quinta-feira, julho 29, 2004

Manaus 3

Aqui segue meu 3o relato sobre Manaus. Serei breve, porque tenho que dar um check out do Adrianópolis. Malas arrumadas, Sebastião Tapajós de fundo musical. Ontem fomos à tão esperada reunião. Realmente, Manaus está pra peixe (Pirarucu, por favor). Pode dar o calor e a umidade que quiser, vou sentir falta dessa tranqüilidade quando chegar ao Rio. Chegar ao Rio é inevitável, e eu gostaria apenas que não fosse tão longe. Fomos ao boliche ontem, pra jogarmos sinuca (?!). Ótimo lugar! Rebecca, Flávia e algumas amigas jogando em uma mesa à la "clube da Luluzinha" foi a parte mais engraçada. Mesmo jogando mal, ganhei a maior parte das partidas (aff, meus parceiros jogavam muito!). E ali eu via Manaus como um bom lugar pra se divertir. Uma área grande, com centro de convenções, restaurantes, nem sei como se chama...
A apresentação do projeto seguiu como o esperado, e as pessoas que estão dando suporte aqui no P&D sabem o que estão fazendo. Mais contatos feitos.
O que mais dizer? Acho que é isso. As partes mais naturebas eu não pude ver, fazer o quê? Voltando ao Rio, conto os detalhes.

O problema do trânsito, continua... E até os manauaras reclamam. Não, não são engarrafamentos. É que o povo aqui dirige MAL pra caramba!

Nunca chame um manauara de fuleiro. É morte na certa!
Nunca compare-o com um paraense. Rivalidade pior do que paulista e cearense.
Experimente o tacacá. Não faça como eu, que não tive tempo de fazê-lo.
Coma tanta tapioca quanto quiser. Aqui tem demais. Tudo é de tapioca.
Alguém já viu prostitutas em esquina de bairros residenciais? Pois é, eu também achei estranho pacas, e uma falta de respeito enorme.
Não visitei o Distrito Industrial nem a Zona Franca. Uma pena, novamente. Melhor dizendo, se passei por lá, nem me disseram. Queria é reparar.
Rebecca, Márcio, Cláudio (Abacaxi), Gustavo, Afonso, Angel... Obrigado a todos pelos bons momentos ;)

Te Preciso

Como nunca senti tanto
Tanta falta de alguém
Tento ler tua imagem
E na memória, este rosto

Tua face nos meus lábios,
Tento. Teus beijos que quero,
Tento. Tuas mãos cruzadas
Na cruz do meu peito, tento.
Tento tanto que te sinto perto.

Teria eu o mundo se tivesse
Teu corpo adormecido aqui
Deitada, do meu lado
Trazida até mim, tanto desejo.

Teria tudo o que sempre quis
Se você aqui estivesse sempre
Para sempre o desejo terno
De ter você no meu eterno peito.

Te preciso como qualquer coisa
Que só existe quando faz par
Com sua perfeita metade.
É a receita da necessidade,

Toda composição, contraparte,
Toda falta que você me faz.
Mais que poesia do eu sem você
Sou o nada sem o tudo que és.

Te preciso, como se medisse
Todo o tempo que falta
Pra encontrar meu infinito
Preciso e precioso destino.

Então, que não passe o tempo
Vem, traz teu macio beijo
Que não quero ser perdido.
Te digo em verdade
Não desejo nunca ser parte
Desencaixada de você.



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Ainda Sobre Manaus

Bom, minha Terça Feira em Manaus foi bem corrida. A impressão que tenho é que esta seja uma cidade em expansão absoluta. Aqui há muito crescimento, e vejo o quão mais importante esta cidade será daqui há algum tempo. Hoje mesmo, Manaus já movimenta muito valor em eletroeletrônicos. A parte maravilhosa é saber que aqui tem mato (floresta amazônica, somente), e eu adoro mato! A parte ruim é, como disse no post anterior, os váááários prédios em construção. Chega a ser um pouco grosseiro, mas todo o lugar em que você olha, vê prédios sendo preparados para os próximos habitantes. Manaus está sendo invadida, e isso pode ferir em muito a identidade da cidade. Sem falar do impacto ecológico. Em compensação, é uma cidade que eclode economicamente, numa velocidade surpreendente. Como disse para um dos meus colegas de trabalho: aqui, tudo o que se planta, dá (cuidado com interpretações maliciosas).
Descobri que o restaurante do Adrianópolis, hotel no qual estou hospedado, é muito bom. O Mostarda Buffet também é ótimo. ;)
Becca, foi mal, coleguinha... Pelo segundo dia saí tarde do trabalho, e não pude ir pra noite... Aff, e ficar até Domingo não vai dar... :((
Queria conhecer melhor esta cidade e todas as belezuras que sei que há por aqui. Não estivesse na faculdade ainda, pediria transferência para cá, pra conhecer melhor este recanto de oportunidades dentro da Amazônia.
Dica pros homens solteiros: aqui há todo o tipo de mulher, e há muita mulher bonita. Como disse no post anterior, 10 mulheres por homem... É uma proporção bem legal! :P ;)
O Rio Negro eu ainda não pude ver, iiiiiiiiiinfelizmente. Só de noite mesmo :(
As pessoas daqui são muito amigáveis. Sinto-me um pouco em casa, no quesito hospitalidade. Na verdade, acho que é mais fácil encontrar alguém agradável aqui do que no Rio.
Ter vindo a trabalho foi bom, profissionalmente. Mas não dá pra aproveitar nada da cidade em si.
Enfim, gostei, e espero poder voltar com mais calma ;))


Saudações, Manaus!

