terça-feira, maio 03, 2005

Hermeto em Montreux, 1979

Em 1979, o "bruxo" brasileiro da música contemporânea, Hermeto Pascoal,
se apresentava no palco de um dos mais consagrados eventos de Jazz do
mundo: o festival de Montreux, na França. A pacata cidade reúne
anualmente vários grandes músicos, e já estrelaram por lá Marvin Gaye,
Miles Davis e John Coltrane.

Em companhia dos integrantes de sua tradicional banda - incluindo o
baixista Itiberê Zwarg e o baterista Márcio Bahia, o velho Hermeto
mostrou que sua música é classificada como universal, apesar de ter
origem verde e amarela. Percorrendo canções clássicas de carreira como
Fátima, Maturi e Pintando o Sete, mostrou-se incansável. Durante a
apresentação tocou muito virtuosamente teclados, sax, flauta e alguns de
seus instrumentos ora improvisados, ora inventados, como uma tampa de
panela, uma chaleira, e um apito.

Muitas vezes estranhas ou incompreensíveis, as execuções foram
magistrais. Em Remelexo, por exemplo, Hermeto acompanhava com sua voz
todo o solo que improvisava no teclado, com um ritmo sustentado por
baixo e bateria. Em contrapartida, ao final da canção fez o teclado
gargalhar com cadências de acordes que imitavam o tom de sua própria voz.

Combinou melodias com harmonias de altíssima tensão, muito modernas, sem
deixar de lado levadas de baião ou samba. Acompanhar suas músicas
significa viajar - em um momento numa trilha tranqüila, como na canção
Bem Vinda, e em outro momento num mar sacudido, como em Quebrando Tudo,
onde os músicos alternam improvisos em um compasso bastante irregular.

Ao final do espetáculo, surpreendeu Montreux com a canção de mesmo nome,
que fora criada especialmente para o festival. O público se deliciou com
a suavidade da obra, que espelhava o ritmo de vida e o verde da cidade.
Para completar, na transição entre seu show e o de Elis Regina, fizeram
um dueto voz e piano considerado histórico para a música, tocando
Brasileirinho e Asa Branca.

Hermeto esteve onipresente no palco de Montreux, em 1979. Mostrando sua
imaginação sem limites e variedade de estilos, fez participações também
nos shows de outros músicos. Nosso bruxo transcende todas as amarras
musicais e respira a arte do som, mostrada no magnífico espetáculo,
reconhecido mundialmente.

Um comentário:

Mauro disse...

Hermeto é fodão mesmo, e montreaux fica na suíça, mas pode deixar que eu não conto pra ninguém :cP