segunda-feira, agosto 30, 2004

Estou reorganizando meus horários, com sucesso até agora.

Final de semana bonzinho...
Não fui mesmo à formatura da minha amiga. Paciência.
Sábado de manhã na reunião de intercâmbio. Projeto de aproximação dos alunos estrangeiros no Brasil. Muitas promessas de bons passeios. Quem sabe se eu não visito o Cristo Redentor ou o Pão de A
cúcar dessa vez? :PP
Uma despedida para grandes amigos e uma visita ao museu com um grande amor e dois irmãos.
No Sábado à noite, várias pizzas de vários sabores, e 23 pessoas reunidas como há muito tempo não o faziam. Todos lamentaram a ausência de Nina, que visitei à tarde, entre McDonald's e sua casa, passeando com a linda Karencita. Por conta dos horários malucos, tivemos que recusar o convite de Ninha para nos encontrarmos. Não deu nem pra avisar que não dava pra ir. :(
No Domingo, uma visita ultra inesperada com um violino debaixo do braço. Não via Letícia há muito tempo, então foram novidades pra lá e pra cá. Ela me explicou um pouquinho do instrumento que está aprendendo, e tive a chance de pela primeira vez experimentar os sons agudíssimos e arranhantes do violino.
Cabelo furou no jantar da galera.
Não toquei a última Jam session com os membros da minha antiga e saudosa banda.
Hmmm...

Acho que foi basicamente isso. Abraços! ;)

sexta-feira, agosto 27, 2004

Linhas de Tempo

Esse texto é velho...

Há milhares de anos, o homem sente medo da solidão. Há milhares de anos, a raça humana se sente só. Há milhares de anos, o homem gostaria de criar para si uma criatura que pudesse servi-lo. Há milhares de anos, o homem tem evoluído somente para criar essa raça que adotaria como simples servos. Há milhares de anos, o homem não notou que este foi seu maior engano. Imaginou, criou coisas maravilhosas das quais se servia para seu próprio bem. A pedra serviu de instrumento de caça, a roda, um instrumento de locomoção. Gradativamente, o homem aprendeu a interagir e modificar a natureza para servir a seu propósito: o prazer. Aprendeu com seus iguais a modificar tudo o que há em volta, adaptou tudo o que alcançou, de forma a moldar seu próprio mundo externo, tentando solucionar seu maior problema interior: a solidão. Voraz como o fogo, o homem até mesmo modificou seus iguais para que servissem a eles como escravos, e de nada adiantou. Devastou a Terra em fúria, e lá estava a solidão, como uma fera que o dilacerava por dentro.
Tentou por várias vezes tirar proveito desta fera, tentando compreendê-la. Passou o Grande Período da Solidão, onde vários homens se isolavam por vários anos em lugares ermos. E as crianças não mais nasciam. Os velhos surgidos daquela época reconheceram seus erros, e retornaram às cidades abandonadas. Lá restavam uns poucos adultos, e mesmo esses viviam em reclusão. Foi uma época em que tivemos medo de olhar nos olhos de outro ser humano. Arrependido, o homem jurou nunca mais abandonar seus pares, e então a humanidade viveu um tempo de compreensão e dedicação ao próximo. Talvez esse tivesse sido o momento mais feliz de toda a história humana. Infelizmente, a solidão, que agora parecia estar esquecida, apenas nos inspirou. Do alto de sua adoração pelo próximo, nossas criações tomaram formas mais próximas e independentes das formas humanas, e agora todo o conhecimento sobre nossa forma de pensar estava retratada em sua criação. Jamais se viu era de expressões mais belas e realistas. Se estivéssemos lá, diriam que somos "lembranças pálidas do pálido renascentismo".
E como todas as eras humanas tiveram um fim, também esta teve. Não havia motivo em criar algo próximo da humanidade, se assim como nós mesmos esse algo pudesse apenas desejar se servir de nós. Foi a época da Grande Exaustão, onde os inconformados se serviram com maior voracidade de todos os recursos da mãe Terra. Tinham medo de que a natureza, modificada e tornada à imagem e semelhança do ser humano, um dia quisesse se servir de nós como nos servíamos dela, então. De comum acordo, toda a humanidade embarcou numa jornada de exploração intensa de nossos recursos minerais, vegetais e animais. A temperatura subiu. Chuvas ácidas irromperam como castigo divino sobre as cidades. A água inundou cidades, tomando a terra de volta, diminuindo continentes, transformando montanhas em ilhas. Toda a civilização foi tomada pela corrosão. Com menor espaço onde pudesse sobreviver, as pessoas tinham que reduzir seu território de ocupação. Houve superpopulação. Houve muitas mortes. Agora, o homem que há algum tempo servia apenas a outros homens, preocupava-se novamente em permanecer vivo. Foi instituído o Espaço Virtual de Sobrevivência. Os sistemas de maior importância em nosso planeta deveriam ter uma réplica na Grande Rede de Informações. Depois de implantada, permitiu que várias pessoas vivessem sem sair de casas, e foram idealizadas as Câmaras de Sobrevivência, cidades imersas, onde o espaço era completamente racionado, e as pessoas viviam durante quase todo o tempo conectadas ao Espaço Virtual, em um mundo projetado em seus sentidos por máquinas.


