quinta-feira, maio 25, 2006

A Viagem de Layla e Amanda

Era o início da tarde. Layla se acomodou em seu quarto, e foi andar pela cidade que visitava. Enquanto dava sua volta de reconhecimento, percebeu que lá havia alguns salões que lembravam esses com caixas eletrônicos de banco. Uma placa os identificava com o nome "Teiaviva".

Ao cair a noite, ela estacionou em frente a um deles. Trancou o carro, e com alguns passos chegou até a porta da loja. Tirou seu chaveiro cilíndrico do bolso e destampou uma das extremidades. Uma espécie de conector foi revelada, e ela o encaixou numa fenda, em um painel lateral à porta. O display passou a mostrar a mensagem "Sua Digital Aqui".

Pressionou o dedo indicador no lugar apropriado, e a porta se abriu. Do lado de dentro, quinze terminais estavam dispostos, lado a lado. Alguns estavam ocupados. Layla escolheu um ao acaso. Cada terminal tinha um monitor de dezessete polegadas, um teclado, uma pequena esfera embutida ao lado do teclado e um conjunto de fones de ouvido e microfone pendurados ao lado do monitor.

Ela colocou o fone em sua cabeça, ajustou o microfone próximo à sua boca e pressionou algumas teclas aleatoriamente, a fim de ligar o monitor. A tela se acendeu, mostrando uma logomarca do sistema, presente em praticamente todas as grandes cidades do mundo. No canto inferior direito, uma seta verde com a legenda "Seu Disco Pessoal Aqui" pulsava lateralmente, apontando uma fenda, idêntica à encontrada no painel da porta.

A mulher, aparentando seus vinte e seis anos no melhor estilo "gostosona", cabelos e olhos castanhos, plugou seu chaveiro no conector. Era hora de dizer à sua prima que havia chegado, e que estava bem.

Ao perceber a conexão do disco, o sistema novamente solicitou que a mulher identificasse sua digital no espaço ao lado do conector.

Após a identificação de Layla, o monitor exibiu a mensagem "Digite Sua Senha". Ela digitou algumas letras, e em seguida, a mensagem "Sincronizando Dados..." apareceu. Após alguns segundos, o sistema mostrou a mensagem "Inicializando".

A logomarca desapareceu, dando espaço a uma área de trabalho ordinária, com alguns ícones e atalhos para programas. No canto inferior direito dessa área havia um display mostrando a hora, e um outro mostrando o tempo de crédito possuído: cinqüenta e três minutos. Automaticamente, sua lista de músicas começou a tocar. Uma canção de uma banda alternativa, Boom Boom Sattellites, soou em seu fone, mas não a ponto de atrapalhar a ligação telefônica que faria a seguir.

"Tenho que comprar mais créditos amanhã, pela manhã", pensou. Deslizando a palma da mão pela esfera, Layla levou o cursor até o ícone de um dos programas que desejava usar. A figura de um telefone surgiu, e um painel com os endereços de seus contatos foi mostrado ao lado esquerdo. Clicou no nome Amanda, e uma ligação para o estado vizinho foi iniciada.

Após alguns toques, sua amiga Amanda, dona de uma voz bem forte e grave, atendeu:
- Alou?
- Amanda?
- Layla? Já chegou?
- Já, amiga! Olha, tou morrendo de saudade! Cheguei pela manhã, e já arrumei tudo. A cidade é muito fria, mas é linda! Já preparou suas coisas?
- Ah, que bom! Já sim! Acabei de arrumar minhas malas, e daqui a pouco vou pro aeroporto!
- Ok, vou te buscar. Qual é mesmo o horário de chegada?
- Dez e meia.
- Perfeito, dez e meia no aeroporto. Um beijo, prima!
- Outro! Deixa eu dar um jeito nessa casa, pra depois eu partir.
- E Fernando?
- Me ligou mais cedo dizendo que ia passar uns dias na casa dos pais.
- Ah, isso vai ser bom pra ele.
- Vai sim. Agora, deixa eu me aprontar.
- Tchau!
- Bye bye!

Amanda desligou o telefone. Layla tentou ligar para seus pais, sem sucesso. Deixou um recado na secretária eletrônica, e mandou também um e-mail. Depois, telefonou para Pedro, mas seu celular não estava ligado.

- Que canalhinha... - Layla riu, sabendo que seu caso devia estar aproveitando sua ausência. Mandou-lhe um torpedo: "aproveite tudo o que puder, meu bem. Quando eu voltar, vou te seqüestrar por três dias."

Não tinha nenhum e-mail novo, mas no orkut seus amigos disparavam os scraps de sempre: "boa viagem!", "boas férias!", "me traz um presente!"

Entrou em seguida em um site, ThisPlace. Lá, fez uma busca pela cidade em que estava, e pegou todo o programa de bares, restaurantes, teatros e lugares recomendados. Salvou o arquivo, e resolveu partir.

Após desconectar e desligar tudo, voltou ao carro. Lá dentro, sacou um palmtop e plugou seu chaveiro nele. Iniciou o ThisPlace, abriu através do programa o arquivo que havia baixado na cabine. Na tela, apareceu o mapa em fotos aéreas da rua, e também um ponto vermelho, indicando onde ela estava naquele momento.

- Isso vai ser fácil. - Ela suspirou aliviada.

Digitou a palavra "lugares indicados". Automaticamente, a imagem foi afastada, e sobre o mapa apareceram alguns pontos azuis. Selecionou e gravou o roteiro daquela noite: parque público, buscar Amanda no aeroporto, jantar e por último ir a uma boate. Se divertiria com gente diferente, sem seu "cobertor de orelha" por perto.

