Além de carne viva,
Senão a rubra nobreza
Vertida em tensão, trabalho,
Descanso e descaso?
O que existe de muito maior
Do que a superfície dos alvéolos
Senão todo o céu que suspirei?
O que há no meu ventre
Além do gofo e da bílis
Senão a glacial torrente
Precedente a todos os três meses
Do peremptório verão de Sol a pino
Que tua nudez me descarrega?
O que existe no meu corpo
Além dos ossos e da cartilagem rente
Além da descampada relva sacra?
Além de qualquer sentimento coerente
Está uma única nota fisgada
Ela é vociferada esôfago afora
Amplificada na garganta
Salmodiada liricamente
Em uma singela e angelical cantata
O que há em mim além de gente
Senão mágoas, marcas, fulgores e alentos
Noites simples, sonhos, timo,
E um coração que ama?
2 comentários:
Intenso.
Beijo.
compositor E poeta. muito bom.
abraço
Peter
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