quinta-feira, agosto 12, 2004

Recomeçam As Aulas - 5o Período ( Ainda / Já )

Estou sem tempo pra escrever tudo o quanto gostaria. Meu tempo apertou.
Ontem, enquanto voltava pra casa, sentado no ônibus, comecei a ouvir uma conversa enérgica sobre o governo, bem na cadeira atrás da minha. Comecei a me lembrar de como eu mesmo era na adolescência, o que não faz tanto tempo assim. Fiquei um pouco nostálgico. O diálogo dos dois garotos, que deviam ter 18 anos, se muito, era repleto de novas idéias... Conversaram sobre educação, saúde, fome, arte, e até sobre supermercados. Tinham tantas idéias novas que eu mesmo senti uma ponta de velhice, ao perceber que já faz um tempo em que firmei muitas teorias, que agora me parecem bem embasadas e auto-sustentáveis. Pois bem, fico retocando a pintura, lascando a pedra, limando o metal, afiando a faca... Chamem do que quiser, mas agora, tenho uma certa dose de estagnação com relação às minhas antigas novas teorias sociais. Fui invadido por uma sensação de que amarras estão prendendo meus pulsos; que pouco a pouco tenho sido imobilizado pelo papel que desempenho. Não me interesso mais por política, estou decepcionado com relação à segurança do meu lar. Tenho visto amigos saírem para cada vez mais longe em vista dessa falta de segurança (de empregos, de vida, de sentimentos). Vitória, São Paulo, Manaus, Londres, Canadá, Alemanha... Tanta gente indo, que fico imaginando o que será daqui. As pessoas boas já não têm mais motivos para continuar, porque não têm forças para lidar com uma calamidade sozinhas. Sim, tanta gente boa por aqui, e mesmo assim, todas solitárias. E as identidades, que se danem.

Essa semana começou meu novo período da faculdade. Começaram minhas cadeiras de especialidade (Banco de Dados e Sistemas Operacionais). Gostaria mesmo de ter tempo de aproveitá-las como deve ser, e tenho certeza de que este semestre vai despertar um pouco mais do meu interesse pela pesquisa. Cedo ou tarde, o mercado não vai mais me satisfazer. O problema todo é que a pesquisa no Brasil é para os verdadeiramente bravos. Ou para os verdadeiramente ricos. Como não sou nem verdadeiramente bravo, nem verdadeiramente rico, tenho que lidar com todas essas variáveis que me cerca - trabalho sério, e faculdade séria. Meu currículo profissional é muito bom, mas o acadêmico, nem tanto. Percebo mais um ponto de ruptura se aproximando, como previa... Se eu for pra Espanha, certamente a viagem vai me despertar sentimentos que nunca tive antes, e meu interesse acadêmico certamente vai aumentar. Pretendo vivê-la intensamente, e se possível, participar de projetos lá e quando voltar. Sim, na PUC-Rio há muitos bons projetos. Mas falta coragem para me livrar de tantas variáveis. E deixar de me tornar tão dependente do meu salário. O problema maior é quando percebo que há mais pessoas além de mim que estão pouco a pouco se tornando dependentes do que produzo.

E lá vai Rodrigo se articular mais uma vez pra conseguir unir o útil ao agradável.

A sensação de segurança que Nina me passa é incrível. Estou em estado de graça. Nos conhecemos tanto, em tão pouco tempo... Confiamos tanto um no outro... Ela é muito capaz de superar minhas chatíssimas expectativas, sem fazer esforço, e nem ao menos se concentrar. Porque pra ela é natural. Todas as minhas expectativas ela preenche com graça e atitude. Autenticamente, era a pessoa por quem minha natureza clamava. E eu? Bom, prefiro que perguntem a ela, apesar de saber a resposta. Parece um relacionamento de vários anos. E sei: vamos ficar juntos todos os anos que conseguirmos. No meio de todo este caos, há alguém como eu. Há uma pessoa que pode (e quer) me ouvir, e a quem eu mesmo possa ouvir, que não tem medo de dividir planos e partilhar idéias e opiniões. Quero reorganizar este caos restante, para que me torne mais eficiente. Quero dar mais saltos, e pra isto quero aprender mais coisas. Como sempre, querer é poder. Como já conversamos, será um prazer reorganizar nossos alvos para que nos encontremos com maior freqüência no meio do caminho.

E o que isto tem a ver com o início do post? Bom, já me chamaram de disperso. Então, segue uma conclusão, em versos, que é pra tornar este bonito post uma coisa mais eclética ainda. Sugestão de música? O silêncio.

Ignorante Homem

Tirar o bruto martelo da pedra
Um primeiro passo para correr
Depois, bípede e confuso a comer
Da terra, domesticada pelo saber

Qual confusão é não conhecer!
Não se perca, primata fora de si
Para qualquer situação ou trama
Torna-te camaleão, e saia da cama

Desse modo, após preparar as ferramentas
Construa a inebriante arquitetura
Seguindo a estrada dos teus sonhos

Ignorante homem, nunca esqueça
Que outros macacos rastreiam teus passos
Sem muitas vezes saberem onde queres chegar.


Isto conclui muito bem a idéia.

Cheers!


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