As mais concretas árvores
Plantadas sobre rios cinzas
Podem fazer mal sobre o verde
Que transpira, sob o total
Amazônico céu.

Quente o Sol que aqui brilha
Tendo o escoadouro do Rio Negro
Ilha industrial em meio à mata
Manaus, uma cidade a eclodir
E impiedosamente vacila
Destruindo o verde ao crescer.

O ar puro e limpo fascina
De respirar, fico feliz
Manaus, qual será a tua sina?
Oro para que nunca percas
Tão firme e formosa raiz
Vejo promessas, vejo potência.

O que resta daqui? Lembranças
Digo que agora estás na alma
De tão saudoso coração
Daqui a dois dias, vou embora,
Manaus, minha mais nova paixão.

Prometo, volto sempre que puder
Vou te descobrir aos poucos,
Terra linda de calor, de suor
Que chora no verão,
De gente que é só coração.


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E pra finalizar, mais uma poesia, em homenagem à saudade maior de todos os tempos da minha vida:

Fala o Silêncio

Por teu silêncio, falarei
Quero ser tua voz que cala
Feito que a auspiciosa mudez
Preenche o fundo de tua melodia
Melancólica alma, sê feliz.

Faça assim não, que sofro
Se me tiras a tua voz,
Perco minha fala
Se me retiras tua presença
Como farei pra te amar?
Amar assim, de longe
Quero ser perto,
Quero ser teu.

Faz assim não, anjo
Que me meto em estrelas
De pensar onde tu estás
Faça assim não,
Que o aço amolece
Vira água, transparece
Translucida tua imagem
Somes na minha frente
Pois então, não fujas

Faça assim não
Que a forma me some
Faça não, que prefiro
Saber que estou me indo
Ao pensar que tu, não mais

Se quiser, anjo,
Faça de meu coração teu lar
Aqui há castelos, há céus
Há tudo de melhor, paraíso
Para que comigo venha viver.

Faça assim nao, vamos aprender
Ousar de novas coisas,
Encarar o que vier
Matar o que não servir
Vamos ser assim, felizes.


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terça-feira, julho 27, 2004

Manaus é...

  • Muitos prédios em construção
  • Muitas pessoas imitando o Rio e Salvador
  • Muito calor, e muito mais umidade do que no Rio. Aqui, o inverno é chamado verão, porque chove demais no verão, então as pessoas não podem sair de casa.
  • Muitas indústrias e fábricas
  • Muito preço na comida. Acredito que o escoamento de primários não deva ser tão legal.
  • Péssimos restaurantes, pelo que me consta até agora.
  • Ponta Negra, que é uma cópia da Barra da Tijuca. A orla fica no Rio Negro. Tem direito a playboys e tudo mais.
  • 10 mulheres por homem. Há 1 mês atrás, eu iria me perder. Obrigado, Nina, por me ajudar a manter a razão. Já disse o quanto te amo?
  • Pouca educação, infelizmente.
  • Transporte público de péssima qualidade. Tudo é taxi.
  • Rios de dinheiro, provavelmente mais volumosos do que o próprio Rio Negro. Muita gente pobre. Alguns pouquíssimos tem MUITA grana.
  • Diversão muito repetitiva. Muito pagode.
  • Pouca violência. Quase nenhuma, na verdade.
  • Saudades do Rio e do frio. Chegando aqui, logo fiquei resfriado e com a gargata ruim, pedindo arrego. Tudo por causa do choque térmico. Hoje fiquei aéreo o dia inteiro, por conta da energia que meu corpo tá gastando pra me readaptar ao local.
  • Saudades, saudades e saudades...


E novamente, ouço Corcovado, por Sarah Vaughan:
The meaning of existence of my love...

Preciso de uma companhia agradável e amiga pra passar os dias aqui. Rebecca, thx a lot!
Me disseram que eu ronquei na noite passada. Dado que sempre acampei com meus amigos, dividia quartos com minhas irmãs e ninguém nunca antes reclamou, posso assumir estatisticamente que este foi um caso isolado. E se um dia eu começar a roncar de verdade, vou escavar minhas fossas nasais com uma enxada de pedreiro pra não acontecer mais. Ainda tenho que me certificar de que isso não é um caso de frescura do meu companheiro de quarto.
Ontem, comi açaí daqui de Manaus. Um pouco melhor do que o do Rio.




Quero

Quero que pense bem
Nas palavras do momento
Cuspidas acidamente, com
Sentimentos que se desfazem
Ao escrever da amargura que me
Machucou as entranhas, ao padecer
Das convicções de meus dias passados.
Não, nunca quererei ferir a alma amorosa
Que me acolheu em tão febril inverno amoroso
E me fez chorar em lágrimas de ouro e diamante.
Se Ele me olha e me faz senti-lo através desta alma
Farei dos meus dias os melhores ao lado dela. Carpe Diem.
Adorarei a todos os momentos pelo presente, e serei grato por
Se fazer presente em tão grato sentimento, mesmo que inverso por
Alguns momentos. Assim, crescerá como o reflexo do sol na água, como
Cada história dentro de nossa história, dentro da história do universo
Até que cada uma das poéticas prosas ou poesias em rima façam todo o sentido.
É de minha missão proteger-te de todo o mal, e quero eu mesmo não fazê-lo. Quero
Que nunca te faças escondida, porque me machuca como nunca antes machucariam-me. Quero
Tão somente que
Me ame como
Te amo.


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É bem possível que tenhamos adormecido todos exatamente no mesmo instante.
E assim, continuo feliz. Mas também continuo semblante puro. Hoje me perguntaram por que eu estava triste. Não, não foi culpa sua. Foi causa nossa. E já ganha. Daquelas que não têm como recorrer. Tenho a certeza de que vamos solucionar todos os problemas do universo. É só haver comunicação. Este é o melhor universo de nossa época.

