quarta-feira, março 28, 2007

Como conseguir O Melhor Assento do Vôo

Seja um avião para transporte de passageiros. Dentro dele, um corredor que divide as cadeiras ao meio em duas seções. Em cada um dos lados, uma matriz de cadeiras trinta por três, simétrica em relação ao outro lado, e eu me esqueci que nesse momento tenho um lápis e um papel.

Resumindo, a disposição das cadeiras é a seguinte:








Então. A pior coisa no mundo é encarar uma longa viagem numa única cadeira. Quando você for fazer o check-in, tenha certeza de conseguir uma fileira de três cadeiras vazias. Mais. Não serve ter uma cadeira vazia, a não ser que só você tenha acesso a ela.

Vou explicar melhor: pegue sempre uma das cadeiras do meio: B ou E. Ao conseguir uma fileira vazia - se estiver com vergonha de pedir ao agente, faça check-in via Internet - É provável que alguma cadeira continue vazia do seu lado. Se você estiver no meio, uma das cadeiras vazias, se houver, será obrigatoriamente à sua direita ou esquerda, e o passageiro ao seu lado, logicamente, não terá acesso a ela, porque você espertamente estará entre ele e o assento vazio.

Vamos explorar alguns cenários alternativos possíveis:









No cenário A, temos a pior configuração de assentos. Ela traz a disputa do banco livre pelo direito de uso dos passageiros 1 e 2. Quem colocará sua bolsa de mão no assento vazio? Quem dominará a bandeja de refeição deste mesmo assento? Seja sempre o primeiro a largar a bolsa no assento vizinho, e o primeiro a abrir a bandeja para colocar seus restos de refeição lá.

Se estiver na janela, também estará submisso à vontade do seu companheiro, para que o deixe ir ao banheiro, ou que lhe passe a comida de bordo. Comer antes do vôo te livra de um dos problemas, já que não vai precisar da comida de bordo, e é um favor a menos que vai dever ao vizinho.

Algumas observações a respeito da comida de bordo:
  1. É ridículo como as pessoas acham que têm que, obrigatoriamente, comer aquela gororoba.
  2. Este é um dogma já bem estabelecido, um paradigma que deve ser quebrado.
  3. NÃO SE PREOCUPE, O AVIÃO NÃO CAI SE VOCÊ NÃO COMER, e
  4. NÃO, O AVIÃO NÃO FICA MAIS LEVE PORQUE HÁ MENOS COMIDA A BORDO

Comer antes de entrar no avião também significa que você terá um amplo cardápio para escolher. Não se impressione com a gratuidade da comida aérea, ela é tão leve e barata que deve sair de graça na padaria mais próxima. O problema maior da refeição prévia é que você fatalmente vai querer comer em um fast-food (esse tipo de comida está profundamente gravado em nosso inconsciente para estes momentos), vai pedir uma Coca-Cola de 500ml, e vai ter que pedir, suplicar, implorar para que seu carrasco e captor (o maldito vizinho de assento) o deixe alcançar o corredor, e só então você imprimirá a corrida dos cinqüenta passos rasos para chegar ao banheiro ocupado e se mijar todo antes de entrar nele.

Notas:
  1. Se seus rins não funcionam, você não terá esse tipo de preocupação.
  2. Se a nota anterior for verdadeira, assegure-se de que haja uma máquina de hemodiálise aguardando-o na cidade de destino.

Caso você tenha mesmo que pedir ao seu vizinho pra ir ao banheiro, agracie-o com o privilégio de se sentar à janela para apreciar a vista aérea, para que ambos possam se aliviar durante esse momento. Ninguém vai dever nada a ninguém depois disto.

Notas:
  1. Antes de oferecer a janela, faça-lhe a seguinte pergunta, para a segurança de todos a bordo: "Você tem medo de algura?"
  2. Mediante a pergunta do item anterior, tenha a certeza de ter ouvido a resposta "Não", ou sinônimos, pronunciada diretamente do sistema vocal da pessoa pra quem você fez a pergunta. Se não souber o que é um sinônimo, pergunte diretamente ao comandante da nave. Nunca - eu disse NUNCA - tire dúvidas sobre a língua portuguesa com comissários de bordo. O resultado desse tipo de atitude é realmente imprevisível. Dizem as más línguas - as norte-americanas - que foi o que levou quatro aviões a serem jogados com passageiro e tudo nos dois ex-prédios-mais-altos de Manhatan, no Pentágono, e na Casa Branca. O da Whitehouse não atingiu o alvo porque havia um professor de Português lá dentro. Ele havia sido "o aluno mais brilhante de minha carreira inteira como professor", segundo o Professor Pasquale. Esse bem que podia ter atingido o objetivo. Vôo errado, professor, vôo errado...


