sexta-feira, abril 28, 2006

Sketchup - 3D For Everyone

Fiquem ligados: o todo-poderoso Google acaba de lançar uma ferramenta pra desbaratar a teste de que "desenvolver design em 3D é difícil". Sketchup - 3D for Everyone.

Há uma tentativa de integrar essa ferramente com o Google Earth. Isto significa que, se você quiser, poderá fazer seus objetos em 3D, e disponibilizá-los para qualquer um que esteja "viajando pelo mundo" através do sistema. Já pensou ter uma réplica tridimensional do Cristo Redentor na web? E mais: ter várias réplicas do Cristo Redentor, e você escolhe qual delas vai deixar na tela? :-)

Isso tem tudo a ver com o post anterior. Vamos começar com o tema Realidade Virtual.

Pra começar, esse nome é muito paradoxal. Ou mudamos nossos dicionários, ou continuaremos a viver com a idéia de que o que é real não pode ser virtual, e vice-versa.

Cada vez que eu vejo uma notícia dessas, dá um frio na barriga...

quarta-feira, abril 12, 2006

A Natureza da Informação É Ser Livre - Parte I

Qual é a única coisa que podemos multiplicar infinitamente em nosso cotidiano, como se fôssemos Deus? Informação. Ó, guerra e pobreza não valem! ;-)

O que é abstração? É um conceito inexistente no mundo físico, que tem por objetivo explicar, generalizar, e por fim, tornar compreensível o universo em que vivemos. Nossos conhecimentos são todos abstrações que nos permitem entender o mundo. Não, nós não enxergamos as verdades absolutas, mas chegamos a um limite de compreensão prática que nos conforta. O que sabemos é verdade - verdade que pode ser mudada posteriormente.

Verdade não-absoluta (essa eu tomei emprestado da aula de Filosofia). Se uma pessoa discorda, ela busca uma resposta melhor. Às vezes, essa pessoa acaba inventando coisa nova. Às vezes, morre tentando. Às vezes, se convence de que a resposta anterior era a melhor. Às vezes, desiste, e vive no meio da frustração, sabendo, intuitivamente, que existe uma maneira melhor de se explicar essa verdade que não convence, que não considerava algumas variáveis, mas que mesmo assim, é verdade.

De agora em diante, quando eu disse a palavra "criar", considere "estruturar", "materializar" ou "comunicar" uma abstração.

A abstração materializada é um objeto. Uma vez que você tente materializar um objeto, encontra certa dificuldade ao lidar com as limitações do mundo físico. Este é o plano da vontade de Deus, enquanto a sua cabeça é o plano da sua vontade, do livre-arbítrio: o que acontece aí dentro é problema seu. Uma pequena cortesia do nosso Senhor, que respeita nossa individualidade. ;-)

Me parece que o plano material oferece resistência à criação. Por que isso acontece? A criatura (nosso espaço), ao ser atingida por uma força transformadora (nossa tentativa de criar), tenta a todo custo manter seu estado original (lei natural da conservação de energia). A energia necessária para criar um objeto (transformar nosso meio) deve ser suficiente para sobrepujar o estado de equilíbrio em que ele se encontra. E assim, fabricamos de tudo: lápis, papel, borracha, computadores e aviões, idiomas, pinturas, músicas - transformando nosso meio. Isso significa que "vencemos a vontade de Deus?" não, mas sim que "era da vontade dEle que você criasse o que conseguiu criar; você estava em sintonia com seus planos".

Podemos dizer que idéias criadoras se influenciam mutuamente. Todo ato de criação necessariamente carrega traços de erro, advindo da interferência das outras atividades criadoras. Estes erros podem ou não ser suficientes para invalidar toda a obra. Nesse contexto, tanto "materializar" quanto "comunicar" uma abstração pode sofrer da influência de incontáveis atividades criadoras - tanto de Deus quanto de nossos colegas. O único espaço onde estamos livres pra criar o que quisermos é nossa mente, nos aproximando do tal "mundo das idéias" de Platão. Nossa matéria prima, nesse caso, são duas coisas: nossa experiência, que são as criações das quais nos alimentamos previamente, e que geraram abstrações em nossas mentes, e o instinto que nos leva à evolução.