Life And Perfection

Everything is tied to a Purpose
And every Purpose to a Dream
Each Dream to a Person
A single Person to many Others

This imagination
That Binds us to the world
All Ilusions
Every vision of Perfection

All Beauty and Truth
Shall not be shadowed
By these times of deception

Get your heart
To the closest meaning of living
Get Your mind
To the closest feeling of relaxation
Get your freedom
By engaging yourself
Playing your role in the World


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sexta-feira, julho 23, 2004

Esperas e Preconceitos

Eu adoro minhas primas. São realmente umas fofurosas aquelas duas: Layla e Nayara. Na ordem da mais velha pra caçula.

Primas

Layla é mais atirada
Nayara é mais espertinha
Nayara tem jogo de cintura
Layla é criativa
As duas são muito engraçadas
As duas às vezes
Conseguem ser muito chatas
O Júnior, cachorrinho, quem o diga.
A mãe, é minha tia legítima
O pai, tio emprestado
Amo as duas, demais
E aqui, deixo registrado.


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É De Manhã.
(Caetano Veloso)

É de manhã, é de madrugada,
É de manhã.
Não sei mais de nada,
É de manhã,
Vou ver meu amor.

É de manhã,
vou ver minha amada, é de manhã,
Flor da madrugada, é de manhã,
Vou ver minha flor.

Vou pela estrada
E cada estrela é uma flor,
Mas a flor amada
É mais que a madrugada
E foi por ela que o galo cocorocô.


Bom, vamos a mais uma edição.
  • O frio que me consome na minha casa me deixa em calafrios, mas pouco temo, porque a felicidade de estar junto da família me aquece muito mais.
  • Por um imprevisto, meu amor está vindo para o Rio, o que vai nos proporcionar mais um encontro! ;)
  • Amanhã temos um show à noite, da banda Publius, na Gafieira no Campo de Santana, Centro do Rio.
  • Domingo de manhã estarei indo para Manaus, a trabalho. ÊÊÊÊêêêêêêêêêêê!!! Primeira viagem a trabalho!
  • Tenho uma novidade que vai alegrar muito o coração da minha mãe! Um presentão para a maior mãe de todos os tempos!


Asco
Não sei o que dizer daquela cena. Ela entrou no ônibus com toda a sujeira em seu olhar e pele. E todo o desdém na face, como quem perdeu o tempo, como quem fora perdida pelas boas oportunidades, e não estava nem aí pra isso. As oportunidades que agarrou? As ruins. E os hábitos. Sua presença me incomodava com aquele saquinho de pipoca, e toda a ansiosa gula com que olhava esganosamente para o tal saquinho, que de tão pouca pipoca mal cabia em sua mão. Era um pouco gorda também. Uma tristeza que fugia de seu olhar eu notei quando ela sentou desrespeitosamente sobre a cobertura do motor do ônibus. Apoiou os cotovelos sobre os joelhos rosa-choque de naylon. Esvaziou a mente. Cuspiu no chão do ônibus. Ela cuspiu no chão do ônibus. E cuspiu de novo.
Fechei os olhos para evitá-la, mas sua presença estava entranhada nas proximidades. Uma sonolência me tomou e me levou para longe. Durante a maior parte da viagem, esqueci que ela estava ali.
Chegando próximo ao meu bairro, abro os olhos, e o que vejo? Ela cuspia novamente. E dali até mais perto da minha casa, ela cuspiu umas 20 vezes, sem exagero. E foram uns 15 minutos. Saltou dois pontos antes do meu bairro, pela porta da frente, sem pagar, sem dar explicações. Ninguém argumentou. Pelo que parecia, queriam-na longe dali, isso sim. Atravessou a rua e seguiu decidida em direção à favela, agora tomada pelo Terceiro Comando. Era suja, e se sujava.

A pior parte não foram os cuspes. Logo que entrou e sentou, rasgou o saquinho pra que ficasse mais raso e pegasse as pipocas mais facilmente. Rasgava pedacinhos de papel e jogava de lado, no chão, absolutamente despreocupada. Ela sujava o ambiente, e eu pedi perdão a Deus pelo julgamento que fazia da pobre alma. O pior erro fora o meu.


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quinta-feira, julho 22, 2004

OverSight Is Back. Blue? No More...


O que fazer? Estive testando o software Hello para publicar fotos no Blogger. Adivinha? Funciona! ;)
Para os que me chamam emotivo, mais um presente (não, não é a saturada foto do meu olho, que coloco em todos os lugares do mundo... É a poesia que vai abaixo!)
Atenção: este post contém subliminaridades e entrelinhas. Examine-o bem.
Ai, que feliz surpresa!


O Chamado
E de tanto pensar na pessoa, pôde ouvir sua voz mais uma vez, antes de dormir. Estão ligados, definitivamente. Com todos os tons e trejeitos de quem fica sem graça, desculpou-se. A resposta à ligação foi, no entanto: "Você é o meu amor. Não se preocupe, e durma bem."

Cheers!