As pessoas ultimamente têm me dito que tenho estado um pouco mais sério que o de costume. Estou muito apreensivo e vivendo este semestre com precisão cirúrgica na organização dos meus horários. Muita atenção é requerida. Injeções de adrenalina são mais freqüentes, causando até um pouco mais de estresse. Mesmo assim, não se preocupem. Estou muito bem. :)

Hoje é dia de formatura de uma amiga. Talvez eu perca duas preciosas aulas. Mas não posso deixar pra mais tarde a cerimônia.

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terça-feira, agosto 24, 2004

Jezebel

Porque metade de mim sou eu,
A outra é você.
Metade de nós é a oposição,
E a outra metade é o Direito.

Metade de nós é crença,
A outra, é ser.
Metade de nós é sonho,
A outra é fato

Metade de mim é a cidade em que vivo,
A outra é minha terra natal
Metade de mim é olhar
A outra é não notar
Vou ter óculos a partir de Terça-Feira.

Metade de mim é comentário grande,
A outra é querer acreditar que não tenho o que fazer.
Metade é Bacamarte, a outra é Sade.
Metade é meio e a outra é mais ou menos.

Metade de mim é simplicidade,
E a outra é complicada demais pra explicar.
Metade de mim é remake de Metade,
Que ouvi Oswaldo Montenegro recitar.

Metade de mim é inovação,
Mas a outra é samba de raiz.
Metade é Filosofia,
E a outra, você é quem diz.

Porque metade de mim é o que quero ser,
E a outra, é o que pareço pros demais.
Metade de mim é o que quero ter,
Mas nem por isso a outra é o que tenho.


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quinta-feira, agosto 12, 2004

Recomeçam As Aulas - 5o Período ( Ainda / Já )

Estou sem tempo pra escrever tudo o quanto gostaria. Meu tempo apertou.
Ontem, enquanto voltava pra casa, sentado no ônibus, comecei a ouvir uma conversa enérgica sobre o governo, bem na cadeira atrás da minha. Comecei a me lembrar de como eu mesmo era na adolescência, o que não faz tanto tempo assim. Fiquei um pouco nostálgico. O diálogo dos dois garotos, que deviam ter 18 anos, se muito, era repleto de novas idéias... Conversaram sobre educação, saúde, fome, arte, e até sobre supermercados. Tinham tantas idéias novas que eu mesmo senti uma ponta de velhice, ao perceber que já faz um tempo em que firmei muitas teorias, que agora me parecem bem embasadas e auto-sustentáveis. Pois bem, fico retocando a pintura, lascando a pedra, limando o metal, afiando a faca... Chamem do que quiser, mas agora, tenho uma certa dose de estagnação com relação às minhas antigas novas teorias sociais. Fui invadido por uma sensação de que amarras estão prendendo meus pulsos; que pouco a pouco tenho sido imobilizado pelo papel que desempenho. Não me interesso mais por política, estou decepcionado com relação à segurança do meu lar. Tenho visto amigos saírem para cada vez mais longe em vista dessa falta de segurança (de empregos, de vida, de sentimentos). Vitória, São Paulo, Manaus, Londres, Canadá, Alemanha... Tanta gente indo, que fico imaginando o que será daqui. As pessoas boas já não têm mais motivos para continuar, porque não têm forças para lidar com uma calamidade sozinhas. Sim, tanta gente boa por aqui, e mesmo assim, todas solitárias. E as identidades, que se danem.

