sexta-feira, dezembro 05, 2008

Youtube Symphony Orchestra

A orquestra sinfônica de Londres compôs uma peça para a inusitada primeira orquestra colaborativa via web. Os músicos serão selecionados através do youtube para se apresentarem no Carnegie Hall, sacro-santo lugar onde a Bossa foi apresentada formalmente pela primeira vez aos Estados Unidos! :)

Aos meus colegas instrumentistas, desejo o melhor! Que vão para o Carnegie Hall!

Notas:
  1. A idéia geral é a seguinte: você faz o download da partitura, treina com a regência em um vídeo online, grava a sua performance e manda pra seleção. Se for escolhido, vai pro Carneggie Hall se apresentar, com tudo pago ;-)
  2. Serão permitidos instrumentos não convencionais a orquestras. Quando selecionar seu instrumento, se ele não estiver presente na lista, pode selecionar um equivalente, deixando selecionado um instrumento de função parecida, com a mesma região, aproximadamente. Há algumas sugestões em um documento que você pode baixar ao escolher "other" no instrumento (ao invés de piano, por exemplo), mas não se preocupe se o seu instrumento não estiver lá também, é só uma linha guia. A idéia é permitir a diversidade, já que é um projeto global.
  3. O link brasileiro não está funcionando perfeitamente. Tente o americano. Tem um monte de bandeiras em cima, cada uma com o link da língua específica.
  4. Tem várias lições em vídeos online pra aprender os movimentos, todos com instruções de professores integrantes da orquestra sinfônica de Londres, e vídeos com a regência do maestro, para treinar. As partituras para cada instrumento também estão disponíveis, devendo ser estudadas.

O link é esse aqui: Youtube Symphony Orchestra

Agora é mandar brasa! Practice, Practice and Practice it!

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Retroceder, Quando For Para Retroceder

Escrita no Sábado passado.

Hoje tirei um cochilo na casa da minha mãe. Caí feito um porco morto no sofá, só acordei horas depois. Mas, aleatoriamente, quando acordei, lembrei-me de um evento profissional interessante. Há mais de quatro anos.

Eu estava em um ritmo de trabalho bem puxado. Pensava em ter um pouco mais de tempo ocioso para me dedicar à faculdade, e queria me envolver com tecnologias diferentes. Isso me levou a querer me desligar da empresa onde estava. E anunciei: estou de saída.

Talvez tivesse vinte e dois anos. Houve um almoço, para me felicitar em minha nova jornada. Por um mês inteiro, trabalhei em uma segunda empresa, por apenas quatro horas diárias. Estava começando também a me ligar a um grupo de pesquisa na faculdade. Desde que estive numa multi-nacional, em 2000, sabia que o melhor a fazer na área de tecnologia era trabalhar em startups. Foi meu primeiro emprego, e de lá saí em seis meses. Em uma área emergente, numa startup, se bem escolhido o lugar, é provável que você faça carreira até se tornar um "peixe grande", já que as empresas pequenas tendem a crescer com uma mortalidade muito menor do que em áreas mais apertadas. Mas há de se esperar, como sempre. Além disso, os trabalhos são menos divididos. Todo mundo tem que fazer de tudo.

Ao fato: o almoço de despedida. Lá pelas tantas, fiz um pequeno discurso. Bobeira mesmo, mas há de se ter cara-de-pau para oratória, né? Levantei, houve silêncio. Umas dez pessoas me olhavam. Disse que havia gostado bastante de trabalhar com todos, e realmente o havia, mas que precisava ter um pouco mais de atenção com a minha vida acadêmica. E disse que os amava. E Deus viu que o discurso foi bom, porque houve uma comoção de alguns curtos segundos. Falar a verdade mais intensa é sempre comovente.

Após uns quinze dias de saída, estava feliz com minha nova vida. De manhã, trabalho. À tarde, estudava ou ficava ocioso. E à noite, aula. Os ganhos eram poucos, era uma outra empresa começando, com umas cinco pessoas, ainda na incubadora. Enfim, garotos recém-saídos de um laboratório da PUC. E eu, um garoto estagiário que acabara de ser contratado. E nesses quinze dias de saída, recebi um telefonema. Era a administradora da empresa da qual tinha acabado de sair, que havia se tornado minha amiga. Ligara a mando de um cara que mais tarde me influenciaria absurdamente. Esse cara havia se tornado sócio da empresa. Eu saía, ele entrava. A primeira vez que nos vimos foi no meu almoço, quando fiz o mini-discurso, seguido da mini-comoção.

Eles queriam que eu desse um pequeno curso para um grupo de estagiários que entravam no meu lugar. Não me lembro muito bem a ordem temporal das coisas. Preparei o curso e ministrava-o aos Sábados, arrumando um trocado a mais pra sustentar meus gastos num quarto de família na Rua das Acássias, na Gávea. Após terminado o curso, conversei pessoalmente com o Alex, o novo sócio.

Ele me contou que planejava uma segunda versão de um programa que fiz, e que acompanharia todo o processo de perto. Que precisava de mim pra refazer a coisa toda, e me ofereceu o triplo do que ganhava. Ele é um cara que teve muito sucesso com a bolha da internet, era visionário, sabia lidar com pessoas, super carismático, de um humor enorme (fazendo inclusive várias ironias sobre si mesmo). Estava me oferecendo o triplo para que eu trabalhasse supervisionado de perto por ele. Pedi demissão da empresa na qual acabara de entrar, pois via que iria encarar muita aprendizagem e (por que não?) mais dinheiro no bolso.

O que mais me marcou naquela conversa foi ele me dizer que, após o almoço, conversava com o outro sócio, Sérgio, sobre a minha saída. A coisa foi mais ou menos assim, segundo o que ele me contava:

- Sérgio, você vai deixar esse cara sair assim? Sem uma contra-proposta? Nada?

Quando percebeu que seu parceiro não faria nada para manter um talento na empresa, empenhou-se pessoalmente em me trazer de volta. Muitas coisas aprendi com o Alex, e também com o Sérgio. Eram estilos praticamente opostos de liderança. O ponto realmente fraco do Sérgio era que nós víamos bons programadores escorrerem para fora da empresa, após um período realmente apertado de trabalho excessivo e produtividade altíssima. O ponto fraco do Alex eu ainda não sei.

Trabalhei com ele durante várias semanas, lado-a-lado. Foi surreal. E tivemos um projeto super bem sucedido, considerado mais tarde um dos três melhores do mundo na sua área. Valeu à pena ter voltado. De projeto pronto, resolvi retomar o projeto de trabalhar em outro lugar, desta vez pra encarar coisas diferentes. Aí é papo pra depois. Depois eu conto.