Bom... Vamos ao cenário 2:










Neste caso, seja o passageiro P2. Você vai ter completos direitos sobre o banheiro e a poltrona V (V de "vaziza"), encurralando seu adversário, P1, podendo conceder-lhe vários favores durante o vôo, tendo a chance até de dar-lhe, de passagem, um gentil sorriso, e quem sabe assim, ter alguém pra se juntar à sua causa secreta de conspiração contra a escassez de espaço nos aviões, com uma boa conversa, até.

Se P1 for um mala total, você pode assim assumir o assento V como medida preventiva, chamar um comissário e perguntar-lhe o porquê de aquele indivíduo não ter sido despachado para o compartimento de cargas, já que ele provavelmente pesa mais de cinco quilos. Se pesar menos, azar, não pergunte nada a ninguém. Fique na sua e agüente o riso até o fim do vôo.

Como regra geral, em uma viagem dessas não se deve sentar na janela, já que Murphy é um dos passageiros, e:
  1. Se for noite, você não vai ter o que ver
  2. Se for dia, vai estar tudo nublado


Boa viagem!

A Normalidade Do Lado De Lá

No momento em que descia as escadas rolantes, a visão foi interessante e aterradora, ao mesmo tempo: do outro lado da parede de vidro, outra escada rolante, idêntica, disposta simetricamente, em funcionamento. Era também uma escada de descida, como a minha, mas estava completamente vazia de passageiros.

Funcionando de maneira síncrona, a impressão que dava no canto dos olhos era a de que uma legião de espectros translúcidos com suas bagagens desciam naquela escada - a seção de almas do aeroporto. As imagens translúcidas chegavam ao final da escada e começavam sua caminhada para a área de recuperação de bagagens, como se tudo fosse muito normal por lá.

Ao chegar eu mesmo no final da minha escada, do meu lado da parede de vidro, me vi - ou à minha recém-inventada alma-gêmea translúcida - do outro lado da parede. Também lá aquele espectro me olhava, imitando meus movimentos, como em um espelho. Também ela me virou as costas e foi buscar suas bagagens, me olhando nos olhos até o último instante. Naquele momento, me fiz a seguinte pergunta: "Como as almas são levadas para o céu?", e mais tarde, a pergunta: "Quantas almas têm subido, e quantas têm descido, ultimamente?". Mais tarde, a ironia conclusiva: "Se reencarnação existisse, talvez também um programa de milhagens pras inúmeras viagens que fazemos. O preço da passagem e estadia talvez explicasse as condições de nossas circunstâncias aqui".

Descartei as perguntas e conclusões, porque todas elas seriam válidas também naquela outra normalidade, através da parede de vidro. Mesmo assim, só voltei a mim, completamente, ao checar meus bolsos, quando saí do aeroporto - a esponja para banho que esqueci de colocar na bagagem me deu a certeza, de lá do fundinho do último compartimento da bermuda, de que eu ainda precisava tomar pelo menos mais um banho, se possível.

Ela trazia pra mim, naquele momento, toda a normalidade do lado de cá daquela mesma parede.


Misturando A Manga Com O Leite

A relação entre todas as coisas é existente, para o nosso universo perceptível, em duas esferas: a primeira, da experimentação, ou física. Toda espiritualidade conhecida por nós, enquanto encarnados, se manifesta também de forma física até onde podemos medir - e até onde mais pudermos inventar de medir. Tudo é imagem, ou paz, ou alegria... Todas sensações do corpo. Quer mais? O restante é som, é toque, é arrepio. O que de tão extraordinário há nisso?

A segunda esfera - e esta é a mais capciosa e perigosa de todas, se me permitem meta-inferir, é a da abstração, onde se encontram a idéia e a linguagem. Podemos relacionar quaisquer duas coisas através de palavras, escapando das amarras do mundo físico. É aí que surge a crença. Em espíritos, no amor, em que não se pode misturar manga com leite, que mata.