Criar nos aproxima cada vez mais do mundo perfeito, do Bem. Essa é a minha idéia de "à imagem e semelhança de Deus". Ele é O Criador, e nós somos criaturas e criadores em menor escala. Você talvez tenha lido algo desse tipo, que eu tenha escrito anteriormente. Esse espaço mental, onde podemos imaginar todas as coisas com perfeição e acurácia, é nosso playground de massinha infinita. Ao materializar idéias, estamos entrando em choque com o mundo que não foi criado por nós. Há várias forças em conflito: a dos indivíduos e a de Deus. Se você inventar algo em sintonia com o que Deus quis, isso sai direitinho. Do contrário, cumpádi, pode tirar o cavalinho da chuva, porque vai dar tudo errado. Da mesma forma, não adianta nada ter um bom projeto de lei se ele é embargado nas instâncias superiores do poder legislativo.

Se exercemos nossa atividade criadora com muita intensidade, é bem mais provável que exerçamos influência sobre a criação de nossos colegas. Do contrário, seremos produto do meio em que vivemos, escolhendo o que devemos ou não absorver. Mesmo nisso, há um pouco de criação: ao concordar, absorver e praticar uma determinada idéia, você deposita um pouco da sua energia naquela criação. Se torna co-criador. Ao censurar, você impõe resistência a uma tentativa de criação.

A maneira através da qual conseguimos comunicar nossas abstrações é a linguagem. Tem muita gente boa dizendo que, sem linguagem, não conseguimos desenvolver o raciocínio. Me parece razoável. Li em algum lugar que isso foi provado cientificamente. Legal. Completando: é através da linguagem que desenvolvemos e comunicamos nossas abstrações. Isso traz uma questão legal: como então surgiu a linguagem, como a conhecemos hoje? Português, Inglês, Francês, Alemão, Mandarim... Como tudo teve início, se a própria linguagem é criada sobre estruturas racionais? Tentando explicar muito brevemente, admito que no início havia uma linguagem primitiva inerente a nós (presente do Papai do Céu), que nos permitiu desenvolver abstrações que aprimoraram essa linguagem, que permitiu desenvolver abstrações mais complexas que tornaram nossa linguagem mais complexa ainda, e assim por diante. Essa linguagem original - primitiva e intuitiva - era a semente da criação em nossos corações. E hoje nossa capacidade de comunicação cresceu como uma árvore. Lindo isso né? :-)

Chegando ao ponto: ao comunicar, estamos alimentando com energia criativa nossos colegas. Comunicar uma abstração não consome recursos: teoricamente você poderia ensinar matemática básica pra todos os seres humanos, sem ter que poluir o ar, ou acabar com a água potável, partindo do princípio que você possa levar sua mensagem até seus interlocutores - 6 bilhões de cabeças, só nesse planeta, hoje. Na verdade, consome sim: você tem que respirar, comer, etc etc. Mas esse é o pequeno preço que se paga, ao transmitir suas idéias. Penso que ensinar e multiplicar conhecimento é tão fácil porque a lucidez humana é uma meta bem próxima do âmago da vontade de Deus.

Bom, agora pensem novamente sobre o que o Guilherme falou: "a Microsoft está dando licenças de uso de seus programas de graça". Vamos discutir com mais calma essa questão, no próximo post.

sexta-feira, abril 07, 2006

Ágata II

Há muito tempo descrevi os talentos de uma mulher fenomenal, que não era de nada. Segue aqui a continuação de um fiasco de gente:

Ágata chegara desta vez no Planetário da Gávea, precisamente às 22:00 de uma Quinta-Feira. Estupenda, com seu vestidinho preto bem curto, de alcinhas, botas pretas e gigantes, sua pele muito branca e seu sorriso clássico. Desta vez, ela encarnava uma gótica, que vinha serelepe, acompanhada de sua outra amiga gótica. É óbvio que me chamou atenção o fato de que a única peça de roupa que tinha alguma cor era a meia três-quartos, que alternava listras horizontais amarelas e pretas. Estava praticamente travestida de abelha.

De repente, pensei: "onde será que ela esconde o mel?". Exercitem, pensem bem e respondam.

Pra completar a produção, havia uma tatuagenzinha aqui, outra ali, e mais uma enorme acolá, na metade das costas, que eu não sabia o que era, apesar do tamanho.

Quando disse "serelepe", eu estava falando sério: as duas vinham andando como duas Alices, dando pulinhos e levantando os braços, como se fossem muito, muito leves. Achei estranho, até porque me parecia que Ágata estava ligeiramente acima do peso. Mas continuava linda. Bom, esse pessoal de preto é assim mesmo.

Ela se sentou na mesa oposta à minha, exatamente de frente pra mim. Não preciso dizer que logo olhei pro óbvio: suas pernas desprotegidas, por baixo da mesa. Com um monte de amigos na minha mesa, e um visual desses, estava me sentindo muito bem. E ainda tinha um show por assistir.

