terça-feira, dezembro 28, 2004

Coincidências

Ouvindo Jean-Luc Ponty - Ethereal Mood

A despeito de ter fé ou não, de acreditar ou não em sobrenaturalismos, de estar ou não designado a algum propósito definido em alguma ordem superior de pensamento humano ou divino, penso de vez em quando no objetivo da coincidência.

Espiritualistas, católicos, místicos, matemáticos, físicos e tantos outros explicam a coincidência de várias maneiras. Eu mesmo penso que o sentido do coincidir está justamente no objetivo pessoal de quem é ator da coincidência. Elas acontecem a todo momento. Sem tratar do porquê, mas de como devemos encará-las e reagir a elas, venho eu discursar em favor daqueles que apreciam a boa coincidência. E as ruins também.

Sua vida no espaço-tempo é como uma linha sinuosa, que concorre com tantas outras vidas. Deste ponto de vista, qualquer objeto físico tem uma vida. Um lápis, um papel, um pedaço de terra. Então, para que ocorra coincidências, este é o preceito básico: vida. O segundo elemento do universo das coincidências é o plano. Qual é seu objetivo pessoal (retomando a afirmação feita mais cedo)? É claro que não há apenas um objetivo para cada vida. Pessoas possuem milhões, bilhões de motivos, espalhados e conjugados na trama neuronal. Todos eles guiam o curso de sua ação, ao mesmo tempo. É como um grande concílio de deputados, cada um tendo uma certa influência, em dado espaço, em dado tempo. Gostos mudam, roupas mudam, estações mudam, e hoje seu organismo pede massa, e amanhã, churrasco. A soma de cada pedaço de opinião nos dá nossa próxima ação. É importante entender a ordem de grandeza desses pequenos pedaços. Se mentalizarmos o total de pessoas no mundo, saberemos a quantidade de vontades conflituosas. E também as ressonantes.

Coincidências, pra mim, ocorrem quando pelo menos duas vidas ressonam em objetivo. O motivo, eu não sei, mas é de trivial entendimento que coincidências estão relacionadas a objetivos. Se você quer sair com aquela garota, e ela está na mesma festa que você, então esta é uma feliz coincidência. Se você acaba de se interessar por outra, que acabou de conhecer, então pro momento esta é uma péssima coincidência. Talvez ela - a primeira - não queira ficar com você, mas o objetivo de ir a uma festa e se divertir foi também o motivo que a levou àquele lugar.

Coincidências manifestam-se como oportunidades. Não se vislumbra uma coincidência sem estar conectada à possíbilidade de alguma coisa. "Fulano esteve no bar hoje à tarde" foi uma coincidência com um propósito de, no mínimo, conversar com um amigo. Ou de monitorar os passos de um inimigo.

Oportunidades são, por definição, possibilidades de realização. Logo, oportunidades são coincidências (duh!). (Isso aí foi crise de tabela verdade :-P)

Mas para reconhecer coincidências, é necessário que sua memória esteja sempre atenta aos seus objetivos. Para que, em tudo o que se viva, se enxergue um propósito. Uma oportunidade de realizar algo. Em conjunto, sempre - uma vez que não há coincidências sem objetivos concorrentes, ou ressonantes.

Não vou ler este texto novamente. Façam uma revisão e reportem nos comentários, por favor ;)

Preguiça, eu? Nem morto.

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