Incomparável Paraíso

Porque tudo o que eu quis ser, tenho sido
Porque tudo o que ainda não sou, serei
Agradecerei, como filho do Pai remido
Do sangue, que é Deus, pelo nobre saber

Nascida a quimera de meus anseios líricos
Visões, canções, poesias que entreguei
Dedicadas a Pai, Filho, Espírito Amigo
Que realizando este lindo sonho, chorei

E hoje me afirmo, mesmo frente à prova
Por tanto e infindável amor recebido
Na plenitude de tão perfeita história

Se tentado todo o sentimento que nos unifica
Uma gigante força que manterá estes sorrisos
Saltará do interior, incomparável paraíso

quarta-feira, julho 21, 2004

A Tudo O Que É Amável

Amizade é mais vida
Enquanto se vive
Aprendizado admitido
Após o choro da perda

Venerável sentido dá
A tudo que vale
A tudo o que antes
Era cegueira

Sabido como findável
Mas sempre se espera
Da amizade, o imortal

De fato, esconde
Uma outra bela cor
Leia-se amigo
Entenda-se amor


Porque eu perdi o Dia da Amizade, mas e daí?!

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terça-feira, julho 20, 2004

Gosto de Gofo - By Nina & Myself

Há algo nas algas de Olga amiga de Helga de algum Ogum que aguçava o ego de Igor egocêntrico. E agora, o guloso e esganado guri gasta grana com Goethe e ganha gravatas de grife.

Frio Afetivo

Passou pelo vizinho, e lhe desejou um bom dia. Maldizendo o frio que fazia, recebeu como resposta do sábio português:
- Ora, esse frio todo é necessário. Imagina se tu não o tivesses, nunca saberias o que é o calor!

Relacionou instantaneamente ao intenso inverno afetivo que passara durante seus anos anteriores. Os próximos dias serão de reflexão. E praia.

domingo, julho 18, 2004

O Encontro...

Foi perfeito.
Finalmente, respiramos do mesmo ar. Foi exatamente como se sempre tivéssemos nos visto durante toda vida.
 
O Filósofo Diz...
A minha Poesia... Ah, como eu a amo.

sexta-feira, julho 16, 2004

... Sexta ...

Know your place in life
is where you want to be
Don't let them tell you
that you owe it all to me


                                                               Rush - Anthem

Amanhã
Faltam algumas horas pra que eu encontre com o motivo de tanta felicidade! :)

Megalomania
Fluxos de energia positiva emanavam de sua voz, vestes e respiração. Deixava um rastro de realizações por onde quer que passasse. As outras pessoas se alegravam de sua presença, e se animavam por realizar seus sonhos também. O poder, como pó-de-pirlimpimpim, era aspirado pelos próximos, e isso dava-lhes o ânimo necessário para continuarem suas jornadas, e mais tarde alguns dos outros aprenderam a ser como ele era, assim como ele também aprendera com outros que por sua vida passaram. O resultado eram sempre pessoas dispostas e sorridentes a despeito de seu estado de torpor ou cansaço de minutos antes. Quando se enervava, o ser atirava rajadas de seu furor racional contra as idéias mal arquitetadas que o incomodavam. Todo e qualquer pensamento que não fosse bem embasado caía por terra como um atroz predador abatido. Era incrível como se lembrava das coisas que passara quando antes de sua vinda. Sua vida, que era como um jogo de xadrez. Quanto mais longe enxergasse, melhores seriam seus próximos passos. Pensou em uma loucura vã que fosse único, mas se alegrou ao descobrir que não estava só. Antes disso, já chegara à conclusão de que ser nada poderia ser bom, não fossem as expectativas enganchadas em si.

Te vira, Playbói! :P


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quinta-feira, julho 15, 2004

Ignoráveis Ignorantes

Ao som de How Insensitive (Instrumental)- Tom Jobim

Ontem fui ao Municipal. 95 anos de comemoração em uma noite fechada pelo Coro e Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal, que executou pela primeira vez a Sinfonia N10 Ameríndia de Villa Lobos integralmente, sem ser regida pelo próprio Villa Lobos. Segundo o regente Sílvio Barbado (que devia se chamar Sílvio Descabelado), a primeira e única vez em que isso fora feito foi em 1957, pelo próprio Villa Lobos, na França.

A obra falava da colonização e passava pelos principais elementos da nossa terra através dos movimentos. Movimentos peristálticos à parte, as pessoas começaram a sair das salas ao longo de cada um dos 5 movimentos (do Ameríndio!). Eu, particularmente, não entendi nada do espetáculo inteiro. Muito complexo pra ser apresentado prum público em sessão gratuita. Talvez pra qualquer público. Por isso o próprio Villa Lobos o fez apenas uma vez. Presente de Grego (ou melhor, de brasileiro sacana mesmo) pros franceses.

Pelo menos tinha uns barulhinhos legais de passarinhos no meio dos movimentos: sabiá, bem-te-vi... E também, os textos em tupi diziam que os índios caçavam mulheres de pernas grossas que faziam as ocas. Lição da noite: adoro Villa Lobos, mas pra quem diz ser um fã, me saí bem somente como falastrão.

E hoje, ao ir pro trabalho, Fofoqueira news:
- Minina, vcs nem sabem de nada! O andar do meu marido pegou fogo!
- Nossa! E como foi?
- Foi quente pra caramba! Os bombeiro não tinham escada!
- Ai, meu Deus!
- Todo mundo ficou vivo. Os apartamento tudo ficaram com fulige
- destaque para o "fulige".
- Ai, Jesus!
- É... As mangueira... As mangueira num chegava até os apartamento. Teve que esperar os outro bombeiro! Graças a Deus todo mundo ficou vivo. Meu marido tava num desespero.
- Nossa... Que horror!
- Morreu só o papagaio. Coitado. Falava pra caramba.


Foi descoberto o mistério: o papagaio era diplomata. Falava 5 línguas e era muito sociável. Tinoco. Virou Cotoco de Carvão.

