sexta-feira, outubro 23, 2009

Um Dia Diferente

O dia de hoje foi bem diferente do dia de ontem.

Eu acho que vou cumprir minha promessa esse ano: os anos seguintes têm que ser melhores do que os anos anteriores.

É isso.

quinta-feira, outubro 22, 2009

Uma Virada

Eu quero muito que hoje seja o último dia de uma vida normal.

Bom, eu não tenho uma vida típica. Não mesmo. Um trabalho em tempo ultra-flexível e muito bem pago, que faria qualquer professor de Yoga ficar perplexo. Uma esposa cantora, daquelas que não se vê desde a década de 50.

Mesmo assim, as perspectivas são duras e comuns... Eu tenho a perspectiva da massa, de que a vida é sempre muito complicada de se "ganhar".

* Eu tinha essa perspectiva. *

Na verdade, há alguns dias minha vida deu uma reviravolta. Minha cabeça está a mil por hora, estou "abundant minded", como dizem em inglês. Num estado de abundância mental. E não quero parar.

Acho que o disco da Manu não sai esse ano. Mas vai sair no ano que vem. Nosso esforço foi muito grande, tem sido muito grande, eu tenho certeza de sermos recompensados. Como já estamos sendo.

No Google é assim: se você procura, acha.

As respostas estão todas aí. O que ficou escasso agora foram as perguntas.

Pergunte-se: "como faço pra viver melhor?"

Talvez ele responda.

quinta-feira, agosto 20, 2009

Melhor e Pior

A pior coisa pra um homem
É ser relativista, pois aprende a se justificar.

A melhor coisa pra um homem
É ser relativista, pois aprende a se adaptar.

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sexta-feira, agosto 07, 2009

A Queda

Desde que não tombe
Não morra, não suma,
A queda


Vento, vazio, bala de canhão,
Gravidade severa
Terra, parábola, terra.


Pára-peito, humano conceito,
Morcego de patágio
Um vôo em um contrato


Cuja cláusula de rompimento
Delega a vida do criador
De volta às mãos de quem criou.


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sexta-feira, julho 24, 2009

Geração Exibcionista

Depois da Internet ganhar olhos, vêm aí os nossos filhos. A geração dos exibcionistas.

Aguardem as cenas das próximas puberdades.

quarta-feira, julho 01, 2009

Com O Tempo, A Gente Vê

Ontem eu estava em uma das reuniões de projeto no trabalho, quando de repente pintou uma conversa sobre pequenas mudanças no status atual de sua arquitetura (uma espécie de planta baixa do negócio).

Desenvolver software ajuda a manter alguma sanidade, com certeza. Quero fazer isso e compor músicas e escrever poemas até a minha velhice. Você tem que pensar nos detalhes do modelo, e em como as peças se encaixam... É como se tivesse uma espécie de lego dentro da sua cabeça, e você vai modelando o briquedo imaginário. Acontece que, com o tempo e a observação diária, você passa a entender padrões recorrentes, muito similares mesmo, em partes diferentes do sistema. Você enxerga através desses padrões um "cerne" que pode ser criado e reutilizado, que pode simplificar o seu trabalho. Materializando esse cerne, você pode usá-lo no lugar das coisas parecidas que existiam isoladamente uma das outras, e descartá-las. Esse exercício é mais ou menos o que faço em minha vida, desde que me tornei independente. Justamente por causa da profissão.

Um ponto contra esse tipo de comportamento e uso das coisas é o de se formar o pensamento engessado. Você se acostuma com aquela zona de conforto, com o tal cerne, e ao precisar mudá-la, não faz a mínima idéia de como começar, e é até mesmo resistente a ela. Você acha que, porque tudo está indo bem, não precisa arriscar nada novo. Comigo, isso acontece durante certo tempo. Acho que com você também.

