplas. Lembro de estarem no sonho a Érika, o Paulo Ivo, o Da Silva e o Kiki. Havia mais gente, mas eu não sei quem são.

A Rika ficava em um extremo do complexo subterrâneo acampada e muito, muito triste. Praticamente se isolou da galera. Calhau voltava (como se tivesse feito uma viagem e não tivesse dado notícias pra ninguém), ainda com cabelos grandes, e nos encontrava num dos vários bares daquele lugar. Estávamos no terceiro nível (!!) para baixo. Quando ele encontrou a galera, foi matar a saudade. Todo mundo surpreso que ele tivesse _finalmente_ voltado.

Daí, fizemos a trilha pelo escuro das cavernas até onde a Érika estava. Ela ficou muito zangada poruqe ele viajou sem avisar nada pra ninguém, e não quis dar nem um beijinho no namorado... Rs...

Depois, voltamos pra um dos bares, e continuaríamos a conversar e a beber. Mas o sonho acabou. De qualquer maneira, foi reconfortante dar um abraço no meu amigo novamente =)

Comédia, né?

E hoje tem niver do "Amago" Potengi! Esse evento vai juntar muita gente legal! :)
Já é, já é :P

segunda-feira, julho 04, 2005

Visitas

Pareço estar distante?

Pois nem tanto assim. Visitei muitos amigos este final de semana. De casa em casa, no Bairro Jabour.

Aprendi a tocar Luíza, do Tom Jobim :D
Registrei um domínio irado. Em breve, novidades.
Comecei a idealizar umas coisas. Estou criando uns programinhas, com significativos avanços. =)

Fica uma frase:
"Nada tenho a perder, pois, neste mundo, nada me pertence."

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sábado, junho 25, 2005

Envelhecer Descobrindo-se Cada Vez Mais Jovem

Um dia, nasceu um ser humano com uma espécie de Via-Láctea dentro da cabeça. Os seres que viviam dentro deste universo descobriram, em certa época, alguns portais para uma dimensão paralela. Na verdade, descobriram que não era paralela, mas sim um mundo que envolvia o mundo deles. Deduziram que estavam dentro de uma caixa (craniana, mas esse detalhe ainda era desconhecido), e procuraram descobrir como fariam para sair de dentro daquela Via-Láctea. Queriam visitar o Super-Universo, como começaram a chamá-lo. Pensavam que, fora daquela caixa, os seres fossem super-seres, e que o Super-Universo fosse, de alguma forma, super-legal. Dentro dessa Via-Láctea, havia muitas perguntas não-respondidas, e até uma certa desordem, em alguns momentos. Lembrava muito o nosso próprio mundo.

Eles conseguiam receber informações do Super-Universo através dos modernos sistemas sinápticos das redes neurais super-avançadas de seu centro de comunicações, que chamaram coicidentemente "cérebro". Os principais centros de pesquisa traziam-lhes informações visuais, auditivas, palativas e até táteis. Tudo o que vinha de fora era reproduzido internamente, e vários experimentos eram refeitos, estudados e devidamente documentados e catalogados.

Enquanto este ser humano crescia, era também influenciado por estes seres dentro de sua cabeça. Ele sabia que algo de muito importante acontecia ali dentro, e por muitas vezes recebia mensagens enviadas pelas criaturas. Em algum cantinho da sua cabeça, havia realmente uma Via-Láctea, e este ser humano acreditava que lá todos fossem super-heróis, e que aquele universo fosse mais justo. Chamou-o também Super-Universo. Estas mensagens vinham em forma de sonhos e imaginação.

O tempo passou, e hoje, os super-seres de dentro da cabeça aprenderam técnicas modernas para saírem de lá e visitar o Super-Universo. Descobriram algumas zonas de refluxo do espaço-tempo, como se fossem buracos negros, que chamaram "Mãos" e "Voz", principalmente. Depois de cada viagem para fora da cabeça do Super-Ser, costumam fazer relatos de aventuras que viveram, e publicar todas estas elas em revistas de seus próprios planetas. Aqui, no nosso Universo, eles saem pelas mãos e pela voz do Super-Ser, em forma de fantásticas histórias, contadas para todo tipo de pessoa.

Eu sou um grande amigo deste Super-Ser. há muitos anos. E há tanto tempo quanto o conheço, tento entender quem inventou quem: se os seres de dentro inventaram o de fora, ou se o de fora inventou os de dentro. De qualquer maneira, tenho nele um irmão, de aventuras e histórias. Hoje é seu aniversário, e como em todos os aniversários, os super-seres lá dentro comemoram a data em que descobriram o Super-Universo. E ele comemora a data em que recebeu a primeira mensagem dessa Via-Láctea em sua cabeça.


Parabéns, Paulo Ivo! Felicidades!

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sexta-feira, junho 24, 2005

Acalmando

Saudosa Partida

Sangrou sua preocupação
Para largar tudo
Abraçou o renascimento
E se apaziguou

Foi curado, elucidou-se
Deitou-se frio
Parou seu coração

Abandonou seu peito
Virou luz
Sorriu

Agora, jaz a carne
No silêncio. na saudade,
Ele se foi em paz


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terça-feira, junho 21, 2005

Pêsames

Não, eu não vou ousar colocar aqui a pior notícia da semana. O Márcio é um daqueles caras raros mesmo, que equilibra inteligência com sensibilidade.