Cigarros, cigarros, cigarros... É impressionante como um monte de gente que fuma costuma espantar a fumaça depois de soprar o que tragou. Ora, não é bom fumar? Pra que espantar a névoa??

Caipirinha, caipirinha, caipirinha... Isso seria o de menos, se não exagerasse.

Nos primeiros estágios da bebedeira, falava alto, e brincava lucidamente. Gargalhava de forma natural e parecia bem disposta. Chegou o primeiro atacante: um neguinho de tranças curtinhas. Cumprimentou e foi logo roubando-lhe um beijo. Ela desviou, fez que não gostou, ergueu um sinal da cruz com os dedos na direção do rapaz, que seguia pra comprimentar outra pessoa da mesa. Ficou vários minutos com cara de desgosto, e eu já sabia que o óbvio mais tarde chegaria.

Quem desdenha quer comprar...

Cruzada de perna pra lá, cruzada de perna pra cá, e começaram os sinais da falta de decoro e elegância: olhos pesados e aquela piscadinha lenta. Tudo bem, isso ainda é tranqüilo. Conversando com um rapaz baixote de cabelos meio sarará, começou a sorrir demais e deu um abraço no maluco, que tascou-lhe um beijo. Não foi um beijão não, foi só um beijo, mas retribuído. Seria o primeiro da noite. De língua, que não me pareceu muito bem dado, mas que foi bonito. Valeu o primeiro round. O cara beijou e foi embora. Assim, como se fosse comum se despedir com um colante.

"Pô, depois vou lá me despedir também." - Pensei, no ato.

Passados vários minutos, Ágata já mostrava pra que tinha vindo. Em curtas palavras: arreganhada na mesa, na mão do palhaço. E quem volta? O neguinho. Sentou na mesa, fez umas brincadeiras, puxou a branquela e slurp! Segundo da noite! Ela era linda, e podia ter qualquer um que desejasse mesmo... Por que não dois? Bom, desse ela tinha se desfeito anteriormente. Mas o nego mandou bem. Num bom brasilês: bagunçou a mulher de verde e amarelo! Bom, na verdade, o nego bagunçou a mulher de preto-e-amarelo. Começou devagar, com aquele jeito de quem sabe o que tá fazendo. Mas depois de dez minutos... Sinceramente, acho que as pessoas pagam pra ver shows assim. E ali, pra mim, foi de graça.

Agora, o que eu fazia, enquanto aquele espetáculo rolava bem na minha frente? Conversávamos na mesa sobre Nietzsche, O Guia do Mochileiro das Galáxias, Platão, Matéria Escura, Sistemas Auto-Organizados e sobre a brilhante conclusão de um amigo: o analista de sistemas alimenta dentro de si uma grande esquizofrenia. Eu dei razão - a pouca que havia me restado.

É bem verdade que o show estava bom. Mas tava tão óbvio ali, a dois metros de distância, que eu, de repente, me desliguei deles. E era bom que me desligasse, porque nem só de olhar vive o homem. Voltei toda a atenção pra minha mesa, e não vi mais o que aconteceu com os dois.

Ao partir, fui cumprimentar algumas pessoas da mesa onde ela estava - eram conhecidos meus. Quando me voltei pra ela, vi um pudim de gente, que não conseguia falar direito com os outros: um misto de entorpecente com sono e tesão, agarrada ao negão.

Não há muita conclusão ou especulação na história. Há só o fato. Ignoro o porquê, e também não me interessa. Eu desdenho, mas como ela também não vale muito, não vou nem pechinchar.

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segunda-feira, abril 03, 2006

Curiosidade

A curiosidade mais nobre não é a ansiedade em saber os porquês, mas sim o sentimento que nos faz encontrar as perguntas corretas. Existem inúmeras respostas para cada questão. Quanto às perguntas, penso que talvez possam não sofrer com a relatividade.

Conhecer a verdade é abrir o leque do desconhecido, sabendo-se desde o início que haverá um cardápio de inúmeras explicações para cada fenômeno. Alimente-se com as respostas que julgar mais adequadas, mas prepare-se para mudar sua dieta assim que sentir que a antiga resposta não é mais a melhor.

Viver em um universo do qual ocupamos uma parte infinitesimal e acharmos que nossos problemas acabam com o mundo - isso é um exagero.

Vocês gostam de açúcar? Então leia essa página curtinha da Universidade de Caxias do Sul, e se estiver com mais tempo e disposição, leia Sugar Blues - O Gosto Amargo do Açúcar.