O momento onde o universo está bem confortável e previsível é bom para o descanso. O momento em que a monotonia e o marasmo chegam é provavelmente o momento em que você já descansou demais. É hora de se arriscar de novo. Reinventar o universo.

Novamente, por causa da prática da observação, você verá coisas que precisam ser melhoradas. Vai olhar para o ambiente e observar coisas necessárias, e coisas desnecessárias. Vai querer varrer a casa, trocar os móveis de lugar, se livrar de coisas antigas e obter coisas novas. Vai encontrar um passatempo novo, uma nova maneira de trabalhar, e vai refazer seu universo.

É claro que, se tivéssemos controle total sobre nossas vidas, nada disso seria um problema. Mas às vezes precisamos fazer mudanças radicais, por motivos externos. Uma avalanche, ou uma ligação podem determinar uma ruptura na sua rotina de invenção, usufruto e reinvenção. Um número incontável de coisas podem te jogar para uma outra direção.

É perigoso viver com todos os riscos. Mas é natural. Quando os pássaros fugirem de suas gaiolas e tudo sair do seu controle, é necessário olhar para dentro e pensar: isso é parte do que o mundo é, e eu não o controlo. O que eu sou está aqui dentro. Não é igual a ontem, e não vai ser igual a amanhã. Mas pelo menos aqui dentro eu posso imaginar o que quiser, e ser quem eu quero. Posso tentar derramar um pouco de mim pra fora, mas não posso garantir que a parte de fora seja eu, mesmo que tudo seja muito parecido com o que quero, daqui de dentro.

Com a "metamorfose ambulante" que somos, sempre olhamos para o mundo e encontramos coisas dispensáveis e coisas que faltam. Dispensáveis e ausentes em um segundo podem até mesmo inverterem posições em seguida. Aplicar o esforço pra mudar isso é uma opção, mas certamente, com o tempo, a gente vê. Senão, não seríamos nós. Seríamos só matéria prima.

quinta-feira, junho 04, 2009

Dreamhost e o LoungeBR

Meu querido podcast de música brasileira pra gringos sumiu. Aqui está o parecer do suporte:

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Sorry about the downtime. It appears that the script which moved your
account to the Dreamhost Private Server didn't complete last night. It
had finished moving all the FTP users to the new server, however the
sites themselves were still set to host from the old server. This was
causing problems because the files couldn't be accessed by the server. An
admin just finished running the move and everything is setup properly
now. The sites are loading for me, though you may need to wait a little
while for the DNS to propagate. If you have any questions then please let
me know.
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Acontece que o endereço web (loungebr.com) pode ser acessado, mas o blog sumiu com tudo dentro. O atendimento do suporte demorou 20 horas pra me dar este parecer, vamos ver quanto tempo mais demora pra resolver os arquivos que se foram.

Probleminha sério. Como ele pode dizer que o site está 'loading' pra ele, se não há nada lá dentro??

Isso me faz pensar que eu tenho que reformular o tema do LoungeBR. Algumas coisas estavam muito confusas. Ainda tenho os podcasts das edições passadas, mas não tenho nenhum conteúdo textual do blog. Perder as 10 primeiras edições vai ser uma dor de cabeça.

sexta-feira, março 27, 2009

Tabu e Hipocrisia

Já pararam pra pensar que, quanto mais a sociedade derruba tabus, maior é a hipocrisia do homem? Não que seja uma o motivo da outra, mas parece que são correlatas de alguma forma. Eu sinto que nos lugares onde há a atitude religiosa fundamentalista, a comunidade é guiada por um senso de justiça local supremo. Chame esta vissicitude de fanatismo. Mas os fanáticos em geral ao menos servem de todo o coração e em sua maior parte são verdadeiros e coerentes os seus sentimentos, suas palavras e suas ações.

Esta sacralidade dos atos dá aos homens a sensação de estarem sendo observados 24 horas/dia por sua divindade. Ela não dorme, não descansa e é infalível. Sua vontade não pode ser julgada por homens, e o que quer que aconteça é devido à permissão dada pelo divino.