Ouvindo Somos quem Podemos Ser - Engenheiros Do Hawaii


Ele Foi Ali, Mas Não Volta

Enquanto houver amigos, família, amores
Sua jaqueta, seus livros
Mensagens

Enquanto houver os lugares que freqüentou
Haverá saudade
E a sensação
De que em qualquer momento pode chegar

Brilhou o Sol, desde Quarta
Na esperança de que pudesse ficar
Agora, chora o cinza céu
Nossa estrela ascendeu

Estará presente
Porque sempre existiu,
Com veemência e veracidade

Te procuro
Mas antes, há algo
Um mistério que desconheço
Que não pode esperar

Foi muito maneiro, vai lá,
Um abraço,
Valeu


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segunda-feira, junho 20, 2005

(Parênteses)

Num ato de doideira, caminhei da Praia de Botafogo até a Lagoa, no Mustafá, Domingo à noite. Caminhada leve, que durou uma hora, precisamente. Além de assistir um show irado de chorinho, descobri que quem estava ali era o Márcio Bahia, baterista do Hermetão. É claaaaaro que eu tietei o cara, né? Fiquei um tempo conversando com eles.

Pra quem tinha ficado meio pra baixo no final de semana (é, garota, vc acertou em cheio quando disse "você tá com uma voz horrível"), foi uma levantada enorme, justamente nos acréscimos do segundo tempo. Minha "partida" terminou em 1 a 0, música do Pixinguinha.

Todo Domingo eles estão lá:
- Bateria
- Sopro (clarinete e flauta transversa)
- Violão de 7 cordas
- Violino

Não lembro o nome dos outros músicos, mas todos eles são excelentes, e tinham lá os seus CDs a preços muito mais baratos (tipo uns 40% menos) do que na Modern Sound ou na Tracks. Sim, são execuções de muita qualidade e bom gosto, com músicos renomados da nossa melhor arte. A um couvert de R$3,50 por pessoa. Inacreditável.

Enquanto isso, nosso ministro continua em turnê. E a cultura continua em greve. Ou seriam férias?

Sempre em tempo (em apologia à "sempre é tempo lojinha", saudando a época do CEFET), aqui vai:
Salve, Márcio Calhau! Melhoras, meu grande amigo!

sábado, junho 18, 2005

Ao Meu Grande Amigo Márcio - Pensamento Positivo

O Márcio está numa "franca batalha". As coisas estão bem difíceis pra ele, mas todo mundo vê no hospital o Márcio de sempre. Aquele cara revolto reage - não sei se contra a natureza ou com a ajuda dela. Mesmo assim é triste. Ele tá em "coma superficial", seja lá o que isso signifique.

Teve os cabelos cortados para que a cirurgia pudesse ser realizada. Chegou no hospital muito mal. O médico disse que nunca havia visto ninguém tão novo tão mal assim. Em contrapartida, no dia seguinte já esboçava reações e percebia o mundo à sua volta, mas se comunicando muito superficialmente. As pessoas dizem que ele percebe quando alguém diz algo para acalmá-lo. Surpreendeu.

Briga contra suas condições, e teve que ser amarrado na cama, pra não cair no chão. Eu não imagino em que tempestade e desordem mental ele possa estar metido. Fizeram uma incisão em sua cabeça. Não sei se foi na nuca ou na lateral, mas não consigo imaginar instrumenos cirúrgicos entrando por ali. Os médicos não podem sedá-lo, porque têm que manter um histórico da evolução do Márcio. Não sei se usam analgésicos, e mesmo que usassem, não acredito que o seja em quantidade suficiente, já que foi um trauma cerebral.

Márcio reclamou de dor de cabeça no final da semana passada, mas as aspirinas e dipironas de costume deram conta. Acho que foi na Quarta que a tia Eli ouviu um barulho, que foi quando ele desmaiou e caiu no chão. Acho que era de madrugada, e me contaram que havia um saco de gelo por perto. Talvez ele tenha escondido a dor ao longo dos dias, ou talvez tenha havido algum rompimento de vasos mais sério naquela noite. Assim, com um edema cerebral, ele foi parar no Salgado Filho, hospital do Méier.

Não faço idéia de quando ele foi operado, mas vamos ver como nosso amigo fica. Vamos pensar nele. Mas tem que pensar "com força" :-)

O que me vêm à mente agora é que, não importa o quanto nosso amigo possa estar mal nesse momento, todas as pessoas que o conhecem sempre dizem: esse cara é maneiríssimo. Faz aquele estilão quase grunge, meio "dane-se o mundo", mas a gente sempre percebeu no olhar o Márcio de verdade. Sabemos que ele quer pensar em tudo o que viveu de bom aqui, e como é importante que se recupere. Talvez nosso amigo possa estar impedido de pensar com clareza, mas aqui então estão nossas cabeças. Devemos todos fazer isso por ele. Se depender da vontade, ele se recupera - como já tem mostrado.