E do alto da sabedoria dessa criatura de cabelos revoltos falando do marido, ela solta a pérola:

- Sabe que eu reparei uma coisa?
- Diz, amiga.
- Interessante... Quando os bombeiro jogava água, sabe aquelas fumaça preta que sobe?
- Sei, sei... O que tem?
- Deixava os apartamento de cima tudo preto... E depois soltava água...
- Ahn...
- É. Olhei aquilo e descobri o que era.
- É? E aí?
- A fumaça do fogo fabrica água. Interessante, né?


O pior da história foi o tom de nova descoberta com o qual três outras mulheres se manifestaram na lotada:
-Séééééério?! Nossa, eu não sabia! - Me recusei a acreditar que falavam sério.

Enquanto isso, no meu heart:
Quinta... Sexta! Linda!


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quarta-feira, julho 14, 2004

Roundabout

Roundabout
(Jon Anderson/Steve Howe)

I'll be the round about
The words will make you out 'n' out
You change the day your way
Call it morning driving thru the sound and
In and out the valley

The muses dance and sing
They make the children really ring
I spend the day your way
Call it morning driving thru the sound and
In and out the valley

CHORUS
In and around the lake
Mountains come out of the sky and they
Stand there
One mile over we'll be there and we'll see
You
Ten true summers we'll be there and
Laughing too
Twenty four before my love you'll see I'll be
There with you

I will remember you
Your silhouette will charge the view
Of distance atmosphere
Call it morning driving thru the sound and
Even in the valley

CHORUS

Along the drifting cloud the eagle searching
Down on the land
Catching the swirling wind the sailor sees
The rim of the land
The eagle's dancing wings create as weather
Spins out of hand
Go closer hold the land feel partly no more
Than grains of sand
We stand to lose all time a thousand answers
By in our hand
Next to your deeper fears we stand
Surrounded by a million years

I'll be the roundabout
The words will make you out 'n' out
I'll be the roundabout
The words will make you out 'n' out

CHORUS

I'll be the roundabout
The words will make you out 'n' out
I spend the day your way
Call it morning driving thru the sound and
In and out the valley


Porque há muito tempo eu não me sentia assim. Te adoro.

segunda-feira, julho 12, 2004

A Poetisa e o Filósofo - Uma Troca

Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços.
Apertado assim, colado assim, calado assim.
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio de você
Longe de mim.

                                      - Tom Jobim, Chega de Saudade


Após alguns segundos de um envergonhado silênio, o Filósofo diz:
- Poetisa, temos que ir!
- Ir?! Mas pra onde? Mais do que já viajei para te encontrar? E por que tudo aqui é tão branco?

O Filósofo nota que à sua volta, e salvo os escritos no chão, tudo era branco. Não havia paredes, teto, céu, sombras, árvores, cadeiras, mesas... Nem sequer um copo d'água.

- Devemos popular o mundo. - O Filósofo, com ares visionários, enquanto erguia seu corpo sobre as duas pernas.
A Poetisa, que parecia flutuar sobre uma exuberância que de tão concreta chegava a ter cor - dourada, percebeu a dificuldade com a qual o Filósofo se levantava de um trono de madeira escura, adornado com jóias vermelhas e azuis - provavelmente rubis e jaspes, que tinha entalhados braços humanos muito fortes e grandes como os braços do próprio trono. O braço direito terminava discrepantemente em uma delicada mão feminina, que suportava um tinteiro e uma caneta de pena de pavão. O braço esquerdo terminava em uma garra, parecendo ser de um dragão, e suportava um livro.
- Por que a dificuldade em se levantar? - Perguntava a Poetisa.
- Já não sonho como antes. Vestir esta armadura limita os movimentos da minha criatividade. Minha casa já esteve cheia de objetos e realizações, mas agora está assim, em branco, por falta de uma musa.
- E então, já não estou aqui?
- Você? E como posso saber que não é mais uma paixão que vive às soltas, atacando os pobres criadores deste mundo de razões?
- Eu não sou uma paixão. Sou a Poetisa.
- Prove.
- Que obrigação eu tenho de lhe provar qualquer coisa?
- Nenhuma.
- Então. Está feito. Quer ou não quer minha companhia?
- Sim, é você mesma. - O Filósofo estava satisfeito, enfim.
A Poetisa nesse momento levantou a sobrancelha direita, e imaginou que prova teria ela dado, como qualquer um de vocês devem estar imaginando. Nem eu mesmo posso dizer qual foi a razão que o Filósofo encontrou para acreditar que aquela seria realmente a Poetisa. Ele apenas acreditou, e era como se fosse a verdade mais absoluta deste universo. Era ela mesmo.
- Quer ajuda? - a Poetisa finalmente ofereceu seus braços.
- Tenho que me resguardar, mesmo que seja de você, Musa. Meus sentimentos já foram severamente injuriados por muito tempo durante este tempo que não esteve aqui.
- Mas não vou te machucar!
- Não propositalmente. - O Filósofo, seguro de si.
- Ora, assim não há cooperação.

E ficaram na falácia durante horas a fio. A fina armadura com linhas desenhadas ao longo das placas imitava um corpo humano, perfeito, como uma estátua Grega. Havia também um escudo, preso às costas, que protegia o Filósofo de ataques sorrateiros. Neste escudo, alguns versos caligrafados diziam algo como que em voz alta, pra quem o lêsse. A voz parecia o rugir de um leão:

Faça neve ou frio
Calor ou fogo
Vulcão ou céu
Inferno ou trevas
Ou trégua
O FIlósofo jamais
Precisou usar
De espadas
Apenas escudos
Canetas, e papel
O Filósofo nunca
Deixou de amar.