Nas sociedades modernas (portanto, mais céticas), a sacralidade é perdida. Todas as leis são acordadas entre homens. Nestas comunidades, criadores e criaturas se misturam. O sistema é desenhado e redesenhado por mortais. Aqueles que cumprem são os mesmos que fazem. O poder do ego é grande nestes casos. Se um indivíduo julga necessário roubar para continuar sobrevivendo, ou se julga matar necessário, cria-se um mini-tribunal instantaneamente. O infrator sabe que não pode ser pego por Deus - Ele tende a "não existir". E sabe que dos outros homens, pode tentar escapar. Afinal, são seus iguais.

Nós precisamos de um "inimigo" externo. A consciência de que existe um Deus (ou vários) à sua espreita aumentam as chances de você obedecê-lo(s), uma vez que você não compreende a natureza de tal criatura.

Na sociedade moderna, palavra, ação e sentimento podem ter caminhos completamente diversos. Neste momento, surgem os vícios, as mentiras e a violência.

Como exemplo, posso citar o filme Watchmen. Concordei plenamente com seu desfecho. Quantos filósofos já não disseram que o nacionalismo é o diabo?

Analogamente, a forma de "criação e recriação" que se manifesta nas artes pela web é um modelo claro de que os homens não estão dispostos a absorverem material de outrem sem reeditá-lo e repassar à frente com seus próprios valores embutidos. O mundo digital segue esta regra, e ele é o fruto mais transparente da vontade humana.

Para uma sociedade mais civilizada, mais respeitosa e verdadeira, os tabus devem cair. Mas a sacralidade deve continuar, do contrário, corremos o risco de nos tornarmos uma sociedade completamente injusta.


Este vídeo
é sobre um homem que resolveu viver biblicamente durante um ano. Seguindo o máximo de preceitos que conseguisse. Muito interessante.


Este outro vídeo
mostra o estudo de um cara sobre trapaças, bolsas de valores etc. Muito instrutivo também.

sexta-feira, março 20, 2009

Sobre Jornais e Mídia

Os grandes jornais do mundo estão sob perigo de extinção. Vamos colocar sob o ponto de vista mais clássico: os Tiranossauros estão face-a-face com um meteoro astronômico. É a web com seu livre tráfego de informações.

A sabedoria popular nos diz que os super jornalistas estão empregados nos super jornais. Esse sentimento é tão íntimo e a intuição tão verdadeira que achamos um absurdo esses grandes jornais terem sua receita reduzida por causa da web. Afinal, essa reportagem de alta qualidade é indispensável, e em tese, precisamos pagar por ela. De outra forma, estaremos alienados do mundo, certo?

Eu tenho aqui um pensamento, e quero compartilhar com você. O jornal, da maneira como o conhecemos, é idéia passada. Acontece que, agora, você passa muito mais tempo consumindo informações de sua 'vizinhança' do que indo aos jornais. Coisas de blogs, redes sociais, twitters dos seus amigos. Hoje você tem muito mais amigos do que na sua infância. Se você ainda está na infância, esse é um momento de sorte. Eu sei o que é ter menos de uma centena de pessoas sabendo o que eu estou fazendo.

O maior e mais crescente truque dos jornais para manter suas vendas é o escândalo. O escândalo é trivial, interessante e completamente dispensável. Mas atrai a atenção.

Os últimos hits campeões de venda de jornais são todos sobre crianças. Estupro, violência, roubo, cárcere de criança, até criança grávida de outra criança. Será que estas coisas nunca aconteceram? De repente o mundo ficou pior? Ou essa foi a fórmula mais recente pra vender jornais?