- Primeiro passo... - Com um clique em "Piloto Automático", o programa soou a frase: "Siga em frente, e vire a próxima direita".

Layla deu a partida, seguiu em frente, virou à direita, e sorriu.

Safe Creative #0803010456849

terça-feira, maio 23, 2006

Bost



Essa é uma paródia do Lost, feita por uma galera maneiríssima :-)
Vai ter mais depois, eles estão fazendo seleção de atores pros próximos capítulos!

quarta-feira, maio 17, 2006

Poesia em Grupo

Este texto foi feito durante uma longa conversa com a Manu. Ela é fantástica ;)

Poesia a Quatro Mãos

Quanto mais as pessoas se escondem...
Parece que têm medo das palavras
Não falam o que sentem,
Não ouvem o que devem ouvir

Como se o dito fosse como armas
Como se a verdade doesse mais
Que um ventre rasgado

É como a criança que se recusa a aprender a ler
Assim são as lições do amor
Terrivelmente necessárias

O coração partido pela verdade
Logo se recupera para aprender a não errar
Mas a ferida aberta pela mentira é pior
Será a mesma armadilha dia após dia

O coração que usa de omissão se sufoca
Como um glutão, enche-se de palavras
E atos que não condizem com a devida atitude
Escurece o que estava claro e acaba com a própria paz

Quanto mais as pessoas se escondem
Mais ciladas armam contra si mesmas
Mais continuam a se esconder
Mais vestem sorrisos e inspiram a dor


Safe Creative #0803010456825

IV Jornada de Estudos de Casos SEBRAE

Recebi uma excelente notícia!
Nosso grupo, composto por dois alunos universitários: eu e a Maria Beatriz, orientados pela Helene Salim, ficou em sexto lugar nesse concurso aí do título:



Teremos nossa história publicada em um livro do Sebrae este ano. Trata-se do estudo de caso da empresa de design Estúdio Criatura, voltada especialmente para atender o terceiro setor. Foi uma boa surpresa, um tanto inesperada.

Na verdade, havia mais uma aluna no grupo, a Angélica, mas ela acabou não podendo se inscrever conosco, porque era da pós-graduação.

Meus agradecimentos ao pessoal do Estúdio - o Roberto, principalmente, que nos deu um excelente panorama da empresa, para que pudéssemos desenvolver nosso estudo, e aos meus colegas de grupo e curso. Um beijo também pra magnânima orientadora, sempre alegre, sorridente e muito paciente.

Consideramos o tempo que tivemos, o trabalho podia ter ficado melhor. Mas já teve um bom resultado, em vista das prioridades. É tanta coisa pra fazer no nosso dia-a-dia...

:) :)

segunda-feira, maio 08, 2006

Vejamos o caso da China

O que a China está fazendo com toda a tecnologia existente no mundo? Copiar/colar.

Podemos também dizer "aprendendo por exemplo". Todos temem a chegada dos chineses no mercado de trabalho. Eles podem cobrar muito menos, e viver (muito bem, às vezes) com isso. Na verdade, o primeiro mundo teme a emergência do terceiro. E todos temem a China. Lá, antigamente, era uma terra com pessoas miseráveis. Muito digno de George Orwell, um país fechado, onde o cidadão comum não sabia o que acontecia do lado de fora. Até hoje não são muitos os que sabem. Mas este número está mudando, rapidamente e numa taxa constante.

Como assim é possível que os engenheiros chineses vivam muito bem com muito menos do que os engenheiros americanos? O terceiro mundo, e principalmente a Índia e a China, nivelarão o mercado de trabalho. Infelizmente, para baixo, no início. Não há demanda que não possa ser provida por um chinês baratinho. Pensem bem: metade do mundo (quase 3 bilhões de pessoas) têm finalmente a chance de entrar e competir no cenário global. Onde não havia força produtiva, estão sendo despertados verdadeiros gigantes. Digamos que 1 bilhão de pessoas seja a massa das pessoas do primeiro mundo. O que acontece quando outros 3 bilhões passam a fazer a exatamente a mesma coisa, por um preço mínimo? Teremos uma explosão de produtividade. Dessa vez, ou o planetinha acaba, ou a gente aprende a consumir.

Existe alguma maneira de impedir que os países emergentes copiem os métodos de produção e energia de países desenvolvidos? Royalties e patentes. Pasmem, pra impedir que o topo da pirâmide fique largo, existe até gente querendo limitar o número de países a usar energia nuclear em apenas 8. E as crianças que estão crescendo, que se danem.

Mas... Por que a Índia afinal vende serviços para os EUA com muito menos custo que os próprios americanos? A resposta está na maneira como "flui" a informação. Os espaços virtuais são tão etéreos que o tempo de tráfego dos dados é praticamente zero. Comparando as economias, é óbvio que a Índia tem um custo de vida menor. Mas a entrega do produto não seria possível, se não fossem as redes. Tanto a Índia quanto a China se tornam praticamente territórios dentro do próprio quintal dos americanos.

Isso me lembra Duna, de Frank Herbert: "the spice must flow". E há quem queira impedir que a informação flua. A correnteza das nossas abstrações mentais é uma forma de se criar riquezas infinitamente. O custo em matéria prima é quase zero. Gente, não tentem vender um software achando que você tá vendendo um carro. Pra ter novos carros, eu preciso de uma linha de montagem. Pra ter novos softwares, eu preciso de um copiar/colar.

Quanto aos serviços "criminosos" de compartilhamento de músicas e arquivos, eis a minha indagação: quando você tem uma tecnologia que fere legalmente os interesses de algumas dezenas mas facilita a vida de bilhões, quem está errado? A tecnologia ou a lei?

Post meio difuso, mas tem lá seus pontos de discussão.