A mistura de ambas as esferas - da manga e do leite - nos organiza. A primeira é limitadora. A segunda, libertadora - porque, através desta, podemos subverter aquela, através da tecnologia, por exemplo.

Tomemos cuidado, pois, para que não tornemos a esfera abstrata um meio limitador. Antes de ser proibitiva, ela deve melhorar a qualidade de nossos relacionamentos na primeira esfera, e assim, melhorar nosso relacionamento com a Criação, objeto da manifestação da vontade de Deus.

Estar de bem com o universo que nos cerca é o primerio passo, para que haja a compreensão de Sua Graça, e para que o alcancemos, posteriormente.

quinta-feira, março 22, 2007

Zapping

O controle remoto despertou nos seres humanos uma mania interessante: zapear.

Algumas coisas legais que se observa ao zapear canais:
  1. Seu nível de insatisfação cresce
  2. Seu nível de ansiedade sobe
  3. Você desenvolve insônia instantânea
  4. Sua percepção do tempo encurta, fazendo com que ele passe muito mais rápido.
  5. Sua esperança de que algo surpreendentemente bom apareça torna-se maior do que sua vontade de desligar a tevê
  6. Sua insegurança em não saber se há algo mais interessante do que algo que surpreendentemente apareceu na sua frente é maior do que sua certeza de que isso que surpreendentemente apareceu é o melhor que você pode ter nesse instante, e você simplesmente troca de canal - sim, essa frase faz sentido
  7. Você quer todos os canais ao mesmo tempo, e simultaneamente não gosta de nenhum
  8. Zapear me faz descobrir o quanto o ser humano pode ganancioso
  9. Zapear parece um jogo, onde cada clique é uma aposta - eu aposto o programa que estou vendo, porque tenho certeza que há algo melhor pra ver nesse momento, em algum lugar, e isso libera adrenalina
  10. Você passa a melhor parte do tempo sem ver programa nenhum


É por ser mais estimulado a zapear do que a assistir um programa que eu simplesmente reúno forças e desligo a tevê.

Sobre a Ganância

Nem tão pequena que não deseje
Ou tão grande que não me goste

Nem tão pequena que me empobreça
Ou tão grande que me endivide

Nem tão pequena que não te mereça
Ou tão grande que não te queira

Nem tão pequena que me cegue
Nem tão grande que me iluda.



Safe Creative #0803040463442

Eu, Matador de Dragões

Meu currículo profissional de matador de dragões:

Primeiro Emprego - Programador C
Chega, olha para o dragão com olhar de desprezo, puxa seu canivete, degola o dragão. Encontra a princesa, mas a ignora para ver os últimos checkins no cvs do
kernel do linux.

Segundo Emprego - Programador C++
Cria um canivete básico e vai juntando funcionalidades até ter uma espada complexa que apenas ele consegue entender … Mata o dragão, mas trava no meio da ponte por causa dos memory leaks.

Terceiro Emprego - Programador Java
Chega, encontra o dragão. Desenvolve um framework para aniquilamento de dragões em múltiplas camadas.
Escreve vários artigos sobre o framework, mas não mata o dragão.

Emprego atual - ANALISTA DE PROCESSOS
Chega ao dragão com duas toneladas de documentação desenvolvida sobre o processo de se matar um dragão genérico, desenvolve um fluxograma super complexo para libertar a princesa e se casar com ela, convence o dragão que aquilo vai ser bom pra ele e que não será doloroso. Ao executar o processo ele estima o esforço e o tamanho do estrago que isso vai causar, consegue o aval do papa, do Buda e do Raul Seixas para o plano, e então compra 2 bombas nucleares, 45 canhões, 1 porta aviões, contrata 300 homens armados até os dentes, quando
na verdade necessitaria apenas da espada que estava na sua mão o tempo todo.