Agora, o comentário do Sugata:
- Ele vai é ficar puto, quando descobrir que cortaram o cabelo dele.

E uma poesia:

Hemonagem

A todo aquele que já amou
A todo aquele que já sangrou
Àquele que sofreu
E que se dabateu
Pela incerteza da vida

A todo o amigo
Em cuja fatalidade se arrepiou a carne
Cuja amabilidade nunca foi negada
Àquele que muito amou
E que viu seu amor voar como num sonho
Trazendo à realidade um novo modo de viver

Àquele que chora por dentro
E que agoniza a sensação invasiva
Aquele por quem tanto temos carinho

Para todos aqueles
Que viveram suas aventuras
Para todos os que evoluíram
Segundo os cuidados do mestre

Para todos os que com ele aprenderam
Ou gargalharam com seu tom mais irônico
Para todos os que com ele beberam
E encontraram um amigo como tão poucos

Para todos aqueles que querem vê-lo
Porque pode não haver tempo
Os que vêem sua prova mais difícil
Os que tentam sobreviver juntos
Porque cada momento é um desespero
De todos, para segurar a vida.


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terça-feira, junho 14, 2005

Genialidade Condensada

Essa foi da Chris. É cada uma que me aparece...

"Quando você se casar vai perceber que algumas vezes se sente casado com um dos seu pais."


E essa foi do Guilherme:

"O tempo passa,
e com graça
a idiotice diminui."



Tomem nota!

domingo, junho 12, 2005

Só Na Flauta

(Ouvindo Jean Pierre Rampal)


Lá Estava Você

As pessoas falam
Nem todas fazem

Hoje vi o céu
Tão lindo
E somente ele

Constatei:
Continuamos azuis

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segunda-feira, junho 06, 2005

Alguém já ouviu falar de Mechwarriors?

sábado, junho 04, 2005

A Paradinha do Big Ben

Estava eu feliz da vida na casa de uma amiga quando soube a tragédia: o Big Ben, em Londres, parou durante cerca de uma hora, na Sexta-Feira do dia 27 de Maio de 2005, às 22 horas, 7 minutos e 25 segundos. Foi consertado, voltando a funcionar às às 22 horas, 7 minutos e 25 segundos.

Como assim "parou o Big Ben"?! Como todos sabem, desde que o universo surgiu, é ele quem manda na hora universal. É o pai de todos os pontos de trabalho do mundo. Teve sua bateria substituída, depois de uns trilênios paradão, quando Deus se compadeceu de seu relógio atômico e o ligou com aqueles fósforos que também são vendidos até hoje, o Fiat Lux. Nessa época, eu me lembro, todas as coisas voltaram a se mexer novamente, e o universo recomeçou um processo de expansão corporativa, quebrando o monopólio do nada. Está até hoje ampliando sua atuação no cosmos. O Big Ben, de acordo com a Fortune, é o maior CEO de todos os tempos.

Por falar em fósforos, talvez seja mesmo a gás, porque atômico não parece. É meio pesadão, e fica lá, com aquela pinta de lápis de cor, parado - em relação à Terra, não no tempo. Aliás, no tempo ele parou também. Está bem velhinho. Tive uma visão esses dias: Deus usa mesmo é um relogiozão digital, modernoso, estilo "cebolão". É mais bonito, fala as horas e mede até pulsos cardíacos. Acha que Ele ia dar mole? O Big Ben agora enfeita seu criado-mudo. Mudo, porque Ele está de saco cheio de ouvir prece sem sentido, e também apóia a contratação de deficientes físicos.

O Big Ben não é o mais pontual do mundo? E agora? como vamos confiar nas horas que dizem por aí? O que aconteceu com o mundo durante o tempo que esteve parado? Será que tudo parou junto? Na minha opinião, isto é um sinal - ele está querendo se comunicar conosco. Como não fala inglês, acaba falando a hora mesmo e tenta dizer algo. Talvez seja a hora de tirar umas férias (captou o trocadilho? "a hora de tirar férias"?). Imagina só o Big Ben descansando durante um mês? 2006 vai ter 13 meses.

Há quem diga que a parada foi motivada pela temperatura, que chegou a 31 graus naquele dia - o mais quente em Londres desde 1953. Se ele vier para o Rio então, derrete.

Os líderes da Inglaterra se reuniram em sua sede - a Casa Branca, pra discutir quem pode substituir o relógio. A tomada de suas estruturas não será fácil, segudo Condolessa Rice, pois os famosos anões que habitam dispositivos automáticos podem ter armas nucleares em seu poder. Cogitaram a hipótese de Bin Laden ter feito uma aliança com eles, e estar escondido por lá.

O Big Ben é herói de guerra. Entre 1939 e 1945, resistiu bravamente aos bombardeios alemães, quando atuava no programa tático de sincronização das manobras dos exércitos ingleses. Era uma grande referência. Em 1962, foi encarregado de anunciar o ano novo, mas chegou um pouco tarde e o fez com dez minutos de atraso, pois uma nevasca atrapalhou o trânsito das ruas até o rio Tâmisa. Conhecidamente, também é ativista político: promoveu uma parada em 30 de abril de 1997, um dia antes das eleições gerais que levaram ao poder o primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair. Três semanas depois, ele voltou a parar.

