sábado, novembro 29, 2008

Autobiografia

Essas semanas estou numa onda de leituras biográficas. Li o Tim Maia e o Noites Tropicais, ambos do Nelson Motta, estou terminando o do André Midani (onde, descaradamente, ele desmente um dos eventos narrados pelo Nelson Motta no Noites Tropicais, quando supostamente o Tim Maia destruiu toda sua sala na presidência de uma gravadora no Brasil). E comecei a ler o do Tom Jobim, do Sérgio Cabral. No livro, Sérgio relata que Tom o chamava "meu biógrafo". E pensei: quem fará a biografia do Sérgio Cabral? E se todos tivessem um biógrafo atrás de si, quem seria o biógrafo dos biógrafos?

Não sou o Tom Jobim. Deixo registrado aqui que adoraria ter a importância de alguém que merece a companhia de um biógrafo pessoal. Sorte do Tom que o Sérgio Cabral não se foi antes dele (é premissa que o personagem tenha batido as botas para que o biógrafo faça seu trabalho por completo). Mais sorte ainda foi ser pesquisado "em vida", e por um amigo. Alguns não têm esta mesma sorte. O Sérgio assina a biografia do Ary Barroso. E quem disse que os dois viveram carne-e-osso como com o Tom Jobim?

Como não sou o Tom, e não tenho meu biógrafo, coube-me sacar a importância do Progresso, este singelo blog à moda antiga, à la Meu Querido Diário. Meus filhos - tomara que eu os tenha - terão coisas suficientes aqui pra fuxicar quando eu me for. Matar a saudade, e colher algumas inspirações - tomara que as queiram. Como já tenho a mulher da minha vida, que aniversaria HOJE, sinto-me também na obrigação de deixar registros vitalícios para que ela desfrute deles quando tiver saudades e eu tiver me ido desta vida. Decerto, encontrará várias respostas aos meus fenômenos psicológicos imediatamente, se assim reler uma coisa aqui, outra ali.

De repente isto aqui passa a significar alguma coisa para terceiros, nunca podemos esquecer que a vida é imprevisível. Vou registrar o Progresso como "Meu Biógrafo". Eu forneço as linhas da minha vida, e ele se lembra delas enquanto o Google viver. E personagens tão aleatórios e incógnitos como eu também podem fazer sua visita e perder um pouco de seu precioso tempo nessa coisa nostálgica que é a visita ao passado.

Tem vários baratos ao ler estas biografias. Primeiro, que elas me ensinam muito sobre o mercado musical, como as coisas acontecem, e quem são os personagens que os fazem acontecer. Hoje não é igual como há cinqüenta anos, mas ainda resta muita coisa em comum. Segundo, é fácil você se achar íntimo dos biografados. Terceiro, você encaixa as peças de um quebra-cabeças, que é o da MPB. Os mesmos personagens se repetem. Exemplo: aprendi que o Gilberto Gil é um cara super camarada, amado por todos, de uma inteligência social incrível e que se sacrificou por vários amigos. E ele não foi nenhum dos biografados que eu li.

Dessa forma, repenso aquela máxima de que "blog pessoal de cú é rola". Se você quer se deixar um pouco imortalizado, pelo menos pras pessoas que vêm, é bom ter um blog do tipo Meu Querido Diário.

Ces't tout.

sexta-feira, novembro 28, 2008

A Continuidade

Oitenta por cento das coisas
Que eu prometo ou planejo, não faço.

Das que faço,
Vinte por cento são responsáveis
Por oitenta por cento da minha satisfação.

Das que não faço
Vinte por cento seriam responsáveis
Por mais-que-dobrar minha felicidade.

Mas... Como escolher o que descartar?
Sujeito-me ao acaso, à intuição
E por vários momentos, à impulsividade

É a desigualdade das coisas que nos fazem bem:
Fazê-las leva tempo, e mesmo acreditando,
Nunca saberemos se de fato nós estávamos certos.