Nenhum papel impresso pode me trazer o acontecimento mais importante da semana. Tampouco uma matéria online. Mas é óbvio que na internet eu consigo muito mais informações sobre um assunto de meu interesse do que em um jornal. Eu não precisava dizer, mas alguns hão de ter como surpresa de que o número de acontecimentos importantes é muito maior do que o número de páginas de um jornal. O número de olheiros que uma instituição dessas tem é muito menor do que o número de lugares onde eles devem estar. A história se conta assim: você deve estar no lugar certo, na hora certa. Nenhum jornal pode estar em todos lugares ao mesmo tempo no mundo. Só no Big Brother você consegue ter gente o suficiente olhando tudo ao mesmo tempo. Mas nem tudo passa percebido. A interpretação de um fato é característica intrínseca de um indivíduo, e é provado que nós geralmente não enxergamos o que não esperamos enxergar, por isso o óbvio muitas vezes passa à nossa frente com uma melancia pendurada no pescoço e não damos bola.

Cercar todos os espaços durante todos os segundos com olhos suficientes cujas cabeças são compreensíveis a tudo instantaneamente... Isso é impossível hoje. Por isso, acho que os jornais são em geral cegos aos 'grandes fatos'. Aqueles que realmente mudam as nossas vidas. Não até que elas já tenham mudado. Um exemplo disso é, e eu hei de me orgulhar disso, a cultura geek, dos nerds. Todas as grandes inovações em redes sociais foram inventadas pelos nerds. Eles hackearam a sociedade e o jeito de se relacionar das pessoas. Na minha adolescência, a cultura online era ignorada pelos demais. Hoje ela é onipresente e consumida em excesso pelas mesmas pessoas que me criticavam há dez anos atrás.

A limitação no escoamento de informações relevantes é diminuída pela web. Um exemplo disso é o TED, uma conferência a quem fui apresentado há poucos dias por um amigo. Se eu fosse você, assistiria a um vídeo por dia, pelo menos, aqui no youtube. Com mais de quatrocentos vídeos publicados, a maior (mas não única) conferência de design, tecnologia e entretenimento do mundo colocou à disposição dos habitantes do planeta não excluídos digitalmente todo o acervo das palestras que executa. Significa que, durante o ano inteiro, você pode assistir a todos os vídeos, um por dia. Tomar sua dose de lirismo e inspiração junto com o café da manhã e partir pro trabalho. Você não vai consumir tudo antes que eles coloquem outras mil palestras online, com mais tantas idéias novas que só de pensar eu me deleito.

Então... O que sobra pros jornais? Alguém vai me dizer que é importante monitorar o que o governo anda fazendo com o dinheiro do contribuinte. Isso é uma verdade. Por isso as novas iniciativas de governo transparente surgiram com a web. Dois exemplos: Obama e Gabeira. Quer mais? Petition online. Os resultados de investigações e CPIs, a denúncia da violência urbana... Tudo isso hoje é o papel de um jornal. E por isso as pessoas pagam. A arte já não tem a mesma graça quando lida, depois da invenção do myspace.

Mais pra frente, teremos estruturas que permitirão ao curioso ocasional checar se está tudo bem com as contas do governo através da internet. E caso não esteja (o que geralmente será verdade), ele poderá publicar sua denúncia. Com o potencial de difusão das redes sociais, os escândalos governamentais serão propagados em vídeo por pessoas como eu e você, totalmente comuns, que terão sua glória adquirida por desempenhar o papel de vigilante voluntário. Não totalmente voluntário, uma vez que os mais empreendedores e obstinados irão lucrar pessoalmente com isso - é o ressurgir daquele moleque na idade média que saía gritando as notícias recentes pela vizinhança.

Acho que já descorri demais e você entendeu a idéia. Não tenho outro ponto a não ser este: os jornais diminuirão de tamanho. Não fazem muito mais sentido. O problema não é "qual é a saída para os jornais?", mas sim "qual é a transformação que se dará?". Porque, afinal, com qualquer blog online, gratuito ou muito barato, qualquer grande jornalista pode ter seu próprio veículo de notícias, e ser muito mais autêntico e simpático do que qualquer grande marca sem um rosto.

