A cada cem cliques, um presta.
A cada mil cliques, um presta MUITO.
A cada dez mil cliques, um deles merece um prêmio.
Dentro de dez mil cliques,
Achar o premiado é um problema sério.
terça-feira, janeiro 29, 2008
Odisséia Além-Mar
No voar da onça feroz
Que roubou asas de avião
Nos sinais da nova estação
Não sei se castigar resolve não
Não sei onde encontrar um coração
Não sei onde guardar meu coração
Que se feriu pelos limites da paixão
Não sei se acabou a solidão febril
Do morno sossego que se instalou
No além-mar só navego a voz
Que gritou "cauda de pavão"
Das reais senhoras de um tostão
Não tento arruinar esta monção
Nem faço seca num breve sertão
Ao menos me vestir de pai-joão
Teu Carnaval, onde pierrot não vale não
Não há parafernália de condão anil
Nos ventos de gelo que me soprou
Se vieres ver como cresci
Além dos postes que te iluminavam também
Será, meu bem, o meu prazer
De ver como te deixo louca
Mas, do cais,
Eu verso para este além-mar
Onde se foi buscar alguém
Que bem outrora quis zelar
Este contrato que ninguém quer assinar
Nos sinais
Que configuram meu serão
Jamais retornarei audaz
Serei mordaz no teu verão
E tempestades jorrarão
E arco-íris saltarão do céu
Imaculando o meu perdão
Essa foi uma feliz coincidência. Eu estava tentando fazer uma melodia pra uma outra letra. Consegui uma bonitinha, mas não tinha muito a ver com o que estava escrito. Daí eu escrevi uma letra mais apropriada pra música. A anterior ficou guardada.
Tem muitos momentos nos quais eu só arrumo uma palavra que encaixa, e que seja "da família" do assunto. Aí a letra ganha um sentido abstrato, abrangente. É um truque possível, e esse truque, ironicamente, eu uso quando não sei muito bem o que vou escrever. Aí, pincelo palavras, no acaso, mais ou menos, e a letra acaba crescendo. Essa é uma técnica boa, porque dá resultados bem subjetivos na hora de interpretar. É a tal da "letra viajante".
Que roubou asas de avião
Nos sinais da nova estação
Não sei se castigar resolve não
Não sei onde encontrar um coração
Não sei onde guardar meu coração
Que se feriu pelos limites da paixão
Não sei se acabou a solidão febril
Do morno sossego que se instalou
No além-mar só navego a voz
Que gritou "cauda de pavão"
Das reais senhoras de um tostão
Não tento arruinar esta monção
Nem faço seca num breve sertão
Ao menos me vestir de pai-joão
Teu Carnaval, onde pierrot não vale não
Não há parafernália de condão anil
Nos ventos de gelo que me soprou
Se vieres ver como cresci
Além dos postes que te iluminavam também
Será, meu bem, o meu prazer
De ver como te deixo louca
Mas, do cais,
Eu verso para este além-mar
Onde se foi buscar alguém
Que bem outrora quis zelar
Este contrato que ninguém quer assinar
Nos sinais
Que configuram meu serão
Jamais retornarei audaz
Serei mordaz no teu verão
E tempestades jorrarão
E arco-íris saltarão do céu
Imaculando o meu perdão
Essa foi uma feliz coincidência. Eu estava tentando fazer uma melodia pra uma outra letra. Consegui uma bonitinha, mas não tinha muito a ver com o que estava escrito. Daí eu escrevi uma letra mais apropriada pra música. A anterior ficou guardada.
Tem muitos momentos nos quais eu só arrumo uma palavra que encaixa, e que seja "da família" do assunto. Aí a letra ganha um sentido abstrato, abrangente. É um truque possível, e esse truque, ironicamente, eu uso quando não sei muito bem o que vou escrever. Aí, pincelo palavras, no acaso, mais ou menos, e a letra acaba crescendo. Essa é uma técnica boa, porque dá resultados bem subjetivos na hora de interpretar. É a tal da "letra viajante".
Lótus
Oh! Flor do céu! Oh! Flor cândida e pura!
Retinta dos bons jardins Edênicos!
Perfeitas, maliciosas e virgens brumas
Guardam-te, sequestrando-me do desejo!
Me fazem conter-me ao vê-la só tez,
Cravando em minhas pestanas, alvura,
Mas na alma, satânico bem do querer,
Do véu santo e dos espinhos cegos, nua
Contento-me de, inocente, deixá-la!
Paro a deliciosa pré-luta de órbitas vis e rasas
Apagando sozinho as chamas do Eros que afagavas
Mas se, palatado o teu néctar por minha gula,
Aproveita o inseto que tua lótus cala!
Perde-se a vida, ganha-se a batalha!
Retinta dos bons jardins Edênicos!
Perfeitas, maliciosas e virgens brumas
Guardam-te, sequestrando-me do desejo!
Me fazem conter-me ao vê-la só tez,
Cravando em minhas pestanas, alvura,
Mas na alma, satânico bem do querer,
Do véu santo e dos espinhos cegos, nua
Contento-me de, inocente, deixá-la!