Gosta de mentir, dizendo ter 147 anos. Hebe Camargo, no entanto, revelou que Big Ben sempre foi um tremendo mulherengo, desde os tempos em que ela corria nua pela Mata Atlântica, mas sem laquê - época em que o Tupi-Guarani era a lingua oficial de nossa terra. Conheceu-o acompanhado de marinheiros portugueses nas caravelas das Grandes Expedições Marítimas, quando pela primeira vez soube o que era um espelho. Curiosamente, parece nunca tê-lo usado. "Naquela época", revela a apresentadora, hoje mumificada pelos tratamentos de beleza, "Ele já dava umas paradas de vez em quando, quando estávamos a sós. Mas quando funcionava, era cada ponteirão, uma gracinha!"

Como já dito anteriormente, o relógio mais famoso do mundo é um grande empreendedor. Foi ele quem, em 1788, deu a idéia a John Walter de mudar o formato de edição de seu jornal, o antigo Daily Universal Register, para atingir um público maior. Nessa época, o jornal passou a se chamar The Times, e noticiava fofocas dos figurões locais. "Ben sempre teve muito bom tino para o marketing editorial de massa. Nossas vendas dispararam", disse John Walter, em entrevista por telefone.

Sua contribuição para a arte inclui a participação no melhor disco do Pink Floyd, The Dark Side of The Moon, como percursionista. Na abertura da música Time, foi Ben quem tocou tanto o tique-taque quanto o despertador, e fez o backing vocal das badaladas, com um tenor de grande presença.

"Já não tenho a mesma empolgação com o mundo. Preciso me aposentar. Não estou com a mesma corda de antes", diz. "Os tempos já não são os mesmos, as pessoas não sabem mais o que é felicidade. Deixaram de se importar com questões que deveriam ter sido resolvidas há muito. Deixaram correr uma maldade e desigualdade sem precedentes. Há muita pressa, e meu trabalho tem sido muito árduo. Não dá para conseguir mais tempo do que o tempo tem. Hoje, as horas andam muito apressadas. Não consigo acompanhar", lamenta o atômico astro, em uma mensagem comovente.

O relojoeiro Arlindo Araújo Horácio, brasileiro, 64 anos, especialista em atômicos, foi o herói quem acertou as horas do Big Ben, com as horas do relógio do próprio pulso: "todo mundo diz que eu sou o mais pontual do mundo. Nunca cheguei atrasado para um compromisso na minha vida. Minha esposa e meus cinco filhos sempre me tomaram como exemplo nisso. Chegar na hora em que o Big Ben parou foi fácil. Além disso, eu uso a mesma marca de relógio que o nosso Pai", diz Horácio, mostrando seu cebolão com orgulho. Chegou pontualmente para consertar o Big Ben, às 22 horas, 7 minutos e 25 segundos, horário de Londres.

O Big Ben
Um close revela os olhos cansados de nosso relógio atômico, depois de muitos anos de trabalho


* O Big Ben não é um relógio atômico. A idéia veio do trocadilho com Big Bang, teoria que explica o início da expansão das partículas do universo. Tampouco é a referência dos outros relógios, isso é feito pelo observatório de Greenwich, que também é uma cidade inglesa.

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Leiam o típico diálogo de Bush.

sábado, maio 28, 2005

Notas de Maio

Havia água

No barco que via
Entre navios que voavam
Feito aviões que navegavam
Pairava tudo no vento
Que levou a vasta visão
De tudo que vivia.


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São as notas de Maio fechando o período...

Quando você arruma gavetas, percebe que não tem dado a devida atenção a muita coisa realmente importante.

quinta-feira, maio 26, 2005

Aquela da Livraria

Quando se começa um conto, você sabe que a história tem que ter uma moral. Por quê? Ora, é um pedacinho de texto que não tem a menor chance de ser lido se não for pra entregar algumas pérolas. Pelo menos uma.

E para esse conto eu não vou sequer inventar personagens. Foi comigo mesmo, enquanto passava em frente à livraria Argumento. Os livros que me viam gritaram por mim, da vitrine, ansiando por alguém que os folheassem. Como sempre, fitei as capas, varrendo-as com os olhos pra saber se algum tema me interessava. Olhos pra lá, olhos pra cá, e esvoaçou por trás dos livros uma mecha de fios bem finos e pretos. Cabelos femininos, num típico "momento de serem ajeitados".

Pronto, os livros já se eram. De quem era? Uma dama, como pude perceber, com aquele contraste bem peculiar e interessante: pele branquinha e cabelos bem pretos. Uma diva, vestida com uma saia cinza um pouco abaixo do joelho, e sapatos de boneca pretos, com meias brancas que cobriam as canelas. Vestia uma blusa bem comportada rosa-clara, e tinha os óculos de hastes pretas.