(Edição)

Acabo de encontrar esse vídeo interessante no TED, de uma palestra dada pelo fabuloso Tim Berners Lee, inventor da internet. Tem tudo a ver com o que escrevi aqui:

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Wordle

Esse é o meu wordle. Minha vida em palavras-chaves.

Wordle: Progresso Wordle

quarta-feira, janeiro 28, 2009

Nasce a Acássia

No frescor que vem do alto
Sob o orvalho que reluz
Na manhã ensolarada
Matas virgens, braços d'água
Na doçura de um jasmim
Que dez mil vai semear

O tremor da depressão
Tal transformação conduz
Na transfigurada encosta
Indaiás assistem e choram
Longas eras até aqui
Tantas mais a se cumprir

Um tufão de passarada
Dos ipês se desviava
Ao surgir da ribanceira
Tanto bicho a se banhar

Há a noite e há o Sol
Tempestades e tormentas
A ninhada derradeira
Todas onças morrideiras
Seres prestes a sumir
Porque o tempo vai passar

No agouro de uma estrada
Os pequenos se matava
Tanta pele pelo chão
Infeliz do bom coati

Há a dor e há o mar
Há trovões a desabar
Há o mundo a desandar
Um fulgor por trás de tudo
Lá do cosmo a comandar
No milagre do existir
No quiçá do tal porvir

Nasce a acássia.



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terça-feira, janeiro 27, 2009

Para Todo Efeito

Aproximar-se da morte
É sentir-se, finalmente, vivo.

quinta-feira, janeiro 22, 2009

O Estúdio Assusta

Visitar um estúdio profissional é intimidador. Inúmeros equipamentos, qualidade de som realmente absurda. Mas eu me acostumo. Deixa minha cabeça voltar pro lugar.

A gravação das duas primeiras músicas foram feitas no estúdio Copacabana, do Anderson Rocha. Por uma graça do destino e do gosto, a Manu resolveu começar o disco pelas duas músicas que dei a ela. Eu não interromperia o curso da ordem de gravação, pra mim essa escolha foi um belo presente! O Técnico foi o Márcio Lyra. Muito, muito bom. Já produziram audio pra Leila Pinheiro, Tony Garrido e muita gente do samba grava lá... Várias feras.

No Domingo estaremos com o Rodrigo Vidal pra mixar as duas primeiras faixas. Esse cara é um dos papas do audio no Brasil. Discos inteiros pra todo mundo da grande MPB. Conseguimos seu toque pessoal nas duas faixinhas, o que também serve pra circular a voz da Manu pelas cabeças da nossa música. O contato veio através de dois amigos da época do Cefet, que hoje tocam na surgente banda Playmobille: Lemmings (baixista) e o Sperduto (guitarra solo). Fazíamos parte da mesma confraria de amigos que tocavam violão no pátio (eles muito mais do que eu, que usualmente fazia os poemas). Imagine como o mundo dá voltas e o que foi a nossa formação musical dentro de uma escola técnica, rsrsrsr. Pais, tomem cuidado com o lugar onde matriculam seus filhos. Dois alunos de mecânica formados baixista e guitarrista, respectivamente. Um aluno de eletrotécnica formado poeta e compositor de música popular.

Estamos comprando o ingresso pra uma viagem muito interessante. Confrontando nossos receios com o resultado da realidade e tirando daí o que só pode ser sucesso.

Este é mais um dos meus momentos de turnover. O mundo não se mexe por nós. Nós temos que tentar um pouquinho que seja desviar alguns cursos de água pra nos saciarmos. Temos que mover o mundo. Parte das coisas que prometi, não fiz. Mas um pouco que faço pode significar muito no futuro. Tenho toda esta dificuldade de concentração, mas estou neste momento apontado pra uma única direção, graças a Deus.

