quarta-feira, janeiro 05, 2005

Biografia da Vida d'um Momento

Caí. Caí como que num sonho. Percebi a Lua passando ao lado, mas pequenina, como se ainda estivesse longe. Senti-me atordoado durante a queda, e não sabia pra onde ia. Queria apenas dormir e esquecer o teatro apregoado em minha mente. Queria apenas esquecer quem eu era, por uns instantes. Um trote. Foi isso, ilusão de ótica, apenas um ponto de vista. Mas se a pego, então estaria perdido, com a Lua em minha mão.
Perdido. Mesmo que fosse o que queria. Mas não, não era bom. Sinto meu estômago neste momento fazendo revoluções do que comi à tarde. E Não me sinto muito bem, psicologicamente falando. Mesmo que passe mal (fisicamente), não haverá um alguém sequer. Parei. Morri.

Sinto a chuva como se caísse em cima de mim. São as memórias, os flashbacks. E na verdade, apenas o som das gotas é o que me provoca. Enquanto à queda... Bom, a queda continua, e torço pra que seja na verdade um grande vôo. E já que tudo é referencial: não estou caindo. Estou voando.

What else? Será que posso usar meus entorpecentes, só um pouquinho?
Ouvindo somente a chuva, o cooler do computador e os automóiveis lá em baixo.

E não é para menos. Meu baú tá cheio de juízo. Acho que vou doar um pouco dele. Vou tentar conversar com a parede, ou com o ar. Quem sabe se não me respondem? Primeira cena de esquizofrenia do ano.

Ah, foi esquisito: parecia um filme, quando o detetive liga os fatos para descobrir que ele próprio é vítima da omissão de seu companheiro... E as evidências estavam ali o tempo todo, como de praxe. Muito claras, e não quero vê-las novamente, porque vai me ofuscar. Dane-se. Vou ganhar o mundo um dia. Meu mundo será: todo o tempo que eu quiser. Todas as evidências me olhavam com cara de obviedade. Pessoas, eu descobri a América. Ooooooooooooohhhh!

Esse tal Bertrand Russel é mesmo muito bom nos seus argumentos. As pessoas realmente precisam de mais tempo, e precisam também serem menos omissas. Tempo para comunicar, para se fazerem entender. Tempo de saberem que têm tempo para compartilhar também. E aqui, precisamos de um tempo melhor pra ir à praia. Chuva é só moléstia. Na moleira então, à beira da água salgada, nem te conto.

Após apagar o que seria este parágrafo, me questiono sobre o que de mais incompreensível deve aparecer por aqui... Não, não vou dizer a vocês o que estava escrito nestas linhas antes. A Lua já sumiu, atrás das cumulus nimbus.

Ócio.

Tenho coisas importantes pra resolver, mas vou me permitir ignorá-las momentaneamente. Deixa eu fazer nada, agora. Preciso de um pouco de letargia. Acho que uns 40 anos, somente.

Ou senão preciso crescer. E quem chegou até aqui merece um prêmio pela falta do que fazer. Parabéns por me acompanhar, não esperava tanto de você ;)

Crescer. Pra quê?

Vou viver com as concepções trágicas que todas as outras pessoas do mundo inventam, e que acabo aderindo. Porque as convenções nunca são coisas nossas. São coisas de uma tal "sociedade" que vi na tevê.

Perguntinha: Você já viu personagem de novela assistindo tevê? Acho que já tinha aprendido isso com o BR, porque era exatamente o mesmo pensamento. O cara é maneiríssimo, queria tê-lo conhecido pessoalmente. Assim como o Hermeto, que também não conheci, e o Manuell, que também não conheci. De Sócrates, nem se fala.

Pronto, a maré do meu estômago já se acalmou. A previsão é de tempo ruim pelos próximos meses. Esse negóicio de onda gigante tá tão na moda... E olha que tem tanta desgraça que dá mais pena. Imagina só um país como o Haiti, que é uma guerrilha no meio da miséria e do lixo? Ou ainda as Etiópias da vida, com seu povo sem ter o que comer. E soldados estrangeiros, bem gordinhos pra vigiá-los. Bünchen ficaria com inveja dos relógios de pulso usados como cintos. Imagina só mostrar a hora no umbigo? É mesmo pra quem pode. Se fosse comigo, eu já teria (realmente) morrido de fome e desnutrição.

Esta foi a biografia de uma fatia de minha vida. De aproximadamente 20 minutinhos.

Terra do Nunca, 05/01/2005,
-- Peter Pan

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