Será que é a "meia um-quarto"? Não sei, mas em um quarto eu teria mais que prazer em desnudar aquelas pernas e beijar os pés daquela princesa-anos-sessenta. Balancei a cabeça, porque já era a hora de voltar à realidade. Pensei: "ok, agora eu esqueço isso e vou para casa".

Você acha que eu ia perder a chance de ver o rostinho daquele anjo? - Entrando na loja, passei direto por ela, e notei que conversava animadamente com um homem. Talvez fosse o namorado. Estava sentada no bar, bebendo um refrigerante e comendo alguma coisinha qualquer. Como todo macho se sente o superior da espécie, logo pensei: "o que ela faz acompanhada desse aí? Que cara de babaca!".

Em uma fração de segundos, me dei conta que todo homem tem cara de babaca, especialmente quando está na companhia de uma linda mulher. Não há status, intelecto, beleza, firmeza, jovialidade, músculos, pose ou terno que faça um homem se ajeitar ao lado de da mulher que ama. Torna-se um babaca, e ponto. PS: as mulheres que são no máximo feias, mas que nunca têm cara de babaca, vão dominar o mundo.

Recolhi com um olhar para baixo a cara que me pertencia naquele momento (ela esteve no chão por um breve instante), e passei pelo casal. Fui ver os livros. Fui ver os discos. Marquei umas próximas compras e vi algumas coisas que podia procurar na rede - É mais fácil do que procurar material raro em lojas. - Depois de uns 15 minutos, eu já havia quase esquecido daquela garota com vestido estranho da entrada. Porque os livros estavam tão interessantes... Com várias intelectualóides gatinhas pesquisando então, nem se fala. Já falei o quanto gosto de garotas com óculos? Acho um charme.

Eu estava na parte de ter que voltar pra ver o rosto daquela que me fez entrar na livraria. Vamos lá. Me viro e vejo à distância a bela dona na porta de entrada. Fiz esse rodeio todo porque não queria dar pinta. Mas acho que essas coisas são sempre óbvias comigo - eu não sei mentir. Devo ter armado a MINHA cara de babaca e seguido em direção à porta. Vagarosamente, caminho sem naturalidade alguma, olhando por cima do ombro do outro que a acompanhava, e... Como diria Vinícius: "que me perdoem as feias, mas a beleza é fundamental".

Conclusão: será que aquela morena que olhava o CD do Coltrane tá sempre por ali? Isso é tão incomum hoje em dia...

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Tou baixando umas ondas de clássico pra experimentar mais estilos. Peguei: Stravinsky, Schoenberg, Wagner, Stockhausen e ainda há na fila: Mahler, Boulez e Debussy. Todos estes são mais contemporâneos. Os Bach, Beethoven e Mozart são bons também, mas já são mais vovôs da galera que mencionei antes, e quero conhecer os compositores de hoje. Retocando: de hoje, não... Mas que sejam de, no máximo, 120 anos atrás.

segunda-feira, maio 23, 2005

Unity Village

Perdi todo o conteúdo de um post que estava fazendo. Vai então a frase:

Mulher: quando teima em ser doida, nem outra igual entende.

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PS: parabéns ao Jon Postel, o maior herói dos últimos 10 anos.

PS2: O título do post é uma música de Pat Metheny.

PS3: Tou pensando em comprar um, mas só quando inventarem um jeito de ele virar PC.

segunda-feira, maio 16, 2005

Acerca da Individualidade

P, eu discordo de você, quando disse que o que importa é termos identidade apenas para nós mesmos. Identidade é ser distinto. Distinção sem coletividade acho que não dá: não há diferença sem comparação. Num universo unitário, para que serve o atributo identidade? Nada.

Só importa ter identidade dentro do espaço social. Sim, eu sei quem sou eu, e não me importo com o que as pessoas dizem de mim. Mas me importa ter a identidade sim.

"Fale o que quiser, ou não fale nada. Mas saiba que eu existo."

A aparência externa de um conjunto qualquer definitivamente depende da identidade. Como se percebe o lençol de areia numa praia? É o somatório dos aspectos distintos dos elementos. Se os grãos não tivessem distinção, ainda que de parcela infinitesimal, como seria a aparência da areia? Isso não seria prova mais clara de que a identidade importa para a sociedade dos grãos?

Não faça pouco caso das praias. =)

Quando disse que é importante ser reconhecido, quero dizer que dentro do sistema eu preciso ser distingüido. Do contrário, na verdade não estou participando ou enriquecendo o grupo com minhas características. Se não participar, se não interferir, quem observar de fora vai perder algo. Mesmo que infinitesimal.

Não, eu não estou dizendo que quero que me vejam mais que outros. Estou dizendo que preciso ser reconhecido localmente, para que as qualidades possam também caracterizar o grupo. É muito reconfortante saber que você marcou algo com informações suas. É bom saber que você se eternizou, de alguma forma. Num instante do espaço-tempo.

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E para finalizar, quero deixar aqui um presente, que mostra um pouco do que penso com relação às pessoas que identifico como meus amigos =)

O Laço Desata
Como o papel fino
Que rasga fácil e decepciona
Como se o tamanho
Fosse insuficiente pra apertar.