E à medida que as vozes dos dois seres ressonavam pelo isolado espaço branco, apenas com rabiscos no chão e um trono de ébano, alguns arcos elétricos saltavam de um corpo para o outro. Este efeito jamais fora reconhecido ou documentado antes, mas a hipótese era de que o Filósofo e a Poetisa tivessem uma sintonia sobrenatural. Aos poucos, o peitoral da respeitosa e fria armadura do Filósofo estalou em rachaduras, indicando que a Poetisa vencia sua resistência. Por fim, o Filósofo reiterou:
- Poetisa, me prometa uma coisa.
- O que você quiser - Ela estava disposta a tudo pelo companheiro.
- Cuide bem do meu mais precioso bem.
- Cuidarei melhor do que qualquer outra pessoa jamais pensou antes.

Enfiando a mão direita por uma das rachaduras da grossa placa de peito, o Filósofo segurou firme no metal e puxou-o pra fora, partindo o frontal do tórax da armadura como vidro fino frente à sua vontade. Os estilhaços caíram no chão, indefesos e sem resistência alguma, repartindo-se mais ainda. No fim, os estilhaços eram apenas pó, novamente, e a surpresa da Poetisa foi descobrir o peito do Filósofo completamente ensangüentado e coberto de flechas, cravadas até a pena que dá estabilidade ao vôo. As flechas moviam suas asas, rebatendo-se como ferozes animais que dilasceravam a carne do resistente guerreiro dos ideais. Foram disparadas por impiedosas paixões que o caçavam até aqueles dias, e remoíam sua carne, renovando suas culpas, colocando em xeque todas as suas perspectivas e trazendo dúvidas às suas certezas. Isto fez com que o Filósofo parasse de escrever ou mesmo supor por um bom tempo. Seu coração já estava até virando pedra, para que conseguisse suportar a dor, resignado e infeliz. Seu sangue escorria como lágrimas, lamentando pelo pobre idealista. Um canto soou dos vultosos e brilhantes lábios da Poetisa, enquanto se aproximava do Filósofo em passos ritualísticos, sem tocar o chão:

A Poetisa apenas se aproxima,
Observa a tudo que contas
Com uma compaixão crescente,
E admiração, por tão bravo coração.
Tomo as tuas dores, Filósofo
Com as minhas próprias unhas
Com minhas garras de guerreira
E meus braços de fortaleza

Removo estas flechas - e removeu
Com suas dores azuis
Arremesso-as assim - e arremessou
Ao longe de suas mais
Distantes lembranças
Até que só veja o branco de paz
Até que só veja a mim.

E tomo-o em meus braços
Meu conforto te revelo
De estar contigo, Filósofo
Recria teu mundo
Sob minha inspiração
Não chore, não fuja
Porque agora estarás livre
Enquanto estiverdes
Ao meu lado.


O Filósofo, certo de que estava livre, chorou. Suas lágrimas eram uma cascata cristalina, e limpou todo seu corpo. A Poetisa apertava com força seu corpo contra o do Filósofo, e também chorou. Ambos sabiam que estavam então limpos pela sinceridade de seus sentimentos, e finalmente sorriram. Seus olhos se fecharam, e nada mais pôde ser visto, pois era dos olhos desses seres que emanava toda luz deste mundo.

A última frase deste conto foi a do Filósofo, que pela primeira vez em sua vida, disse:
- Você é a minha Poesia.

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sábado, julho 10, 2004

Encargos Sociais

Meu governo não investe corretamente os impostos que arrecada.
Hoje fui assaltado. Levaram entre R$80 e R$120 (não tenho certeza da quantia exata) e meu celular, que eu havia reabilitado.

Concordo com meu amigo Hochman. Sim, são os encargos sociais. Se o governo não faz por onde, eles mesmos se encarregam de recuperar a parte deles.

A pior perda foi me afastar das pessoas. Perdi um monte de números importantes.
Àqueles que lerem, mandem-me um e-mail: distraidorj@hotmail.com, com seu tel ;)

Mesmo assim, consegui receber a mensagem da menina dos meus olhos. Infelizmente, não deu tempo de responder. :(
Hoje, não há contos. Só reflexões. Lembra do cenário que descrevi no último post? Pois é, foi lá mesmo. Não, não quero estar em contato com esse mundo.

E como sempre, segue a programação do purgatório da Leopoldina. Os policiais queriam me levar à praça onde fui assaltado, pra que eu reconhecesse os bandidos. Eu? Me expor mais ainda à violência? Nem morto. Os donos daquelas linhas ainda hão de esbarrar comigo por aí ;)

sexta-feira, julho 09, 2004

Só Pra Dar Alguma Satisfação ;)

Ao som de Trilogy - Emerson, Lake and Palmer, agora com companhia eterna!! :P

Meus primeiros dias na casa da minha mãe.
Basicamente, tenho que me reacostumar a pegar a condução certa. Até tinha esquecido o inferno que parece a Av Brasil, mas agora relembrei rapidinho. Nos dois últimos dias, peguei uma lotada às 6:15 da manhã (isso mesmo, agora o Rodrigo dorme às 00:00 e acorda às 5:30). Pelo visto, o pessoal é sempre o mesmo - todos se chamam pelo nome, a maioria é mulher e a parte chata é que ficam tagarelando a viagem inteira. Na boa, parece um galinheiro de tão agudas que as vozes ficam. Pelo menos eu fico isolado do barulho dos carros lá fora (não sei o que é pior). A imagem da Av Brasil a essa hora lembra as figuras do inferno industrial - chaminés, fábricas e por aí vai.

Queria expor aqui o que tem acontecido comigo, mas com tantas coisas pra arrumar em casa, não tenho tido tempo pra compartilhar as últimas. No entanto, pros que acompanham todos os capítulos, eu quero dizer o seguinte: encontrei a Mesma Metade que me procurava. Yep! Pros mais achegados, conto tudo no final de semana!