Essa semana começou meu novo período da faculdade. Começaram minhas cadeiras de especialidade (Banco de Dados e Sistemas Operacionais). Gostaria mesmo de ter tempo de aproveitá-las como deve ser, e tenho certeza de que este semestre vai despertar um pouco mais do meu interesse pela pesquisa. Cedo ou tarde, o mercado não vai mais me satisfazer. O problema todo é que a pesquisa no Brasil é para os verdadeiramente bravos. Ou para os verdadeiramente ricos. Como não sou nem verdadeiramente bravo, nem verdadeiramente rico, tenho que lidar com todas essas variáveis que me cerca - trabalho sério, e faculdade séria. Meu currículo profissional é muito bom, mas o acadêmico, nem tanto. Percebo mais um ponto de ruptura se aproximando, como previa... Se eu for pra Espanha, certamente a viagem vai me despertar sentimentos que nunca tive antes, e meu interesse acadêmico certamente vai aumentar. Pretendo vivê-la intensamente, e se possível, participar de projetos lá e quando voltar. Sim, na PUC-Rio há muitos bons projetos. Mas falta coragem para me livrar de tantas variáveis. E deixar de me tornar tão dependente do meu salário. O problema maior é quando percebo que há mais pessoas além de mim que estão pouco a pouco se tornando dependentes do que produzo.

E lá vai Rodrigo se articular mais uma vez pra conseguir unir o útil ao agradável.

A sensação de segurança que Nina me passa é incrível. Estou em estado de graça. Nos conhecemos tanto, em tão pouco tempo... Confiamos tanto um no outro... Ela é muito capaz de superar minhas chatíssimas expectativas, sem fazer esforço, e nem ao menos se concentrar. Porque pra ela é natural. Todas as minhas expectativas ela preenche com graça e atitude. Autenticamente, era a pessoa por quem minha natureza clamava. E eu? Bom, prefiro que perguntem a ela, apesar de saber a resposta. Parece um relacionamento de vários anos. E sei: vamos ficar juntos todos os anos que conseguirmos. No meio de todo este caos, há alguém como eu. Há uma pessoa que pode (e quer) me ouvir, e a quem eu mesmo possa ouvir, que não tem medo de dividir planos e partilhar idéias e opiniões. Quero reorganizar este caos restante, para que me torne mais eficiente. Quero dar mais saltos, e pra isto quero aprender mais coisas. Como sempre, querer é poder. Como já conversamos, será um prazer reorganizar nossos alvos para que nos encontremos com maior freqüência no meio do caminho.

E o que isto tem a ver com o início do post? Bom, já me chamaram de disperso. Então, segue uma conclusão, em versos, que é pra tornar este bonito post uma coisa mais eclética ainda. Sugestão de música? O silêncio.

Ignorante Homem

Tirar o bruto martelo da pedra
Um primeiro passo para correr
Depois, bípede e confuso a comer
Da terra, domesticada pelo saber

Qual confusão é não conhecer!
Não se perca, primata fora de si
Para qualquer situação ou trama
Torna-te camaleão, e saia da cama

Desse modo, após preparar as ferramentas
Construa a inebriante arquitetura
Seguindo a estrada dos teus sonhos

Ignorante homem, nunca esqueça
Que outros macacos rastreiam teus passos
Sem muitas vezes saberem onde queres chegar.


Isto conclui muito bem a idéia.

Cheers!


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terça-feira, agosto 10, 2004

O Celular está Vivo.

Depois de muito suplício, volta meu celular à ativa.
Estou Vivo. O número permanece o mesmo. Aguardem um broadcast pra eu perguntar o número de vocês todos. :)

segunda-feira, agosto 09, 2004

Feliz Aniversário, Nina!

Feliz Aniversário, Nina!

