sexta-feira, julho 24, 2009

Geração Exibcionista

Depois da Internet ganhar olhos, vêm aí os nossos filhos. A geração dos exibcionistas.

Aguardem as cenas das próximas puberdades.

quarta-feira, julho 01, 2009

Com O Tempo, A Gente Vê

Ontem eu estava em uma das reuniões de projeto no trabalho, quando de repente pintou uma conversa sobre pequenas mudanças no status atual de sua arquitetura (uma espécie de planta baixa do negócio).

Desenvolver software ajuda a manter alguma sanidade, com certeza. Quero fazer isso e compor músicas e escrever poemas até a minha velhice. Você tem que pensar nos detalhes do modelo, e em como as peças se encaixam... É como se tivesse uma espécie de lego dentro da sua cabeça, e você vai modelando o briquedo imaginário. Acontece que, com o tempo e a observação diária, você passa a entender padrões recorrentes, muito similares mesmo, em partes diferentes do sistema. Você enxerga através desses padrões um "cerne" que pode ser criado e reutilizado, que pode simplificar o seu trabalho. Materializando esse cerne, você pode usá-lo no lugar das coisas parecidas que existiam isoladamente uma das outras, e descartá-las. Esse exercício é mais ou menos o que faço em minha vida, desde que me tornei independente. Justamente por causa da profissão.

Um ponto contra esse tipo de comportamento e uso das coisas é o de se formar o pensamento engessado. Você se acostuma com aquela zona de conforto, com o tal cerne, e ao precisar mudá-la, não faz a mínima idéia de como começar, e é até mesmo resistente a ela. Você acha que, porque tudo está indo bem, não precisa arriscar nada novo. Comigo, isso acontece durante certo tempo. Acho que com você também.

O momento onde o universo está bem confortável e previsível é bom para o descanso. O momento em que a monotonia e o marasmo chegam é provavelmente o momento em que você já descansou demais. É hora de se arriscar de novo. Reinventar o universo.

Novamente, por causa da prática da observação, você verá coisas que precisam ser melhoradas. Vai olhar para o ambiente e observar coisas necessárias, e coisas desnecessárias. Vai querer varrer a casa, trocar os móveis de lugar, se livrar de coisas antigas e obter coisas novas. Vai encontrar um passatempo novo, uma nova maneira de trabalhar, e vai refazer seu universo.

É claro que, se tivéssemos controle total sobre nossas vidas, nada disso seria um problema. Mas às vezes precisamos fazer mudanças radicais, por motivos externos. Uma avalanche, ou uma ligação podem determinar uma ruptura na sua rotina de invenção, usufruto e reinvenção. Um número incontável de coisas podem te jogar para uma outra direção.

É perigoso viver com todos os riscos. Mas é natural. Quando os pássaros fugirem de suas gaiolas e tudo sair do seu controle, é necessário olhar para dentro e pensar: isso é parte do que o mundo é, e eu não o controlo. O que eu sou está aqui dentro. Não é igual a ontem, e não vai ser igual a amanhã. Mas pelo menos aqui dentro eu posso imaginar o que quiser, e ser quem eu quero. Posso tentar derramar um pouco de mim pra fora, mas não posso garantir que a parte de fora seja eu, mesmo que tudo seja muito parecido com o que quero, daqui de dentro.

Com a "metamorfose ambulante" que somos, sempre olhamos para o mundo e encontramos coisas dispensáveis e coisas que faltam. Dispensáveis e ausentes em um segundo podem até mesmo inverterem posições em seguida. Aplicar o esforço pra mudar isso é uma opção, mas certamente, com o tempo, a gente vê. Senão, não seríamos nós. Seríamos só matéria prima.