O que aperta é o peito
Que denuncia o mundo que passa
Todos queridos, odiados e suspeitos

Efemeridade, agora já é tarde
Só tu não passará

Já fazia tempo que não te via
Tu, um dos que chamo
"Meu melhor amigo"
Como vai, garoto?
Como vai, meu bem?

Tanta gente pra gostar
Tanta vida, tanta coisa pra fazer
Tanta vida, tanta coisa pra curtir

Sempre pra frente
Não olho pro lado, que perco
Que não devo, não posso
Já nem consigo

Mas gosto de te ver aqui comigo
Um na onda do outro
Enquanto a maré
Não nos força a despedida

O laço desata
Mas reata no casual modo de viver
Jeito globalizado, desigual, indiferente
A vida é virada ao avesso
Que é não viver a vida

E pra não te magoar, meu amigo
Não quero penetrar tua alma
Mas saiba que te amo
Do jeito que dá pra amar

Nesse mundo sem tempo
Onde a moda é móvel, é celular
Prenda o laço nas lembranças

Finja que não foi muito tempo
Foi só um instante
Que correu pelo espaço que nos afastou


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quinta-feira, maio 12, 2005

Das Coisas Que Se Ama

Se eu pudesse por um dia
Esse amor essa alegria
Eu te juro te daria
Se eu pudesse esse amor todo dia


Essa música do Tom acaba de invadir meus pensamentos.

Se soubesses como eu gosto
Do teu cheiro teu jeito De flor
Não negavas um beijinho
A quem anda perdido de amor



Bonito isso, né? Me lembra uma do Dominguinhos, que também curto muito:

Tou com saudade de tu, meu desejo
Tou com saudade do cheiro do mel
Do teu olhar carinhoso
Teu abraço gostoso
De passear no teu céu


São duas canções repletas de melancolia, mas de perspectivas diferentes. Um sentimento que me é muito familiar. Muito mesmo.

Consegui um disco do Chet chamado Let's Get Lost. Uma raridade.

Teu cheiro me dá prazer
Quando estou com você
Estou nos braços da paz.


Muita calma, personas,,,
Terça tem Hermeto na Gávea. Vejam em www.rioprograma.com.br.

O que mais? Ah, comprei um livro interessante chamado Mind Hacks. Ensina várias brincadeiras estranhas que tenta explorar (e explicar) algumas peculiaridades do nosso cérebro. Por exemplo: por que não conseguimos fazer cócegas em nós mesmos? Ah, tsc... Tem mais de cem.

Bienal do livro Sábado.
Sábado à noite tem Neura Jazz nos Antiquário. Puta banda imperdível.
Grupo de dança da UFRJ na Sexta.
Muitas coisas pra este mês. Acho que vou explodir.

quinta-feira, maio 05, 2005

Yet Another "Crise Existencial"

Minhas viagens estão cada vez mais desastrosas. Pudera, se pelo menos me embriagasse com qualquer entorpecente, talvez me enganasse com um pouco de sonhos.

Trôpego, ingênuo.

Mas escolho entender, e quanto mais entendo menos me agrado do que há em volta. Mais prefiro sublimar. Mas ainda não posso. Não sem antes entender mais um pouco. É esse vício que não tem saída: a solidão.

Ou é simplesmente o ritmo imposto pelo que há à minha volta. São as porcarias das engrenagens disfarçadas de microchip. São as distâncias que nos une a qualquer ponto, e surpreendentemente nos isola de todo o mundo.

É a superficialidade de uma Quinta-feira. É o esperar de uma Sexta. É saber que haverá outra Quinta e outra Sexta. E me tranqüilizar com o pensamento de que um dia isso acaba.

Mas não posso me adiantar.

Qualquer céu ou inferno seria o mesmo: a monotonia (ou da mudança, ou da rotina). E, se queimar dói, a dor se tornaria nada, sabendo que o alívia nunca mais pudesse ser sentido. O inferno não é lógico, e tampouco o é o paraíso.

Ora, uma pedra é feliz por ser pedra? Esta pergunta não pode ter "sim" ou "não", se ela nunca deixou de ser pedra, e não teria conhecimento exemplificado do que é não ser pedra. Uma pedra não tem desejos.

Todos somos artistas à medida que os desejos nos fazem querer moldar o mundo. O que não adianta muita coisa, se sabemos que toda a matéria continua no mesmo universo, e que as energias apenas foram transferidas no espaço-tempo. Que também inventamos, por sinal.

Quero transcender meu universo. Não quero morrer, quero apenas cessar de existir, às vezes.

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terça-feira, maio 03, 2005

Hermeto em Montreux, 1979

Em 1979, o "bruxo" brasileiro da música contemporânea, Hermeto Pascoal,
se apresentava no palco de um dos mais consagrados eventos de Jazz do
mundo: o festival de Montreux, na França. A pacata cidade reúne
anualmente vários grandes músicos, e já estrelaram por lá Marvin Gaye,
Miles Davis e John Coltrane.