Paro a deliciosa pré-luta de órbitas vis e rasas
Apagando sozinho as chamas do Eros que afagavas
Mas se, palatado o teu néctar por minha gula,
Aproveita o inseto que tua lótus cala!
Perde-se a vida, ganha-se a batalha!
quinta-feira, janeiro 24, 2008
Samba do Trabalhador
Abram passagem
Pra grande emoção entrar, ô ô ô
A boa luz do samba, la laiá
Acabou de chegar
Trazendo a sensação
De antigamente
Belas poesias
Simplesmente diferente
Depois de tempos hostis
Muda o palco num clarão
Aqui se faz samba
É na palma da mão
Os versos do Renascer
São na raiz Vila Isabel
Universo do samba
Terra de Noel
Segunda de bambas
Terreiro, pés no chão
Um chope às quinze
É tudo de bom
No aeroporto
Feito avião
Daqui para o mundo
Todo mundo notou
O mais lindo
Samba do Trabalhador
Pra grande emoção entrar, ô ô ô
A boa luz do samba, la laiá
Acabou de chegar
Trazendo a sensação
De antigamente
Belas poesias
Simplesmente diferente
Depois de tempos hostis
Muda o palco num clarão
Aqui se faz samba
É na palma da mão
Os versos do Renascer
São na raiz Vila Isabel
Universo do samba
Terra de Noel
Segunda de bambas
Terreiro, pés no chão
Um chope às quinze
É tudo de bom
No aeroporto
Feito avião
Daqui para o mundo
Todo mundo notou
O mais lindo
Samba do Trabalhador
terça-feira, janeiro 15, 2008
Os Filhos de Eleonor
Eleonor teve dois filhos que ama, mas que contra sua vontade não têm metade da normalidade das crianças dos vizinhos. E nem um centésimo disso.
O primeiro deles, Medhros, tem a boca completamente nua; e no lugar dos cabelos possui longos e finos dentes, apontados para cima, como se houvesse uma enorme boca perenamente aberta, cuja circunferência segue a coroa de sua cabeça. Essas pinçudas presas permanecem em um lento movimento, como o de uma respiração, dando ao garoto mais velho uma aparência simplesmente arrepiante. Apesar de seus 15 anos, seu falar mais parece o de um velho que colocou uma esponja bem macia na boca. Tem um estômago poderoso, uma traquéia elástica, um esôfago que mais parece uma cobra de tão controlado, sendo capaz de engolir as coisas mais duvidosas.
Em certa feita, enquanto fazia graça para que sua mãe não insistisse que comesse brócolis, Medhros subiu em uma mangueira e comeu folha por folha. Passou dez horas catando cada um dos brincos verdes da árvore, deixando os galhos e os frutos intactos. Ao ver seu filho preso na árvore, com a cintura da largura de um fusca sem pneus, Eleonor decidiu que nunca mais pediria que comesse, porque comia bem demais quando queria.
A mangueira, com medo de sofrer um novo assalto do garoto, nunca mais deu uma folhinha. Nem um único e pequenino brotinho verde lhe saiu da ponta do galho mais fino da parte mais alta da árvore. Estava apavorada. Seus frutos ressecaram, não era mais capaz de se sustentar. Secou e se tornou uma árvore assustadora (mais assustada do que assustadora, na verdade).
Uma outra vez, durante uma briga com um de seus vizinhos, Nestor, Medhros arremessou-se de cabeça contra o rapazinho. Ele recebeu tantas dentadas na região pélvica que nunca mais pensaria em sexualidade na sua vida. Medhros arrancou as bolinhas do garotinho com muita acuidade, guardando-as nos bolsos para mais tarde montar um bate-bolinhas, envoltando-as com resina e pendurando ambas nas pontas de uma cordinha. Prendeu um anel de ferro na metade do comprimento da fina corda, e então punha-se a segurar o anel de ferro, balançando as bolinhas-de-garoto-de-resina uma contra a outra. Toda vez que brincava com o objeto, Nestorzinho sofria dores terríveis, tais que não conseguia levantar-se de onde estivesse, e nem mesmo deixar sua posição fetal característica, na qual passava a maior parte do tempo, vide seu trauma anterior.
O segundo filho de Eleonor eu não ouso descrever, e acho melhor parar a história por aqui, antes que ele descubra que estou pensando nele.
O primeiro deles, Medhros, tem a boca completamente nua; e no lugar dos cabelos possui longos e finos dentes, apontados para cima, como se houvesse uma enorme boca perenamente aberta, cuja circunferência segue a coroa de sua cabeça. Essas pinçudas presas permanecem em um lento movimento, como o de uma respiração, dando ao garoto mais velho uma aparência simplesmente arrepiante. Apesar de seus 15 anos, seu falar mais parece o de um velho que colocou uma esponja bem macia na boca. Tem um estômago poderoso, uma traquéia elástica, um esôfago que mais parece uma cobra de tão controlado, sendo capaz de engolir as coisas mais duvidosas.