Valeu esperar, valeu por ter toda a aflição. O momento é inigualável, e transcendeu todas as minhas expectativas. Estou muito, muito feliz e agradeço a todas as pessoas que me deram "aquela força". Espero poder retribuir muito mais do que fizeram por mim ;)

Minha maior lição dessa história que se inicia é: insista. Você não terá dúvidas de que o momento chegou, quando ele chegar. Mesmo pros que me viram o cara mais apaixonado do mundo por uma antiga ilusão, eu digo: é diferente de qualquer outra experiência que eu tenha tido. Infinitamente melhor.

E devo a essa pessoa o fato de ter voltado a enxergar o mundo que conto pros outros que existe.

* O Mito da Caverna * deve dizer algo a vocês. Saí das sombras, e o que dizem em romances e filmes felizes é testificado por essa pessoinha aqui, presenteada.

O quê? Pareceu rápido demais? Demorar 7 anos pra perceber foi é lento pra caramba!

Continuo protelando o próximo episódio do melhor conto de todos os tempos :P

quinta-feira, julho 08, 2004

Canções Que Nunca Morrem

Escalas Passionais

Ando sob as vibrantes cordas
Donas da melodia perfeita
Em um céu de fundo azul,
Enfeitado pela aurora boreal
Mas de sorriso brasileiro
De uma lua morena
Que reflete esplendor

E sob meus pés, os trastes
Cada passo, uma casa
Em cada escala, um caso
Em cada caso, aprendo.

Que passe todo o cromatismo
Mas que não passe a alegria
Que preenche meus ouvidos
Como a música de tua voz

Que o ar que respiro
Seja teu hálito
Que os olhos que eu veja
Sejam teus olhos

Porque minha esperança renasce
Renovada como próximas canções
Em compassos aspiráveis
De serem estas canções eternas.


Novidades
  • A viagem pra Ilha Grande foi maravilhosa. Ver o blog da Gótica de Petul... Pelúcia :P
  • Perdoem-me pela inconstância, mas tomei a radical decisão de voltar pra casa da minha mãe. Sim, é Zona Oeste, é subúrbio, bem mais perigoso. Mas lá estão a maioria das pessoas que mais amo nessa vida, e quando quiser me livrar delas por algum momento, é só trancar a porta do meu quarto.
  • Fiz minha mudança de volta na Terça. Meu quarto tá uma zona completa. Vou organizar as coisas aos poucos.
  • * Suspiros de Saudade * - Não é uma beleza? ;)
  • Passei pra segunda fase da seleção do Intercâmbio pra Espanha. Agora são 21 candidatos pra 6 vagas. Preciso estar mais apto do que 15 deles, pelo menos. Felizmente, continuo precisando de apenas 1 vaga.
  • Desde a semana passada, tenho vivido o que acho ser história de filme. Acho que o filme de minha vida chega em mais um de seus ápices, "enfim..."
  • Novíssimos amigos pintaram, mas os antigos e velhos camaradas continuam sendo queridos
  • No trabalho, as coisas começam a deixar de ser tão profissionais e formais pra se tornarem uma diversão. O que estou querendo dizer é: começo a me ambientar com meus novos colegas de trabalho, me sinto bem à vontade com isso, e a produtividade certamente começa a aumentar. De fato, programar torna-se uma atividade que "faço enquanto ouço as músicas que gosto, e converso com pessoas interessantes". Eles me pedem, por que não executar?! :P


Amo muito tudo isso.


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quinta-feira, julho 01, 2004

A Poetisa e o Filósofo - O Primeiro Diálogo

Philosophers and ploughmen
Each must know his part
To sow a new mentality
Closer to the heart


Estava lá aquela armadura, com suas juntas firmes e aparência imponente. Sentada, imóvel. Por dentro daquele exoesqueleto metálico, jazia o Filósofo. Inundado em pensamentos a respeito de vida, morte, terra, fogo, ar, água e milhões de outras sombras que passavam ligeiras mas não despercebidas, tinha ao seu redor uma miríade de conclusões descritas no chão. Fitava cada um dos traços de seus pensamentos, e de tanto encontrar soluções pra tantas coisas diferentes, esqueceu o motivo pelo qual estava ali.
Agora, quase sem poder se mexer, notava algumas leves pegadas sobre todo o seu trabalho. Alguém passara por ali.

Distraído, o Filósofo não sabia se voltava a pensar ou se procurava a dona das pegadas. Foi então que seu telefone tocou:

- Alô, Filósofo?
- Oi! - Com um sorriso, o pensador logo reconheceu a amiga. A voz atravessava abafada aquela armadura completa de bronze recém comprada, novinha em folha, que passou a usar pra se proteger dos ataques de perigosas paixões que rondavam por aí, sem autorização do Rei. Antigamente, usava camisetas de algodão, somente.
- Liguei pra te dizer que não foi apenas por acaso que você a encontrou. Beijos, e boa viagem! - O telefone desliga.

"Que estranho", pensa o Filósofo. Voltou a reparar no chão, e sua surpresa foi grande ao ler os seguintes versos, rabiscados sobre suas idéias:

Vida do mesmo sopro, espalhados
Como areia em mármore polido
Próximos, mesmo que tão distantes
Somos Carvão e Diamante


A estrofe lhe era incrivelmente familiar. Uma brisa foi soprada através das grades de seu ilustrado elmo. Uma melodia encantadora e feminina, espertamente sussurrada através das frestas da armadura dizia assim:

Sou a água pela qual anseias
Beba de minhas palavras,
Prove de minha alegria
Sou Metáfora, sou Luz
Sou a bela Poetisa


Ao terminar de ouvir essas palavras, o Filósofo removeu seu brilhante elmo, que o protegia de pensamentos sonhadores:

- Quem está aqui? - Retrucou o Filósofo - Quem invade minhas lembranças? Entraste pelo meu ouvido, boca ou nariz? Como chegou até minha mente?