Em companhia dos integrantes de sua tradicional banda - incluindo o
baixista Itiberê Zwarg e o baterista Márcio Bahia, o velho Hermeto
mostrou que sua música é classificada como universal, apesar de ter
origem verde e amarela. Percorrendo canções clássicas de carreira como
Fátima, Maturi e Pintando o Sete, mostrou-se incansável. Durante a
apresentação tocou muito virtuosamente teclados, sax, flauta e alguns de
seus instrumentos ora improvisados, ora inventados, como uma tampa de
panela, uma chaleira, e um apito.

Muitas vezes estranhas ou incompreensíveis, as execuções foram
magistrais. Em Remelexo, por exemplo, Hermeto acompanhava com sua voz
todo o solo que improvisava no teclado, com um ritmo sustentado por
baixo e bateria. Em contrapartida, ao final da canção fez o teclado
gargalhar com cadências de acordes que imitavam o tom de sua própria voz.

Combinou melodias com harmonias de altíssima tensão, muito modernas, sem
deixar de lado levadas de baião ou samba. Acompanhar suas músicas
significa viajar - em um momento numa trilha tranqüila, como na canção
Bem Vinda, e em outro momento num mar sacudido, como em Quebrando Tudo,
onde os músicos alternam improvisos em um compasso bastante irregular.

Ao final do espetáculo, surpreendeu Montreux com a canção de mesmo nome,
que fora criada especialmente para o festival. O público se deliciou com
a suavidade da obra, que espelhava o ritmo de vida e o verde da cidade.
Para completar, na transição entre seu show e o de Elis Regina, fizeram
um dueto voz e piano considerado histórico para a música, tocando
Brasileirinho e Asa Branca.

Hermeto esteve onipresente no palco de Montreux, em 1979. Mostrando sua
imaginação sem limites e variedade de estilos, fez participações também
nos shows de outros músicos. Nosso bruxo transcende todas as amarras
musicais e respira a arte do som, mostrada no magnífico espetáculo,
reconhecido mundialmente.

sexta-feira, abril 29, 2005

Indiferença Ao Que Não Faz Diferença.

Já fui muito preciosista.
Hoje, o preciosismo me faz vomitar. Acho que virei um contextualista.

Se entre duas escolhas, nenhuma delas faz diferença prática, então dane-se. Pego a primeira e boooooa.

Minha Mãe Viu

Uma senhora
Largada no canto
De língua pra fora
Sem gota de pranto
De lágrimas secas

"Senhora, acorda!"
Que fez a incerteza!
É triste a história
Da mãe de dois filhos
Aos trapos de pano
Caída no canto

Felizes os ricos
Estes não viram
Que a senhora comia
Como quem nunca comeu

Guardou pras crianças
Dois nacos
Da carne que mordia

Que faço eu?
Choraria e molharia o mundo?
Ou daria um prato
Àquela que
No canto, caída de fome
Buscava emprego
Tão longe do lar?

E as crianças?
E as suas roupas?

Eu sou como você
Que consegue me ler:
Responsável pelo mundo.

Procurando o que fazer
Sentindo-me imundo
Pela pureza de meu lar
Pela família
Pelo amor que recebo

Pela força que nego
Àqueles de quem tomo
Ao deixar de comer
Ou pecando
Ao transbordar minha gula

Mas não condeno a Sua vontade
De me fazer nascer em boa casa
De me ensinar os passos da felicidade
Ora, não seria eu injusto
De duvidar de Seu julgamento
Ao me dar algo de bom?

Então, que me cobrem
Pela injustiça que cometo
Ao não me dar ao mundo
Em trabalhos de bom grado
Pela vida de terceiros

Que exijam tudo o que é meu
E levem essas consciências
Que incomodam nosso
Cômodo e leviano
Superficial bem-estar



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A história narrada foi verdadeira. Havia uma mulher, mãe de dois filhos, vestida com farrapos, desmaiada de fome no meio da rua pois não comia há dois dias (e nem as crianças). Minha mãe e irmã deram a assistência que puderam. Todos os que ouvem a história ficam chocados. E ninguém a ajudou, mesmo assim.

Será o progresso?

domingo, abril 24, 2005

Nostalgias e Conduções

Sábado fui ao aniversário da Fabiana (o da Fabiane foi Quarta, e tem até foto ali no Flickr). Acho que nunca fui tão saudosista ou nostálgico quanto naquela noite. Cada momento pra mim com vocês, amigos de infância, foi uma volta ao século passado, os meus anos 90. Sabe que teve um momento que quase me declarei? Rs... Mas o som não deixou.

Por falar em som, foi impressionante: a Fox, uma boate pequena em Campo Grande, tocou uma excelente introdução lounge das 23:00 às 00:00, com remixagens de Bossa Nova. Roda Viva, do Chico, seguido de vários outros clássicos da Bossa me fizeram ver que o cenário noturno está mudando: deve haver tantos DJs por aí que a qualidade musical começa a fazer parte da trilha sonora também. É um novo requisito.