Em certa feita, enquanto fazia graça para que sua mãe não insistisse que comesse brócolis, Medhros subiu em uma mangueira e comeu folha por folha. Passou dez horas catando cada um dos brincos verdes da árvore, deixando os galhos e os frutos intactos. Ao ver seu filho preso na árvore, com a cintura da largura de um fusca sem pneus, Eleonor decidiu que nunca mais pediria que comesse, porque comia bem demais quando queria.
A mangueira, com medo de sofrer um novo assalto do garoto, nunca mais deu uma folhinha. Nem um único e pequenino brotinho verde lhe saiu da ponta do galho mais fino da parte mais alta da árvore. Estava apavorada. Seus frutos ressecaram, não era mais capaz de se sustentar. Secou e se tornou uma árvore assustadora (mais assustada do que assustadora, na verdade).
Uma outra vez, durante uma briga com um de seus vizinhos, Nestor, Medhros arremessou-se de cabeça contra o rapazinho. Ele recebeu tantas dentadas na região pélvica que nunca mais pensaria em sexualidade na sua vida. Medhros arrancou as bolinhas do garotinho com muita acuidade, guardando-as nos bolsos para mais tarde montar um bate-bolinhas, envoltando-as com resina e pendurando ambas nas pontas de uma cordinha. Prendeu um anel de ferro na metade do comprimento da fina corda, e então punha-se a segurar o anel de ferro, balançando as bolinhas-de-garoto-de-resina uma contra a outra. Toda vez que brincava com o objeto, Nestorzinho sofria dores terríveis, tais que não conseguia levantar-se de onde estivesse, e nem mesmo deixar sua posição fetal característica, na qual passava a maior parte do tempo, vide seu trauma anterior.
O segundo filho de Eleonor eu não ouso descrever, e acho melhor parar a história por aqui, antes que ele descubra que estou pensando nele.
A Ruiva do Saulo
(Partido Alto)
Encontrei o amigo Saulo
Com um tremendo mulherão
Cabelões muito vermelhos
Boca cheia de batom
Salto alto, saia curta
Nos mostrando tantos dotes
Meus botões, pensando bem,
Tem alguma coisa errada
Porque a fama desse cara
É de não pegar ninguém
Eu falei
Que a fama do Saulo
É de não pegar ninguém
Aí que eu descobri
Saulo de bobo é quase nada
À espreita nas noitadas
Deu o tiro bem no alvo
A preferência do nosso colega
Era só de ruivas
Esperou feito coruja
De olho grande na irmã do parceiro Araquém
A garotinha que já debutava lá pros seus dezoito
Chegou bonitinha, toda arrumadinha
E Saulo deu o bote naquela ruivinha
Eu falei
Que a fama do Saulo
Tá com a irmã do Araquém
Encontrei o amigo Saulo
Com um tremendo mulherão
Cabelões muito vermelhos
Boca cheia de batom
Salto alto, saia curta
Nos mostrando tantos dotes
Meus botões, pensando bem,
Tem alguma coisa errada
Porque a fama desse cara
É de não pegar ninguém
Eu falei
Que a fama do Saulo
É de não pegar ninguém
Aí que eu descobri
Saulo de bobo é quase nada
À espreita nas noitadas
Deu o tiro bem no alvo
A preferência do nosso colega
Era só de ruivas
Esperou feito coruja
De olho grande na irmã do parceiro Araquém
A garotinha que já debutava lá pros seus dezoito
Chegou bonitinha, toda arrumadinha
E Saulo deu o bote naquela ruivinha
Eu falei
Que a fama do Saulo
Tá com a irmã do Araquém
sexta-feira, janeiro 11, 2008
quarta-feira, janeiro 09, 2008
A Salvo
Salvo o que é dos outros, o que é meu, é meu. Este blog está inteiramente registrado. Todos os meus textos estão expressamente registrados no meu nome.
Eu sou Rodrigo, e meus textos agora têm uma identidade na web.
Eu sou Rodrigo, e meus textos agora têm uma identidade na web.
terça-feira, janeiro 08, 2008
Soneto do Quererismo
No meu quereral tenho plantados
E como poderiam não ser: quereres,
Desejos, quiçás, sementes de vontade,
Almejos de todas as estações
No meu quintal, colheita mais valiosa
Logo à frente descarto descompromissos.
Num cemitério pequeno, graças a Deus
Jazem frustrações e perdas totais.
Minhas ferramentas são tão poucas
Coragem, audácia, humildade
Felicidade por muito viver
Os riscos também não ficam por mais
Querer somente o melhor existente
Implica perder o que é sempre pouco
E como poderiam não ser: quereres,
Desejos, quiçás, sementes de vontade,
Almejos de todas as estações
No meu quintal, colheita mais valiosa
Logo à frente descarto descompromissos.
Num cemitério pequeno, graças a Deus
Jazem frustrações e perdas totais.
Minhas ferramentas são tão poucas
Coragem, audácia, humildade
Felicidade por muito viver
Os riscos também não ficam por mais
Querer somente o melhor existente
Implica perder o que é sempre pouco
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