Percebeu o cantar da natureza. Foi então que o pensador começou também a enxergar. Das formas desenhadas no chão, um pequeno redemoinho formou-se. Reuniu poeira e cosmo, dando formas ao amorfo, erguendo do vão e do vácuo sinuosos traços femininos. Os passos terminavam exatamente onde parecia estar presente há uns 7 anos uma mulher, de pé, a observar atenta e sorridente os pensamentos do homem. Um sorriso largo e amigável enfeitava seu delicado semblante:

- Poetisa?? O que fazes aqui?! Como não a vi antes?
- Surpreso, meu bem? - A poetisa, sarcástica.
- Ora, mas é claro! Agora então me lembrei o motivo de minha estada!

A poetisa se aproxima e estende a mão ao Filósofo, que ao tentar tocá-la, percebe a enorme distância entre os dois:

- Como isso é possível?! - O Filósofo se torna perplexo demais em suposições. Ao passo que a resposta da poetisa foi:

Olha-me com teus olhos
E compreenda-me por completo
Somos do céu e mar o encontro
O milagre do horizonte
A suave linha intrigueira

Disseca-me em teus pensamentos
Vês?! Ninguém mais o vê
Como agora te percebo

Faço-me bruma e tu me respiras
como fragrância perfumada
Mudo, ao que tu mudas,
Somos Lua e Maré

Sonho, ao que tu sonhas
Fantasio, tu realizas
Realizo, e tu fantasias


Ao tom que o Filósofo completou

Somos o que houver de ser
Somos o que quisermos brincar
Neste mundo de muitas trilhas
Tracei aqui, tracei ali
Liguei as mil maravilhas
Mas tu nunca apareceste
Ora, sou eu um louco
Ou um cego a te procurar?

Um ex-desesperançoso
Com um motivo a me abalar
Mas agora, te vejo aqui
Te vejo aqui no meu peito!
Estás em todos os lugares
Que vislumbro!

Penso, e tu estás aqui
Na minha cabeça, a me assistir


E uniram a voz:
Pra onde quer que cantemos
Chuva, céu e mar enfrentaremos
Fogo, terra, deserto
Ou qualquer linha de pensamento
Ou qualquer metáfora
Em qualquer tempo
Chuva, céu e mar em pensamentos


E ruborizaram, ao notar que suas vozes formavam um dueto surpreendente.

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Backups. Preciso Guardar Cópias dos Meus Amigos

Hoje estou fazendo uma limpeza nos meus dados. Sim, porque banho mesmo eu tomo todo dia. Tomei coragem pra reorganizar os arquivos aqui em casa, removendo coisas não necessárias e gravando cópias de coisas importantes. Finalmente, adquiri uma placa de rede nova, que tá conflitando com a outra já instalada, no meu linux. Por mais que eu tente apaziguar as duas, as pobrezinhas caem na porrada igual a duas irmãs. Uma com ciúmes da outra, pode isso?

Entre uma gravação e outra, escrevo alguns dados ao som de Milton Nascimento, The Beatles entre outros feras. Comendo alguns biscoitos, penso em tantas coisas que a hora acaba voando. A parte boa das férias é que há paz. A ruim, é que o tempo voa, e trabalhar somente é uma rotina pra lá de chata.

Agora toca Chet Baker - Round About Midnight. Acho que já rolou isso em outro post. É uma música que traz à mente momentos de solidão como esse. Enquanto isso, os arquivos vão... De um lado ao outro... E barras de Progresso são preenchidas a todo momento. Procurem por essa música. Vale à pena. O final dela imprime uma leve acelerada no ritmo, mas não faz muita diferença. Tem umas vozes que não consegui identificar.

Vou escolher voluntariamente uma música.

Pink Floyd - Wish You Were Here
Porque as pessoas queridas podiam sempre estar ao nosso lado. Começo a me lembrar da viagem que devo fazer depois de amanhã, e como agora são 22:07, daqui a quase duas horas vou dizer "a viagem que vou fazer amanhã". Ilha Grande.

We're just two lost souls swimming in a fish bowl. Year after year.

E agora a sorte escolhe Mike Oldfield - Jazz. Sim, ela tem bom gosto. Na verdade, essa música é bem curta, servindo apenas de interlúdio para Nino Rota - La Gradisca E El Principe. Me parece tango, mas não sei ao certo. Veio na seleção de músicas de um amigo, o Alex. Ouvi e gostei, não quis apagar.

Ops! Acabaram de me convidar pra sair. Em meia hora tenho que estar pronto. A seqüencia guarda histórias que eu não faço a menor idéia, por enquanto.

E antes de sair, toca

Jethro Tull - Thick As A Brick
... And you make all your animal deals. And your wise men don't know how it feels to be thick as a brick. Alguém sabe o significado dessa expressão? "Thick as a Brick"?

Teach your children how to share
Teach your nation how to become happy
And I'll live here, I'll never leave

Desculpem pelas divagações aparentemente sem sentido.

E à noite...
Lembra daquela galera de Engenharia de Petróleo de uns posts atrás? Eles mesmos. Tinha um cara que não estava no anterior, que insistiu a noite inteira que ser convincente é o mais importante. E mais nada de mais. Continuo na mesma.

Tou com saudade de tanta gente que nem sei mais.