Não sei exatamente como começar este post. Já comecei a escrever um poema, mas não deu muito certo. É Segunda, e eu não tenho a menor chance de estar ao seu lado, como gostaria. Mas o final de semana foi bom, muito bom. Espero poder estar ao seu lado por muito mais vezes, espero que andemos juntos. Quero que os passos sejam sempre pra frente, e quero ser um ombro, de amigo a amor, de irmão a pai. Quero dizer e redizer muitas vezes "te amo", e quero me declarar e redeclarar todas as vezes que puder. Quero declamar todas as poesias do mundo pra ti, em todos os lugares que pudermos andar. Quero que tudo só melhore com o passar dos anos, e quero que o mundo perceba como nós mesmos percebemos a importância de um pro outro. Quero que estejas sempre feliz, alegre, e cada vez mais, e que possas iluminar o mundo como me iluminou. Oro para que a graça de Deus esteja sobre ti em cada dia que se passe, que seu pensamento sejam sempre coisas boas, e que tudo o que é tristeza se vá. Desejo que sejas motivo de felicidade a todos os que te cercam, como foste para mim, e espero poder sempre te olhar, sabendo que você é a mesma Nina de quando me pediu pra "parar de andar". Espero que sejas um presente para o mundo. Espero o momento de sempre poder olhar nos teus olhos de manhã, e espero poder sempre beijar e te dar "boa noite". Espero que os momentos sejam intensos, sempre mais intensos, e espero ter sempre seus lábios.
Que sejas sempre jovem, não em carne, mas em espírito e mentalidade. Que tenhas sempre o brilho no teu rosto, e teu sorriso que é inebriante. Que sejas sempre uma poesia para o mundo. Que sejas mãe, tia, avó, bisavó, e que viva muito, muitos anos. Que veja à volta o presente que é existir e ser alguém para outras pessoas. Que as lágrimas sejam sempre por coisas boas, e que nunca deixe o orgulho tomar o lugar de sua paixão pela vida e pelas pessoas. Que sempre tenha a gargalhada aberta, sem medo, e que nunca tenhas motivo para desviar o olhar de qualquer outro olhar. Que continue sempre forte, porém singela. Delicada, porém astuta. Esperta, porém inocente. Sábia, e tão aberta a opiniões. Rápida, porém observadora.
Que sejamos sempre a imagem através do espelho um do outro. Que esta imagem nunca desapareça. Que sejas sempre minha Poesia. Feliz aniversário, Carolina.

Do seu Filósofo,
Rodrigo.


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sexta-feira, agosto 06, 2004

Acabei de ficar preocupado.

Sumário De Alguns Dias Passados

Aqui toca Sunset Door - Mike Oldfield

Este ano tem sido excepcionalmente bom pra mim, a despeito dos meus problemas insistentes com linhas telefônicas e celulares. Não tenho muito sobre o que escrever hoje, mesmo que tivesse pensado que sim quando saí de casa.

Uma decisão muito importante dos últimos meses foi ter me tornado um pouco mais prático. Meu horário de trabalho, por exemplo. Sempre tive problemas de chegar cedo no meu trabalho. Ora, detectei a raiz do meu problema: não vivo linearmente. Uma boa solução foi destacar meu horário de trabalho do horário de chegar na empresa. Agora, ao invés de chegar às 9, chego às 7:00 ou 7:30. Ainda não tenho aproveitado a vantagem que posso de sair mais cedo, isso só farei semana que vem, quando começarem as aulas. Se coloco na minha cabeça que meu horário de trabalho é mais cedo, então quando eu estiver atrasado será às 9:00 ou mais raramente, às 10:00. Perdoável, completamente.

Outra decisão foi cortar as chaves desnecessárias do meu molho de chaves. De 9 caíram para 2, e apenas uma argola. Tenho que arrumar um chaveiro, porque mantive somente a argola. Isso é o de menos.

Tenho trabalhado melhor minhas estratégias. Parece que um tempo a mais me chegou, finalmente. Este tempo é marcado na minha vida com a chegada de Nina, meu amor.

Conheci os estudantes da UAM (Universidade Autónoma de Madrid) na Terça. Todos espanhóis muito loucos, muito descontraídos, muito amigáveis. Estão adorando o Brasil. Serei um dos responsáveis pela estadia deles aqui. Alguns já disseram que pretendem ficar além dos 6 meses costumeiros do intercâmbio. Vão ter que se virar, e aí sim, posso duvidar que fiquem por muito mais tempo que outros 6 meses.

Crie dependências ao longo de sua vida. Faça com que os outros te procurem, seja um "suporte ao usuário" sempre que você puder. E seja muito gentil, sempre que puder, e mesmo que não possa atender. Assim, suas chances de ganhar o palco aumentam.

Ontem vi Spiderman 2, com um dos meus irmãos, o Noronha. Ficamos muito tempo sem parar pra conversar, mas ultimamente temos nos reaproximado, e ele continua sendo uma das criaturas mais inteligentes e humanas que conheço. Vocês ainda vão ouvir falar muito desse cara. Não tenho a menor dúvida. Disse que leu o que escrevi para um outro irmão meu, o Paulo. Basicamente, uns trechos sci-fi tirados do nada. Ficaram realmente maravilhosos. algo meio Asimov, mas de boa qualidade.

