Minhas viagens estão cada vez mais desastrosas. Pudera, se pelo menos me embriagasse com qualquer entorpecente, talvez me enganasse com um pouco de sonhos.
Trôpego, ingênuo.
Mas escolho entender, e quanto mais entendo menos me agrado do que há em volta. Mais prefiro sublimar. Mas ainda não posso. Não sem antes entender mais um pouco. É esse vício que não tem saída: a solidão.
Ou é simplesmente o ritmo imposto pelo que há à minha volta. São as porcarias das engrenagens disfarçadas de microchip. São as distâncias que nos une a qualquer ponto, e surpreendentemente nos isola de todo o mundo.
É a superficialidade de uma Quinta-feira. É o esperar de uma Sexta. É saber que haverá outra Quinta e outra Sexta. E me tranqüilizar com o pensamento de que um dia isso acaba.
Mas não posso me adiantar.
Qualquer céu ou inferno seria o mesmo: a monotonia (ou da mudança, ou da rotina). E, se queimar dói, a dor se tornaria nada, sabendo que o alívia nunca mais pudesse ser sentido. O inferno não é lógico, e tampouco o é o paraíso.
Ora, uma pedra é feliz por ser pedra? Esta pergunta não pode ter "sim" ou "não", se ela nunca deixou de ser pedra, e não teria conhecimento exemplificado do que é não ser pedra. Uma pedra não tem desejos.
Todos somos artistas à medida que os desejos nos fazem querer moldar o mundo. O que não adianta muita coisa, se sabemos que toda a matéria continua no mesmo universo, e que as energias apenas foram transferidas no espaço-tempo. Que também inventamos, por sinal.
Quero transcender meu universo. Não quero morrer, quero apenas cessar de existir, às vezes.
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