Mesmo que não seja sucesso da maneira convencional, teremos um pequeno patrimônio em forma de canções. Patrimônios espirituais e culturais, e não poderemos nos condenar por não termos feito tudo o que estava à nossa disposição e alcance pra mudar o nosso 'real', trazendo um pouquinho de prazer ao 'real' de quem se ama também.

Já disseram inúmeras vezes à Manu que ela tem potencial e talento. Eu pensei numa coisa esses dias. A Manu não é uma promessa, como tantas cantoras da nova e magra safra de famosas. Manu é uma realidade desassistida da MPB, como algumas pessoas que conhecemos e outras que ainda não. Esses casos estão por aí, espalhados e quase (ou já) desesperançados.

As zebras são dominantes hoje. Sabe? Rebanhos de gente igual, com uma personalidade parca e magra são os representantes culturais. Todas com listrinhas pretas e brancas, exatamente iguais. Pálidos. É possível que seja a melhor representação de um povo como está o brasileiro, sem educação ou valores morais. Salvas as figuras das safras anteriores, que sobreviveram com seus méritos.

Dentro de uma catástrofe financeira mundial e um choque provocado especificamente na indústria fonográfica com o advento da mídia digital e das redes, um castelo de cartas desaba. As ondas das figuras pop se tornam menores, e na lavoura de novos talentos os lavradores tomam como amostras um grupo que, estatisticamente, tende a ser a média. É dar tempo ao tempo.

A mídia passa ao largo das aves mais coloridas, dos bichos que sabem voar. Talvez este seja apenas um devaneio Marxista ou Orwelliano, mas eu tenho a impressão de que muita história vai acontecer e mudar pra melhor. Eu sou um beija-flor. Uma ave. Pequenininha, que não leva mais do que uma gota em seu bico pra tentar aplacar o incêndio que pode levar a floresta abaixo. Mas sei fechar meus ouvidos ao que a difusão tenta promover, também conhecido por mediocridade.

É dar tempo ao tempo. Os novos pescadores hão de encontrar suas pérolas. Elas são descobertas da noite pro dia, depois de tanta gente achar que o status quo era a "verdade verdadeira" e predominante. E um monte de casas, que não era pra estar de pé, cai.

Depois de ter grande talento, reconhecimento, moral irretocável, amigos e recursos, torço pra que a Manu tenha sorte. Ou continuará pérola em uma ostra do mar, longe dos olhos de pescadores, joalheiros e reis. Mesmo que com lindo CD na mão. Mas assim é a passageira vida, e nós temos que lidar com essa possibilidade.

Não sei qual dos caminhos pode nos fazer entender melhor que tudo isso é uma ilusão. O que estou fazendo aqui é conduzindo-nos a uma bifurcação.

Agradecimentos especialíssimos à banda. Giló, percussionista e amigo que conhece Manu de muito tempo antes de eu conhecê-la, e que também acompanhou a Amelinha, a Alcione, a Joana. O Tuca Alves, apresentado a nós pelo Giló. É nosso maestro, de mão firme, mas sempre muito gentil, brincalhão e atento às necessidades musicais da estrela do grupo e do compositor "dono da gig" (eu, rsrsr). Rômulo Gomes, Camilo Mariano, Stanley Netto e Nina Pancevsky todos grandes figuras dos bastidores da grande música, trazidos pelo Tuca e que nos deram o melhor apoio com seu know-how da indústria e sua avaliação do trabalho. Márcio Lyra, Anderson Rocha: muito obrigado pelo carinho, pela atenção e pelos ouvidos.