Comprei um DVD do Mike Oldfield. O cara é sensacional.

Saudades do pessoal da faculdade.

Saudades da minha pkena.

Infinitos Lábios

O teu amor segura tal rica branda secura
Que me brota da boca, num beijo e sufoca
Divinas, singelas palavras a pele transpira
Meu corpo amolece, transcende, te alcança

Teus lábios me surgem, que tal rubra boca
Desejo enfeitar com frutos de meus lábios
E à sombra da fome destes infinitos lábios
Vislumbro o dançar de mil línguas rendidas

Os punhos em riste a segurar teus cabelos
Me treme o ventre e me leva a engolir-te
Saliva escorrida dessa tua generosa fonte

Mata a fera que se chama sede de teu amor
Espanta com teu aperto todo o vazio de si
Faz me sentir-te aqui como se longe, fosse jamais.



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terça-feira, agosto 03, 2004

Antiqs

Havia Uma Rosa
O botão esverdeado
O orvalho que reluz
Na manhã ensolarada
Bem matreira, na caldeira
O cheiro doce até o jardim
E o bebê Rosa a ninar.

Nasce a Rosa.

Lá na grama, a família
As crianças e os avós
Lá estava a Rosinha
Encolhida, ela, só.
Não sabia que ainda -
Dava até pra sentir dó -
Cortariam seus espinhos
Ficou lisa, ainda só.

Desabrocha a Rosa.

Primavera majestosa
Rosa linda a enfeitar
Como brilhava, toda prosa
A rainha mais famosa
Namorava o Beija-Flor
Que por falta de um amor
Com a Rosa foi morar.

Murcha a Rosa.

Sempre alegre, noite e dia
Sob o Sol a lhe afagar
Sentiu falta de Maria
Todo dia a lhe regar
Bate a luz do Astro D'Ouro
Com angústia, a minha Rosa
Tanto cava nesta terra
De calcário, os pés machucam
O vento bate
As folhas murcham

Fraca, a Rosa.

Hoje triste minha Rosa
Poucas pétalas, lamuriosa
Beija-Flor a abandonara
Pois seu beijo o espetava
Sem açúcar, se chorava
Era d'água que faltava
Sem raízes, fraquejava
Sem ninguém mais na sua casa
Rosa linda, murcha, rara
Ontem, viva. Hoje, nada.

Morre a Rosa.

(+Outubro/2000)

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Odiosa Visita
- Afinal, somos tão permissíveis um pro outro... - Ele.
- Sim, é verdade. - Ela.
- Boa noite.
- Boa noite.

Após desligar o telefone, virou o corpo pro lado e preocupou-se em dormir. A sonolência o atacou, e começou a sonhar com ela. Sim, era muito fácil ter sua companhia enquanto dormia. Após uns 30 minutos de sonho, se sentiu observado, e abriu os olhos. O quarto estava como quando fora dormir. O ar, no entanto, era de pavor. Pavor. Seu corpo estava congelado de medo, uma presença exalava sua fúria no local. Uma visita absolutamente aterradora chegara, e cobrava por sua decisão. Pelo menos era o que ele pensava. Nunca antes havia acontecido nada de tão fantasmagórico consigo, e agora estava ali, a vislumbrar sem poder reagir, durante uns 40 segundos, uma sombra que clamava por seu direito de atacá-lo. Mostrou-se, finalmente, a ele. Um longo e gutural grunhido dracônico soou, e seu corpo se retesou mais ainda... Estava em Pânico. Clamou por seu Deus, e observou a fúria crescer, enquanto o quarto tremia como num terremoto. Lembrou-se das palavras de um dos ensinamentos: em meu nome, fará maravilhas. E usou da autoridade de seu Mestre. Expulsou a presença no nome Dele. Mais do que instantaneamente, todo o horror cessou, e pôde novamente ouvir os sons dos que ainda estavam acordados. Nem resto daquela infeliz presença sobrara ali. Ele, aliviado, sabia agora no seu íntimo que despertara a ira de um ódio secular, que agora se voltava para ele e para os outros ao seu redor. Estava preparado, e pôs-se a orar, novamente. Ele a amava, e sempre teve muita fé. Isto seria o necessário para que tudo ficasse em paz. Percebeu que sua sensibilidade havia chegado a um nível que nunca desejou.


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