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terça-feira, novembro 25, 2008

O Pop Procura o Inusitado

A mídia aplaude o namoro pedófilo entre o marmanjo compositor Marcelo Camelo e a adolescente Mallu Magalhães, cujas composições in English, suas influências londrinas e suas visitas estrangeiras no myspace encantaram o descerebrado quarto poder brasileiro, que a enfiou goela abaixo do povo. E isso não despertou nenhum inquérito.

Mallu foi uma zebra da música brasileira. Um cisne negro. Tomara que traga algo de bom, que não seja uma modinha. Que eduque os ouvidos, de preferência. De maneira planejada ou não, Zé Ramalho já estava pra embarcar nas ondas do Bob Dylan.

O evento promoveu Camelo de uma forma que suas composições (seu principal negócio, e motivo pelo qual deveria tornar-se mais e mais famoso) não haviam conseguido nos últimos tempos.

Veja bem, não estou explicando ou induzindo nada. Estou apenas expondo as coisas. Não o acho um compositor ruim, até aprendi algumas coisas bem legais ouvindo músicas dele (alguns truques muito fodas, por sinal).

Torço pra que o próximo hit de Camelo seja uma de suas canções, e não a notícia do término de seu namoro com uma guria que acabou de aprender a escrever. Em Inglês.

Hoje Fui ao Cinemark

Ouvi uma trilha fantástica antes do filme. Uma tal de Rádio Trama. Me impressionou muito a qualidade da reprodução. Se as casas de show tivessem o mesmo equipamento dos cinemas, haveria mais público, e o Tim Maia nunca reclamaria do técnico de som.

Pra dar uma idéia, do saguão, comprando pipoca, estávamos ouvindo Último Desejo, de Noel Rosa. A voz era feminina, mas muito abafada, e o violão meio vintage, dava um climinha. Entrando na sala, o som foi desabafando, o violão ficou cristalino, e a Manu acertou a voz: era da Gal. O Fênix canta no mesmo tom, exatamente, e tem até uma pegada parecida nessa música. O violão era um show à parte: Chico Pereira. Seguiram-se interpretações, sempre no tema Noel Rosa, de João Bosco, Maria Bethânia e Rosa Passos, interrompida nos primeiros segundos para o início do filme. Se me oferecessem a trilha da rádio na saída, eu estaria tentado a comprar.

Me perguntei quais serão os novos modelos de negócio do mundo da música. Só sei que morrer não vai, porque não dá.

domingo, novembro 16, 2008

O Que Basta

Aquele que define seu passo
Tem nas mãos a vida que escolher

se falta amor, planta,
Se sobre carinho, dá,
Porque nunca tanto se precisou

Da verdadeira mão
Senhora da fraternidade
Sem sinais de culpa ou cobrança
Dedos que afagam
Tão somente por caridade

Quem mal afagou
Foi aquele
Que por mero interesse doou

Fingindo dar pra enganosamente tirar
Planejou tudo: furtou e voou

Todos os campos estão assim
Os de concentração, de vida e de guerra

Basta dar,
Basta ter o que tomar.


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sexta-feira, novembro 07, 2008

quinta-feira, novembro 06, 2008

À Distância

Resolvi que faria um novo post. Ontem, ao voltar pra casa, fui agraciado por uma chuvinha daquelas que molha a rua e, sendo a Gávea o lugar verde que é, espalha o perfume das árvores pelo ar. Foi muito bom andar até o baixo pra pegar o ônibus de volta. Daqui a pouco realizo o mesmo trajeto de ontem, mas provavelmente sem chuvinha.

À distância. Mas não inativo. Tenho aprendido mil coisas sobre música, sobre produção musical, e resolvi que faria um blog pra compartilhar meus conhecimentos adquiridos sobre a discografia brasileira. Está aqui, escrevo-o em inglês e narro-o em inglês para voltar a exercitar a língua:

www.loungebr.com

Estou ainda no terceiro podcast, mas já fui ouvido por mais de cento e vinte pessoas, e no meio desse povo, o blog até mereceu uma menção em um outro blog estrangeiro, que fala sobre coisas de marketing na internet etc. Aparentemente agradou.

Com este podcast, também promovo a um segundo nível meus novíssimos conhecimentos de mixagem e gravação, e passo a utilizar para algo mais produtivo o meu home studio. A meu próprio serviço.