Dedobrando-me agora na nostalgia, hoje ouvi várias histórias do meu avô e de sua infância. Vi até uma foto do meu bisavô, e entendi muitas coisas que aconteceram na minha família. Meu avô fez parte daquela curta geração capitalista de carreira, que fez a mesma coisa durante anos seguidos. O sonho dele era dirigir, e Zé Maria foi um motorista por excelência: transportava tudo e todos de um lugar a outro, começando por Taxi e terminando na Rede Globo - um artista no volante :P ... Ainda lançou: "há coisas que se faz no trabalho que, mesmo gostando da atividade em si, só se faz pela obrigação." Concordo, Zé.

Agora, juntando Bossa e nostalgia, uma boa notícia: consegui pegar os dois volumes de A Arca de Noé, do Vinícius de Moraes. Quando criança, ganhei do meu pai o segundo volume, um bolachão vermelho com o encarte recortável. Mas não sei o que aconteceu com ele.

Fica aqui o link pra letra "O Leão", uma das únicas que eu lembrava cotidianamene.

"Deu um pulo e era uma vez
O cabritinho montês
...
Leão! Leão! Leão!
Foi Deus quem te fez, ou não?"

Na voz de Raimundo Fagner é cômico! ;)

sexta-feira, abril 22, 2005

No Porão

Nós, de tecnologia, encaramos o mundo mais ou menos com a mesma perspectiva de quem está nos bastidores de um palco: vemos um monte de coisas sendo feitas, fazemos uma parte delas, o show começa e termina. O espetáculo é muito confuso duvidoso, mas as pessoas, com medo de questionar, aplaudem achando que está tudo ok, mesmo que dê tudo errado. E os poucos que aparecem no palco continuam se enchendo de orgulho e poder.

Ou quem sabe: estamos gerenciando e pavimentando a estrada do futuro. Uma infra-estrutura sobre as quais as pessoas simplesmente não sabem quase nada, somente onde pisar. E que há por baixo? A garantia de que a maioria está sendo explorada.

Não quero compactuar com isso. Mas sou apenas um no meio da multidão.

Outra coisa (des)interessante: porque se trabalha cada vez mais, à medida que a tecnologia avança? Não era pra ser o contrário?

Tudo é divino, tudo é maravilhoso. - Apenas um rapaz latino-americano, de Belchior.

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quinta-feira, abril 21, 2005

Composições e Cadências

Ontem à noite estive na Cobal de Botafogo e numa reunião de amigos pra jogar em uma Lan na faculdade. Legal, legal.

Ah, agora o conteúdo deste blog é licenciado. E o do flickr também.

Ah, agora também dá pra comentar livremente no meu flickr (essa fotinho que aparece aí na direita).

terça-feira, abril 19, 2005

Àquele Que Nos Criou

Últimas conclusões? Acho que nenhuma. Só algumas novidades: adquiri um contrabaixo (irado, por sinal), que vocês verão em breve por aqui. Espero que também possam ouvir, pois vou fazer o possível para voltar a compor. E quero que tudo fique online, bunitinho.

Próximas aquisições até o final do ano: um tecladão e um micro decente pra gravar! ;)
Pra quem leu o novo texto à direita, já sabe do que se trata: um investimento.

De vez em quando o site http://rsantiago.no-ip.org estará online. De vez em quando haverá coisas interessantes pra pegar lá, mas esqueçam a parte de trabalhos de faculdade (exceto se vc for do meu grupo). Se quiser acessar e eu estiver online, me fala, que dá pra colocar as coisas no ar pra download.

Segue mais um conto, cujo título é o desse post:



Ele apreciava a natureza nas pedras, nos trovôes e nos choques das massas de ar. Havia uma coisa naquele planeta que o atraíra: água. Viveu a observar as possibilidades de evolução da terra, gostava do calor e da atividade vulcânica. Seria um lugar perfeito para haver vida. Depois de viajar bilhões de anos-luz, descansou por milênios, observando calmamente as ondas do mar.

Juntou um pouco de barro: tronco, pernas, braços e uma cabeça. Assim como ele próprio. Soprou no que seriam os ouvidos, e sussurrou:
- Faça-se a luz.

Da infinitude de seu olhar saíram seres alados e brancos, para que a vida encontrasse respostas.

Para que se pudesse aprender sentir o prazer de criar, presenteou a todos com a liberdade.

Continuou a vagar por toda a eternidade. Acompanhou a tragetória daquele barro molhado: foi logo atingido por um relâmpago, e dali despertou a primeira forma de vida. Caminhou por entre os grandes e antigos répteis, conheceu as primeiras civilizações. Utilizou a própria água para estirpar a criação que subverteu os valores que pregava. Ensinou todas as artes em seu devido tempo às pessoas propensas a aprendê-las e disseminá-las. Professou sua fé, ressuscitando após a a crucificação pelos seus próprios filhos, provando ser ele próprio o caminho, a verdade e a vida. Hoje se confunde no meio da multidão, sendo visto normalmente vestido com jeans e camisa de algodão. Suas palavras estão marcadas para sempre na memória ancestral de cada ser vivo: "Faça-se a luz". Estas mesmas palavras ecoam em nossos corações, como um alguém preso em busca da justiça pela bondade.



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"De papel passado e com firma reconhecida em cartório." - Samba da Bênção, de Vinícius de Moraes e Baden Powell.