No voar da onça feroz
Que roubou asas de avião
Nos sinais da nova estação
Não sei se castigar resolve não
Não sei onde encontrar um coração
Não sei onde guardar meu coração
Que se feriu pelos limites da paixão
Não sei se acabou a solidão febril
Do morno sossego que se instalou
No além-mar só navego a voz
Que gritou "cauda de pavão"
Das reais senhoras de um tostão
Não tento arruinar esta monção
Nem faço seca num breve sertão
Ao menos me vestir de pai-joão
Teu Carnaval, onde pierrot não vale não
Não há parafernália de condão anil
Nos ventos de gelo que me soprou
Se vieres ver como cresci
Além dos postes que te iluminavam também
Será, meu bem, o meu prazer
De ver como te deixo louca
Mas, do cais,
Eu verso para este além-mar
Onde se foi buscar alguém
Que bem outrora quis zelar
Este contrato que ninguém quer assinar
Nos sinais
Que configuram meu serão
Jamais retornarei audaz
Serei mordaz no teu verão
E tempestades jorrarão
E arco-íris saltarão do céu
Imaculando o meu perdão
Essa foi uma feliz coincidência. Eu estava tentando fazer uma melodia pra uma outra letra. Consegui uma bonitinha, mas não tinha muito a ver com o que estava escrito. Daí eu escrevi uma letra mais apropriada pra música. A anterior ficou guardada.
Tem muitos momentos nos quais eu só arrumo uma palavra que encaixa, e que seja "da família" do assunto. Aí a letra ganha um sentido abstrato, abrangente. É um truque possível, e esse truque, ironicamente, eu uso quando não sei muito bem o que vou escrever. Aí, pincelo palavras, no acaso, mais ou menos, e a letra acaba crescendo. Essa é uma técnica boa, porque dá resultados bem subjetivos na hora de interpretar. É a tal da "letra viajante".
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