Será um Progresso??

sexta-feira, março 16, 2007

Incomparável

Ela é mais doce do que,
Mais suave do que,
Mais firme do que,
Mais confiável,
Adorável,
Linda,
Terna,
Carinhosa, apaixonante, amável,
Do que qualquer coisa
Que ousa tentar ser
Um pouquinho só a mais do que ela.


quarta-feira, março 14, 2007

O Amor De Nós Dois, Quando A Tristeza Se Vai Ao Longe De Quem Sabe O Que Quer E Em Quem Confia

Eu não posso te possuir, te ser
Não posso ser por você

Deixarei que o vento te leve
Que a lua te banhe
Que o frio te tome

Farei com que me faças sonhar
Dar-te-ei o meu sonho para que também sonhes

Amar-te-ei sobriamente
Sem antever o que não houve
Vou te livrar da minha asa torpe

Tentarei prever o dever,
Sem me repetir por demais
(A não ser que haja a necessidade da ênfase nos fonemas, emblemas, problemas)

Com minha mão, com meu chão,
Dar-te-ei alimento
Com toda a macabrez do incerto amanhã, corda

Com palavras, fé
E nas asas, o Sol
Com a queda, vida
Com firmeza, o amor

Com a brutalidade, sensibilidade
Com o grito, o amém
Felicidade, desdém
Confiança, finalidade

Sem porquê, o quê, causa-efeito,
Motivos pra ser direito,
A sóbria, simples, felicidade.




Isto é uma trascrição completamente pessoal e intransferível da música Eu Sei Que Vou Te Amar, para Manu, meu amor, a quem dedico de maneira completamente intransferível em meu ato de dedicar a música Eu Sei Que Vou Te Amar a alguém sem ser muito repetitivo ou regular - "regular", de "de acordo com as regras" - nos meus atos dedicatórios ou de convivência.

Manu, eu te amo :)

Esse Cara

Quem foi esse cara, que em um lugar tão perturbado por guerras e milhares de religiões diferentes disse "Eu sou o caminho, a verdade e a vida"? Esse cara era carpinteiro - não vem ao caso se Maria era ou não uma virgem. Esse cara abalou as estruturas políticas de nações inteiras, e durante mais de 5 mil anos tem uma comunidade de seguidores crescente - pouco importa se alguns usam ou não de má fé... O fato é que são pessoas que tentam crer e viver de acordo, e aqueles que ousam tentar contra, deturpando Sua Palavra, serão julgados.

Esse cara motivou milhares de relatos a respeito de maravilhas e milagres operados - não importa se são verdadeiros ou não, o que importa é o efeito causado nas pessoas. Esse mesmo cara, que não tinha dinheiro, juntou tanto poder político, e apesar disso tudo, resolveu se entregar para um plano de vida já traçado e conhecido - sua execução na cruz.

Esse mesmo cara foi tão sinistro pra humanidade que até hoje dizem que ele ressuscitou, após três dias - exatamente como Ele disse que faria. É sob o nome desse cara, e a fé nele, que muitas coisas acontecem.

Esse cara mudou a maneira como as pessoas vêem o bem e o mal. Ele traz palavras de amor, mas também traz repreensões quanto à desobediência às suas palavras.

Quem era ele pra ter tanta moral assim? Pior que isso, quem é esse cara pra ser acreditado até por pessoas que não seguem seus preceitos?

O nome desse cara é Jesus.

Se você não acredita em nada, nem em Jesus, nem no Diabo, nem em Buda ou qualquer outro caminho, esse post pode não ser pra você.

Na minha opinião, achar que ninguém é responsável por este Universo é tão fantasioso quanto dizer que alguém é, então não há motivo pra se defender o ateísmo.

terça-feira, março 13, 2007

Novos Instrumentos

Aprender um instrumento é entender exatamente o que nele desperta sua sensibilidade e o atrai. Certamente, ele se torna mais ainda cheio de traços interessantes à medida que o tempo passa. No meu caso, antes de tocar piano, me interessava, sim, por música popula no piano, mas nunca fui tão interessado em como um artista poderia conseguir as notas, ou mesmo no timbre e capricho do instrumento.

Ao acontecer - ao tocar as primeiras notas em um novo instrumento - você é instantaneamente levado a se interessar também pelas obras que demonstram o instrumento. Foi assim também com meu violão e meu contrabaixo. Foi assim até com meu pandeiro e bongô, e vejo, constantemente, a minha aquarela musical (com licença de uso do termo, Manu) ganhando cores.

Um instrumento, tanto quanto agracia um arranjo, também é por ele enriquecido. Afinal, o que seria do piano sem Chopin? E do violino, sem Paganini?

Engraçado é poder entender essa mecânica do instrumental, e se pegar ouvindo novos instrumentos - como neste momento ouço um alaúde, e me pego fazendo as mesmas perguntas novamente, mesmo sem ter a pretensão de sequer encostar em um, um dia.