É isso. Daqui a algumas horas a Manu canta, e o registro será eternizado.

quarta-feira, janeiro 14, 2009

Indaiá

Indaiá
Memórias fazem o cativeiro perdurar
Oxalá
Meus ancestrais vivessem pra me ver lutar
Ao luar
Quem partir de mim
Vai desabitar
As estrelas
De lá do céu brotar


Indaiá
Já não se entrega o cavalheiro se errar
Oxalá
Meus pais viessem pra me ver lutar
Afinal
Ao sofrer aqui
Vou desencarnar
Virar estrela
À noite o céu pintar

No tengo corazón
Yo vivo muy cerca de morir
Ai, ai, ai
Ai, ai, ai
Dolor del alma
El regreso está aquí

Indaiá
As mesmas coisas não te fazem melhorar
Oxalá
As minhas bodas se fizessem realizar
Mas amar
É morrer sem ir
No desencontrar
Sem apreço
Deixar-se abandonar



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segunda-feira, janeiro 12, 2009

Gaza

Isso aqui não é filme.

PUC-Rio


Amigos do Quinteto.

Mário, Brunno, eu, Diogo e Nelson. Da esquerda pra direita.

CEFET-RJ



Essa era a turma que voltava junto de trem lá no CEFET, no meu segundo grau. Uma hora e meia todo dia de viagem na ida, e depois na volta.

Da esquerda pra direita: Feio, não lembro, Clarissa, Ramones, não lembro, não sei, Noronha, eu e Fábio. O restante é passageiro.

Sobre os Sisos

Tive dois sisos supranuméricos inferiores, um de cada lado.

Ou seja, seis sisos.

A cirurgia dos dois primeiros foi feita sem problema, um em cada sessão. Eram os superiores. Nos dois inferiores direitos foram removidos também, em uma sessão, mas tive a sensibilidade da metade direita da minha língua afetada. Ela meio que "embolou" os sentidos, e olha que foi feita com um dentista bem experiente. Os dois inferiores esquerdos eu pensei em não tirar, mas não vejo mais como evitar, dado que estão bem grandinhos e um deles empurra a raiz do outro para fora do maxilar. Além disso, preciso utilizar aparelho (depois dessa, como não deveria?!?!) e só poderei fazê-lo se fizer esta cirurgia, que só pode ser feita por um buco-maxilo, porque a disposição da arcada ficou bem complicada depois que os sisos cresceram.

Surreal, eu sei. Considero-me feliz, mesmo assim ;-)

Criei coragem depois de quase dez anos da última cirurgia. Será bem mais sério, mas é necessária. Vamos ver se a coragem perdura até o momento da cirurgia ser feita ;(

domingo, janeiro 04, 2009

Mestre Jabuticaba e o Partido Alto de Jorge Ferreira

Fiz uma brincadeira com um samba improvisado pelo tio Jorge, padrinho da Manu, debutando como compositor por motivos de pressão maior. Estreando o gogó de ouro de Jabuticaba, "Botando Pá Quebrar", que é a minha imitação da voz do meu pai aliada a um sotaque alcoólico de puxador de samba. O nome do intérprete fictício é uma paródia em homenagem ao eterno Jamelão. Revelo-lhes a minha vertente secreta do samba de raiz, totalmente desafinada :P :P

O nome da música é Convite do Compadre. Daí eu dei uma fantasiada, e inventei o grupo fictício Quadra da Comu. Nada disso existe, claro... Ficou, no mínimo, intrigante, mas a música é um partido alto muito bem feito pelo Jorge.




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O Vero Amor Desfaz

Dilascerou meu peito em vão
Só de pensar eu sofro mais
Ai, essa dor na minha vida
O vero amor desfaz

Você chegou por maldade
Vestia toda a inocência
Ao desejar teu amor
Eu tive minha sentença

No mar revirado não vi
Farol que se aproximava de mim
Mas a vida não quis

É espinho que fere o destino
Aparto de mim este fel tão ruim




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sexta-feira, janeiro 02, 2009

Para o Novo Ano

Ano passado eu acabei um bocado com a minha integridade física. Vou recuperá-la este ano, porque ninguém fará isso por mim.